'Sereio de Itapuã' ganha marchinha depois de aparição misteriosa; ouça

Dupla paulista criou música após ler notícia sobre a criatura marinha avistada na Bahia

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  • Thais Borges

Publicado em 29 de novembro de 2018 às 13:47

- Atualizado há um ano

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O ‘Sereio de Itapuã' pode até não ter voltado a dar as caras, mas não deixou de ser assunto. Seja Aquaman, homem, peixe ou Homem-Peixe, a criatura misteriosa que apareceu na praia do Catussaba no último dia 20 virou meme, tema de debate entre estudiosos do sobrenatural e, agora, marchinha. Até hoje, não se sabe o que a aparição, de fato, era. O que se sabe é uma coisa: o Sereio de Itapuã já entrou para a galeria de lendas soteropolitanas. 

A marchinha foi lançada nesta quinta-feira (29), no YouTube, pela dupla Os Marcheiros, no canal homônimo. “Isso não é desse mundo/ Ou não tô de cuca sã/ Não se fala de outra coisa/Pros lados de Itapuã!”, canta o advogado e compositor Thiago de Souza, 39 anos, com a melodia do músico Daniel Battistoni, 34. Desde 2015, os dois criam as chamadas charges musicais – que são as marchinhas inspiradas no noticiário nacional. 

Na quarta-feira (28), Thiago se deparou com a reportagem do CORREIO, compartilhada por um amigo baiano no Faceboook. Para quem já tinha cantando sobre histórias como o Lobisomem de Iguatemi (MS) e até do ET de Peruíbe, que teria aparecido no interior de São Paulo, a história da criatura marinha pareceu “sensacional”. “Falei: ‘porra, está pronta (a marchinha). A gente adora essas histórias fantásticas e essa tem um grau de realismo muito grande, tem o salva-vidas que entrou para ver”, disse, por telefone, ao CORREIO, na manhã desta quinta-feira. 

RELEMBRE A HISTÓRIA DO 'SEREIO DE ITAPUÃ'

Natural de Campinas (SP), assim como Daniel, Thiago já veio a Salvador e conhece Itapuã. Diz não ter dúvidas de que o sereio seja real. Não é um bicho; ou seja, tartaruga, nem pensar. Na ocasião, o coordenador da Salvamar, João Luiz Morais, afirmou que uma equipe do órgão só encontrou tartarugas no mar.  Thiago e Daniel (da esquerda para a direita) viram a reportagem do CORREIO e criaram a marchinha sobre o 'sereio' (Foto: Acervo pessoal/Reprodução) Thiago busca exemplos da própria experiência. Lembra de quando surfou em locais onde havia a presença de leões-marinhos. “Esses bichos mordem a cordinha, vão para cima. O cara (salva-vidas) foi entrando e chegando perto, então não faz sentido (pelos relatos, o sereio se afastava dos salva-vidas)”, opina, antes de garantir ter certeza de que a aparição é real. 

A música veio rápido. Escreveu em “cinco minutos”, logo após ter lido a reportagem, ainda na quarta-feira. O parceiro Daniel, por sua vez, criou a melodia na manhã desta quinta. Para gravar, é simples também: com o gravador do iPhone, um canta, o outro toca violão. Pouco depois, já está no YouTube. Nesta mesma quinta, publicaram uma marchinha sobre a prisão do governador do Rio de Janeiro (RJ), Luiz Fernando Pezão, preso nas primeiras horas da manhã.  

“A gente não tem uma produção muito elaborada porque o importante é contar rápido. A gente faz muita charge musical, que faz paródia mesmo, e só tem sentido quando a notícia está viva, como essa do Pezão. Mas essas marchinhas, a gente faz inédita. O desafio é contar história”, explica. 

Rapidez  No caso do sereio, ele diz ter sido fácil criar a letra. “Quando a história é bem contada, tem começo, meio e fim, faço em cinco minutos. A música, na verdade, é um relato. Ela não é necessariamente uma piada, porque a situação é um relato”. 

Thiago e Daniel despontaram na internet no fim de 2015, depois que lançaram a “Marchinha do Japonês da Federal”, em alusão ao policial Newton Ishii, que ficou famoso por escoltar presos da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Depois de uma marchinha sobre o 'Japonês da Federal, Thiago e Daniel começaram a criar as charges musicais (Foto: Acervo pessoal/Reprodução) De lá para cá, foram mais de 400 vídeos de marchinhas e charges musicais postadas. A facilidade para as sacadas não vem sem motivo: Daniel é professor de música, formado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Thiago, além de advogado, é compositor de Carnaval – faz parte da ala de compositores da Estação Primeira de Mangueira, do Rio de Janeiro, e da Dragões da Real, escola de samba de São Paulo. 

Os assuntos políticos são alguns dos principais temas das músicas, mas, vez ou outra, aparece algum digno de uma marchinha.  “Independente de religião, a gente tem que sentir as coisas. E tem um monte de coisa que a gente não tem explicação. Não sei se é um sereio, mas por não seria? Tem um monte de Ovni (Objeto voador não identificado) aí aparecendo, disco voador aparecendo o mundo inteiro”, pondera. Sobrenatural O Sereio de Itapuã também já virou tema de um vídeo de um canal especializado em aparições sobrenaturais. O canal Assombrado, que tem 2,2 milhões de inscritos, publicou o vídeo no último dia 24.