Série infantil Valentins é a estreia de Cláudia Abreu como roteirista

Cláudia também atua no programa do canal Gloob, que tem ainda Guilherme Weber e Luis Lobianco

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  • Roberto Midlej

Publicado em 11 de junho de 2017 às 06:05

- Atualizado há um ano

Rebeca Solter e Arthur Codeceira (sentados), Duda Wendling e Otávio Martins (foto: divulgação) 

Cláudia Abreu tem quatro filhos entre cinco e 16 anos e, como a maioria das mães e pais, tem o hábito de contar histórias para as crianças antes delas dormirem. Agora, em vez de contar só para os filhos, Cláudia vai compartilhar suas criações com os espectadores do canal infantil Gloob, a partir de amanhã, às 20h30, na série infantojuvenil Valentins. A primeira temporada, de 26 episódios, será exibida de segunda a sexta-feira, no mesmo horário. A série Valentins é a primeira experiência de Cláudia como roteirista. “Minha relação com o universo infantil é antiga. Fiz Pluft (clássico de Maria Clara Machado) duas vezes no teatro e essa experiência foi tão intensa que me deu vontade de criar algo original para as crianças. Valentins surgiu desse desejo de começar a escrever”, diz a carioca de 46 anos de idade e que há 27 anos atua na televisão.Dupla de autorasPara desenvolver o roteiro, Cláudia encontrou uma parceira que já conquistou as crianças: Flávia Lins e Siva, autora de DPA - Detetives do Prédio Azul, uma das produções nacionais de maior sucesso do Gloob.Assim como DPA, Valentins envolve questões de muito interesse do universo infantil, como amizade, paixões, mistérios, vilania... mas há um mote que se destaca na criação de Cláudia Abreu e Flávia Lins e Silva: os medos infantis.“A ideia surgiu a partir da observação de que o medo é algo muito recorrente na vida das crianças. O mote é exatamente esse: como elas lidam com os próprios medos e que ferramentas podemos dar a elas para os enfrentarem com autonomia. A união da família também é um lema que a série incentiva”, revela Cláudia. A cada episódio, os pequenos Valentins vão encarar um medo diferente: medo do escuro, medo de ladrão, medo de perder os pais...A história acompanha o dia a dia a dia da família Valentim, formada pelos irmãos Betina, João, Lila e Theo; pela mãe Alice, que é uma alquimista culinária; e pelo pai Artur, químico e inventor. Quando os pais desaparecem misteriosamente, os quatro irmãos precisam aprender a se virar sozinhos, enquanto tentam entender o que aconteceu. Apenas o pequeno Theo os viu serem transformados em ratos, mas ninguém acredita no caçula, afinal, como toda criança de sua idade, ele é chegado a uma mentirinha.Além de ser a roteirista, Cláudia também interpreta a mãe dos Valentins. O pai é Guilherme Weber e o carismático vilão Randolfo, que finge ser amigo da família, é Luis Lobianco (revelado em Porta dos Fundos). As crianças são Rebeca Solter (Betina), Arthur Codeceira (João), Duda Wendling (Lila) e Otávio Martins (Théo). A escolha por quatro irmãos não foi à toa: é uma forma de Cláudia Abreu homenagear os próprios filhos.Guilherme Weber e Cláudia Abre em Valentins, com figurino dos anos 60 (foto: divulgação)Produção nacionalA atriz tem ainda uma terceira função na série, já que ela é sócia da Zola Filmes, produtora do programa. Um de seus sócios é o cineasta José Henrique Fonseca, seu marido e diretor de Valentins. José Henrique, que dirigiu o filme Heleno e foi sócio da Conspiração Filmes, faz sua estreia no universo infantil. “Dirigir para crianças sempre esteve nos meus planos e o crescimento da TV a cabo no Brasil favoreceu isso. O Gloob entrou ‘com o pé na porta’, fazendo um grande sucesso, especialmente com DPA”, diz José Henrique, 53, que é filho do escritor Rubem Fonseca.Para o diretor, é importante a produção nacional infantil se firmar, também por uma questão de afirmação cultural: “Nas escolas brasileiras, as crianças têm sempre um trejeito das séries americanas, um jeito de falar parecido com os dos programas dos Estados Unidos. Falam até em ‘locker’ (armários comuns nas escolas americanas)”, afirma o diretor em tom crítico.Para ele, a série tem uma outra importante virtude, que é estimular as crianças a terem autonomia, já que os quatro irmãos ficam desamparados quando os pais desaparecem e precisam se virar sozinhas. Valentins é passado nos anos 1960 e, segundo Cláudia Abreu, isso foi feito para permitir que Arthur pudesse projetar coisas que ainda não haviam sido inventadas. Além das invenções “reais”, há outras meio malucas, como uma máquina de conselhos que dá respostas em forma de enigma e um telefone que anda.InternetValentins também vai estar presente nas redes sociais, segundo Luciane Neno, gerente de marketing e plataformas digitais do Gloob: “É um produto pensado cuidadosamente para todas as plataformas e contará com um grande esforço de comunicação. Pela primeira vez, investimos em um episódio especial, produzido exclusivamente para o digital”. No Gloob Play, na internet, já está disponível um episódio especial de sete minutos, que apresenta a série.O roteiro de Cláudia Abreu e Flávia Lins dá continuidade à produção de séries nacionais pelo Gloob, que já criou programas como Gaby Estrella e Buuu, atualmente fora do ar. Hoje, ainda são exibidas produções próprias como DPA, Click, Tem Criança na Cozinha e SOS Fada Manu. Há ainda Porto Papel, animação coproduzida pelo Gloob em parceria com outros canais infantis da América Latina.Para José Henrique Fonseca, o aumento da produção nacional aconteceu graças, em grande parte, à Lei da TV Paga, que obriga os canais da TV por assinatura a veicularem pelo menos 3h30 de programação nacional em horário nobre. “Hoje, com a economia retraída, é esta lei que mantém a produção nacional. Com o Brasil nesta crise, estaríamos vivendo a hecatombe da dramaturgia nacional. Ela tem pequenas injustiças, talvez, mas é necessária também para se desconcentrar a produção de São Paulo e do Rio”.A Zola Filmes também está investindo na internet e em breve vai inaugurar um canal dedicado às crianças no YouTube. A primeira atração será uma animação estrelada pelo Mico Maneco, um personagem criado pela escritora Ana Maria Machado há 40 anos. A série deve estrear em fevereiro do próximo ano. Revelada nos anos 90 como atriz, Cláudia estrelou muitos filmes na época, como Tieta, Guerra de Canudos e O Que é Isso, Companheiro?. Depois, acabou mais presente nas novelas e séries. “Fazer cinema só por fazer não é a minha. Quero estar naqueles em que realmente quero estar”, diz a atriz, que em breve vai estar nos cinemas em Berenice Procura, adaptação do livro de Luiz Alfredo Garcia Roza.