Seis bairros nobres de Salvador têm alto risco de infestação do Aedes aegypti; veja

Principais problemas são terrenos e construções abandonados, calhas, canaletas e bueiros

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  • Yasmin Garrido

Publicado em 5 de fevereiro de 2019 às 06:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Evandro Veiga/ARQUIVO CORREIO

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) divulgou, nessa segunda-feira (4), que 14 bairros de Salvador apresentam alto Índice de Infestação Predial (IIP) para arboviroses, sendo seis deles localizados em áreas nobres da cidade.

O Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa), realizado entre os dias 2 e 7 de janeiro, mostrou que o município, de modo geral, teve queda no índice, saindo de 2,1%, em outubro do ano passado, para 1,9%. No entanto, o Ministério da Saúde aponta que o baixo risco existe quando o índice é inferior a 1%.

Na capital baiana, bairros nobres como Barra, Campo Grande, Canela, Garcia, Graça e Vitória chegaram a apresentar Índice de Infestação Predial (IIP) de 5,9%, atrás apenas de Coutos e Vista Alegre, que tiveram 7,6%.

De acordo com a gerente do Centro de Controle de Zoonoses, Andrea Salvador, cada localidade tem uma razão para manter o índice elevado:“É possível observar que, nas localidades do Subúrbio, o IIP está relacionado à intermitência de água, o que leva os moradores a manterem um armazenamento, muitas vezes, irregular. Essas caixas d’água, quando não recebem a manutenção adequada, são, na maioria, criadouros do Aedes aegypti. Já os bairros considerados nobres têm como justificativa para o alto índice os terrenos baldios, as construções abandonadas e/ou fechadas, calhas, canaletas e bueiros”, explicou.Ainda segundo Andrea Salvador, os bairros nobres onde foi encontrado maior risco relacionado ao Aedes aegypti são áreas de festas, como o Carnaval.“Por esse motivo, o CCZ e a Prefeitura têm intensificado as ações nessas regiões, onde tem circulado grande número de pessoas nos últimos dias, devendo aumentar a visitação até o início de março”, disse. A gerente do CCZ também destacou que as ações nestes bairros acontecem, geralmente, de madrugada.Andrea explica que a entrada em terrenos baldios ou construções abandonadas, nos bairros nobres, quando são murados ou estão trancados com cadeados, acontece com a ajuda da Secretaria Municipal da Fazenda, que, por meio de registros, como o de água, identifica o proprietário.

"Já com o CPF ou CNPJ em mãos, a gente tenta contato telefônico com essa pessoa física ou jurídica e, caso não consigamos, enviamos uma notificação na tentativa de firmar um Termo de Ajustamento de Conduta. Em não se enquadrando neste TAC, partimos para as medida jurídicas cabíveis e entramos no local”, explicou.

Prevenção São realizadas, também, em todos os bairros e, principalmente, nos que apresentam alto índice de infestação predial, ações de caráter educativo, como distribuição de cartilhas para conscientizar a população e o pedido de que os casos suspeitos sejam imediatamente notificados ao CCZ e à SMS. “Isso acontece para evitar que uma pessoa infectada seja picada e o mosquito leve a doença a outros moradores do bairro”, afirmou. (Foto: Evandro Veiga/ARQUIVO CORREIO) Ainda segundo Andrea, são realizadas visitas nas residências, praças, rodoviária, sempre com a intenção de educar a população para a prevenção dos focos de mosquito Aedes aegypti. “Eles precisam entender que qualquer lugar pode virar foco de mosquito, ainda mais se tiver água parada e temperatura adequada. Os principais focos são os bueiros, as calhas e canaletas, além de acúmulo de lixo em depósitos móveis”, destacou.

Sem risco Na lista de bairros que apresentaram alto IIP ainda aparecem Novo Horizonte e Sussuarana, com 4,7 %, Lagoa da Paixão e Valéria, com 4,1%, e Fazenda Coutos, com 4,0 %. O Ministério da Saúde aponta que índices maiores ou iguais a 4 representam alto risco à população, além de situação epidêmica.

Na outra ponta, com os menores índices, estão: Fazenda Grande do Retiro e Águas Claras (0,2%), Barris, Centro, Nazaré, Politeama, Tororó, Cajazeiras XI, Fazenda Grande IV e II (0,5%), Novos Alagados, Uruguai, Pero Vaz, Santa Mônica,  Pau Miúdo, Retiro, Cidade Nova, Quintas, Boca do Rio, Imbuí, Pernambués, Saramandaia, Cabula VI, Narandiba e Saboeiro (0,7%), Cosme de Farias , Matatu, Pitangueiras, Santo Agostinho, Vila Laura (0,8%), Barbalho, Macaúbas, Santo Antônio, São Caetano, Brotas, Nordeste de Amaralina, Canabrava, Coroado, São Marcos, Águas Claras, Cajazeiras: IV,V,VI,VII,VIII (0,9%).

De acordo com a gerente do CCZ, Andrea Salvador, não é possível afirmar se, até o final do ano, o IIP médio de Salvador vai diminuir e sair da linha de risco. Segundo ela, isso acontece porque, nos próximos meses, deve haver aumento da temperatura e dos índices pluviométricos, o que facilita a reprodução do mosquito.

5 registros de dengue por dia Dados da Secretaria Municipal de Saúde apontam que, de janeiro a dezembro de 2018, a capital baiana notificou 1.705 casos de dengue (5 por dia), 126 de chikungunya e 114 relacionado ao zika vírus. Já no mesmo período de 2017, os números corresponderam a 2.813 para dengue, 322 para chikungunya e 349 notificações para o zika vírus.

Isso quer dizer que, no comparativo dos anos, para a dengue, houve queda de 39,4%; para a chikungunya a variação foi -60,9%; e, por fim, os casos de zika vírus tiveram redução de 58,7%.

Já em 2019, entre os dias 1º e 23 de janeiro, foram notificados pelo Sinan 84 casos de dengue, 13 casos de chikungunya e 2 casos de zika, sendo confirmados dois casos de dengue, um caso de chikungunya e nenhum de zika.

*Com supervisão da editora Mariana Rios