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Eduardo Athayde
Publicado em 26 de fevereiro de 2021 às 15:50
- Atualizado há um ano
(Foto: Divulgação) A ONU proclamou os anos 2021 a 2030 como Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, colocando sob a coordenação da UNESCO. “A Década criará oportunidades para mobilizar a comunidade científica, as classes política e empresarial, e toda a sociedade para a conservação e o uso sustentável do oceano, e potencializar o alcance do ODS 14, relacionado ao oceano e vida marinha”, destacou a diretora da UNESCO no Brasil, Marlova Noleto.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que até 2030 está previsto um crescimento anual de 3,5% para as indústrias globais baseadas nos oceanos, com geração de milhões de empregos relacionados aos negócios do mar. O Plano de Ação Federal para a Zona Costeira (PAF-ZC), instrumento do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC), que visa o planejamento de ações estratégicas para a integração de políticas públicas na zona costeira, pode atrair atenções e investidores focando na economia a ser movimentada pela Década dos Oceanos.
O Brasil, com 17 estados e 395 municípios costeiros, ainda tem a rica cadeia produtiva do mar pouco atendida em termos de geração de conhecimento específico. As nossas universidades, em que pese o desenvolvimento de pesquisas nas áreas de oceanografia, biologia e geologia marinha, ainda não oferecem formação acadêmica em economia do mar, hoje em voga no mundo.
Para atuar sustentavelmente em um país continental o Sebrae precisa continuar a descentralizar suas decisões, como faz a Embrapa. O Centro Sebrae de Sustentabilidade - CSS [sustentabilidade.sebrae.com.br], uma referência nacional sediado em Mato Grosso, premiado internacionalmente, produz e dissemina conhecimentos na área.
Ao Sebrae Bahia, responsável por cobrir uma extensão costeira de 1.186 km (a maior entre os estados brasileiros), cabe propor a criação do Centro Nacional de Economia do Mar, sediando pesquisas, articulações globais com promoção de ações locais. Dos municípios costeiros, Salvador destaca-se na história como berço da civilização brasileira, onde as caravelas portuguesas chegavam movidas a energia eólica, única disponível na época para transportar navegadores além mar.
Exemplos fortalecem a proposta. O Fundo Europeu de Investimento (FEI), braço do Banco Europeu de Investimento (BEI), lançou uma nova parceria de investimentos destinada a startups e micro e pequenas empresas focadas na economia azul. O Portugal Blue, como é chamado, financiará 25 milhões de euros (167 milhões de reais) atraindo capital privado adicional de investidores alinhados com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e Governança Ambiental e Social (ESG). (Foto: Divulgação) A Marinha do Brasil, guardiã e promotora da Amazônia Azul, um rico patrimônio nacional [marinha.mil.br/secirm/amazoniaazul], já instalou o Centro Técnico de Ciência e Tecnologia, no Senai Cimatec, em Salvador, para o desenvolvimento de novas tecnologias voltadas para a área de defesa e salvaguarda da vida humana, formando o embrião do Cimatec Mar.
Os amplos espaços marítimos, especialmente as áreas de lazer e portuárias que concentram fluxos, requerem regulamentações precisas e tecnologias inovadoras para garantir cursos e a segurança necessários ao tráfego e operações. Na Década dos Oceanos, os operadores do mar estão sendo desafiados por startups que oferecem serviços inusitados.
Os espíritos do mar estão nos atraindo para a sabedoria que habita as águas de kirimure, nome que os tupinambás davam ao ‘grande mar interior’, a baía, antes de ser ofertada a todos os santos. O Instituto Kirimure, da Ufba, é um ambiente virtual onde se encontram pesquisadores, professores e estudantes para discutir os diversos elementos de pesquisa sobre a BTS.
O ‘grupo zap’ Kirimure, formado por destacados profissionais de diversas áreas da Bahia, cavaleiros e sereias que integram a Ordem de Kirimure da Távola Molhada, divulgam, cuidam e debatem diariamente - com carinho - sobre a Capital da Amazônia Azul. Juntos, com força, acesso e prestígio, apoiam várias iniciativas. O Fundo da Folia, por exemplo, criou o Parque Marinho da Barra entre o Forte de Santa Maria no Porto da Barra e o Farol da Barra, amigável para prática de lazer, natação e mergulho, com biodiversidade preservada.
O Museu do Mar, já pronto para ser inaugurado, localizado no Largo de Santo Antônio Além do Carmo, é um investimento privado do engenheiro naval e navegador Aleixo Belov, empreendedor na economia do mar e único a fazer cinco viagens ao redor do mundo levando as bandeiras da Bahia e do Brasil para todos os povos.
Alinhado com os ODS e expressando como missão “promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável dos pequenos negócios e estimular o empreendedorismo”, o Centro Sebrae de Economia do Mar, na Capital da Amazônia Azul, em parceria com a UNESCO, poderá vir a ser parte ativa nesta Década dos Oceanos.
Eduardo Athayde é diretor do WWI Brasil - [email protected]