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Gil Santos
Publicado em 29 de agosto de 2019 às 05:58
- Atualizado há 2 anos
Salvador pode ficar livre de um dos maiores inimigos da vida marinha atualmente: sacolas e canudos plásticos. O prefeito da cidade, ACM Neto, anunciou durante a Semana Latino-Americana e Caribenha do Clima (Climate Week) o envio à Câmara Municipal de dois projetos de lei sobre o tema. As medidas, que já devem estar valendo no final de 2020, ainda segundo o prefeito, fazem parte do Plano de Adaptação e Mitigação contra as Mudanças Climáticas que está em construção e vai estabelecer novas metas para a preservação do meio ambiente. >
Integram também o legado que a Semana do Clima deixa para Salvador e para mundo. O evento da ONU aconteceu na capital baiana entre 19 e 23 agosto, e por pouco não foi cancelado quando, ainda no início deste ano, o governo federal anunciou que não mais patrocinaria o encontro. Salvador insistiu e acabou garantindo a realização do evento. >
A aposentadoria dos canudos plásticos já é uma realidade no Rio de Janeiro, São Paulo e Goiânia. No caso das sacolas, Salvador vai se juntar a cidades como Belo Horizonte, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. O uso excessivo desses materiais é tão preocupante que será assunto também da COP-25, conferência do clima da ONU que acontece em dezembro, em Santiago do Chile, onde o prefeito de Salvador estará presente.>
Tempo>
O uso excessivo de materiais plásticos contribui para o aquecimento global, além de gerar um lixo de difícil destinação final. Projeções indicam que até 2050 haverá mais plásticos que peixes nos oceanos. Mas se engana quem pensa que o aquecimento global é um problema distante no tempo e espaço ou coisa de ecoxiita. >
Em 2017, moradores do Rio Vermelho, centro de Salvador, levaram um susto ao encontrar na areia da praia da Mariquita a boia sinalizadora que deveria estar no mar. O equipamento, de 6 toneladas e 12 metros de altura, foi arrastado pela força do vento com a tempestade que caiu na cidade naquela semana. Este ano, a fúria da natureza foi sentida também em Camaçari, na Região Metropolitana, onde uma ressaca atingiu e danificou quatro restaurantes e 11 casas. Os moradores contaram que há 15 anos não acontecia nada igual. No sul do estado foram registradas ondas de mais de 3,5 metros. >
A Climate Week apontou que o mundo já sofre os efeitos do aquecimento global. As chuvas fortes, com muitos milímetros em poucas horas, e as secas prolongadas são alguns exemplos das alterações, além das ressacas violentas. Segundo os especialistas, se Salvador não se adequar às mudanças climáticas terá, até o final deste século (2099), cerca de 200 dias por ano com temperaturas acima dos 32°C. >
O plano que está em elaboração pela Prefeitura pretende se antecipar aos efeitos do aquecimento global e os PLs são uma forma de coroar as ações que já estão sendo desenvolvidas nesse sentido (ver página 4). O Município está determinado a neutralizar a emissão de carbono na cidade até 2049, quando completa 500 anos. No último dia do evento, o prefeito de Salvador assinou, também, um termo de compromisso com outros 5 gestores municipais para a preservação dos oceanos e diminuição das emissões de gases com efeito estufa. >
Mais do que um evento deliberativo, a Semana do Clima é uma iniciativa de conscientização, no qual pesquisadores, gestores e sociedade civil sentam para discutir soluções para os problemas do meio ambiente. O objetivo é que surjam boas ideias. Participaram prefeitos como os de São Paulo, Recife, e Manaus, o ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, o diretor da ONU, Martin Frick, e o climatologista Carlos Nobre, do Inpe. Pesquisadores da ONU, de universidades e de ONGs também participaram das mesas. Mais de 5 mil pessoas, de 26 países, se inscreveram. Um recorde. A próxima edição será na República Dominicana.>
Temas debatidos na Semana do Clima>
Temperatura Diversas mesas discutiram o fato de 2016 ter sido o ano mais quente da história e as consequências do crescimento de 1,5°C na temperatura do planeta. >
Nível do mar O aumento no nível do mar ameaça os 3 bilhões de pessoas que vivem em cidades costeiras. No litoral brasileiro foram 25 cm a mais nas últimas décadas. >
Recursos O financiamento climático para cidades foi tema de debate, principalmente as formas em que recursos podem ser captados pelos municí- pios em bancos públicos ou privados para auxiliar na implantação de projetos sustentáveis. >
Acordo de Paris As propostas do acordo foram discutidas, bem como estratégias para alcançar seus objetivos. >
Carbono zero A redução de gases poluentes foi tema recorrente entre cientistas e gestores nas mesas do evento>