Sem a festa do dia 2 de fevereiro, devotos antecipam homenagens a Iemanjá

Celebrações aconteceram nas praias da Gamboa e Rio Vermelho

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  • Bruno Wendel

Publicado em 30 de janeiro de 2022 às 15:32

- Atualizado há um ano

. Crédito: Antecipação das celebrações para Iemanjá no Rio Vermelho - Foto:Paula Fróes/CORREIO

No calendário ainda faltam três dias para a festa da Rainha do Mar, mas neste domingo (30) devotos anteciparam as homenagens a Iemanjá em pelo menos dois pontos de Salvador. Na Praia da Gamboa, um cortejo percorreu as escadarias até a entrega dos presentes no mar que banha a comunidade. Já no Rio Vermelho, palco da tradicional celebração do dia 2 de fevereiro, os fiéis deixaram flores, acenderam velas e espalharam perfumes na colônia de pescadores para Janaína, como também é conhecida o orixá.

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 A antecipação dos festejos não é à toa. Pela segunda vez consecutiva, o ritual na Praia da Paciência será interrompido por conta da pandemia. Como há décadas, a celebração reúne milhares de pessoas no bairro do Rio Vermelho, o prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), adotou medidas para evitar aglomerações e uma delas começou neste domingo: a instalação de tapumes para impedir o acesso de pessoas à praia na quarta-feira (02).  “Esse ano já tem mais presentes do que o ano passado. Está todo mundo com medo de não poder descer. Ontem à noite, um monte de gente desceu de três ônibus e deixou os presentes aqui”, contou o pescador Iuri Jorge, responsável pelo controle de acesso à Casinha de Iemanjá, na Colônia de Pescadores do Rio Vermelho, ao lado da Igreja Nossa Senhora de Santana. Apesar da praia fechada, o funcionamento de bares e restaurantes está liberado e a entrega do presente também está confirmada.

Gamboa Na comunidade Solar do União, ao lado do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), na Avenida Lafayete Coutinho (Contorno), as homenagens a Iemanjá começaram com um café da manhã. Cuscuz, bolo, aipim, cachorro-quente foram distribuídos aos devotos que chegaram cedo para fazer saudações, levar presentes, pedidos e agradecimentos para ela, a rainha das águas salgadas.  Cortejo seguiu até a Praia da Gamboa onde presentes foram entregues a Iemanjá (Foto: Bruno Wendel/CORREIO) Nos presentes, nada de plástico, vidros de perfume ou acessórios que continham materiais prejudiciais à natureza. Somente materiais biodegradáveis como flores foram permitidos e acompanharam a sereia feita através de um manequim composto de papelão e resina na 9ª edição do Presente Ecológico de Iemanjá.

“Além de um ato religioso, é uma celebração para preservação da natureza. Por isso não há espelhos, sabonetes. Somente flores e a comida do orixá. Até os balaios retornam para cá”, disse Nilda Souza, 37, uma das pessoas ligadas à organização do evento. 

Por volta das 10h30, fogos de artifícios e os atabaques anunciaram o xirê – uma roda de cantigas e danças para os orixás – no espaço sagrado construído de frente para o mar. Uma hora depois, os balaios deixaram o local e seguiram junto com a imagem da sereia do Solar do Unhão até as areias da praia. 

“Para a gente estar aqui é muito importante, ainda mais porque estamos acostumados a comemorar o dia dela (Iemanjá) no dia 2 de fevereiro no Rio Vermelho. Como esse ano não será possível, por conta da pandemia, antecipamos a nossa homenagem”, declarou a funcionária pública Denise Torraca, 40, ao lado do marido, Ângelo Anjo, 50, e da filha Inaê, cujo significado é outro nome atribuído a Iemanjá.    

Rio Vermelho Apesar dos tapumes que já impedem a visão parcial da praia, fiéis foram à Casinha de Iemanjá para agradecer e também pedir. “Como mais uma vez não será possível ir à praia, passamos aqui logo para saudar a rainha das águas. Só o fato de estarmos aqui vivos é uma dádiva. O que a gente deseja nesse turbilhão é saúde”, declarou a dona de casa Neuza dos Anjos Almeida, 54, ao lado da irmã, Juçara Vitória Almeida, 56, e do neto dela, Julian Almeida, 5. 

Vestida a caráter, a artista plástica Ana Maria Borges Ramos entregou que deixou flores na colônia de pescadores e no mar. Ela mesmo confeccionou a roupa. “Ela é muito importante para mim. Só tenho a agradecer e por isso faço questão de homenageá-la. Faço isso há cinco anos”, declarou.  Os devotos da rainha das águas salgadas têm até terça-feira (01) para deixar seus presentes na Casinha de Iemanjá, véspera do grande dia, quando pescadores farão a entrega de tudo junto com o presente principal.Iemanjá no Correio 

Na quarta-feira (02), às 11h, o #correio24horas promove uma conversa ao vivo pelo Instagram entre o jornalista @jorgegauthier e o historiador @rafadantashistorart sobre a tradição histórica da festa de Iemanjá.