Sesab recomenda não visitar 31 cidades da Bahia com variantes da covid; veja

Viagens para estes locais só devem ser feitas em caráter essencial, orienta pasta

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  • Daniel Aloísio

Publicado em 6 de maio de 2021 às 14:48

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/Feira de Santana

A Bahia tem 31 cidades que não são recomendadas viagens por causa da disseminação de variantes mais contagiosas da covid-19. O pedido é do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia (Cievs-BA), órgão que faz parte da Secretária da Saúde do Estado (Sesab). Até essa segunda-feira (3), a pasta tinha identificado 31 mortes e 106 casos das variantes de Manaus e Reino Unido nesses municípios.  

Das 10 maiores cidades, sete estão nessa lista: Salvador, Feira de Santana, Camaçari, Juazeiro, Itabuna, Lauro de Freitas e Ilhéus. Faz parte também do grupo de locais em alerta municípios pequenos, como Anguera, no Centro-Norte baiano, de 13,6 mil habitantes, e Retirolândia, no Nordeste do estado, com 12 mil habitantes. Confira a lista completa das 31 cidades no final do texto. 

A recomendação da pasta estadual é que todas as viagens não essenciais para esses locais sejam evitadas. Segundo a Sesab, na prática, o pedido de evitar viagens desnecessárias vem sendo feita desde o ano passado. “Essa é uma medida a mais de segurança adotada pelas Vigilâncias Epidemiológicas Estadual e Federal, que se soma às demais recomendações”, disseram.  

No caso específico dessas cidades com variantes, os alertas sanitários são padronizados pelo Cievs como parte das orientações do Ministério da Saúde (MS) e Organização Mundial da Saúde (OMS). Embora haja a recomendação de não serem feitas viagens desnecessárias, não há nenhuma previsão de suspensão do transporte rodoviário no estado.      

Veja a lista das cidades

Variante de Manaus (P.1)

Amargosa Anguera Brumado  Camaçari Cipó Conceição do Jacuípe Cruz das Almas Dias D'Avila Feira de Santana Guanambi Ilhéus Irecê Itabuna João Dourado Juazeiro Lauro de Freitas Luís Eduardo Magalhães Mutuípe Porto Seguro Retirolândia Riachão do Jacuípe Salvador Santa Luz Santo Antônio de Jesus São Gonçalo dos Campos São Sebastião do Passé Serra Preta Serrinha Tanhaçu

Variantes do Reino Unido (B1.1.7)

Ilhéus Itapetinga Lauro de Freitas Prado Salvador

Cresce casos de variantes  A variante mais disseminada na Bahia é a de Manaus, também denominada como P.1., com 93 casos em 29 cidades. Desses, 40 precisaram de hospitalização e 29 casos evoluíram para óbitos, o que representa uma letalidade de 32,2%. Já a do Reino Unido, a B.1.1.7, foram identificados 13 casos em cinco cidades: Itapetinga, Prado, Ilhéus, Lauro de Freitas e Salvador. Esses três últimos municípios também têm a variante de Manaus. Dos 13 casos, dois precisaram de hospitalização e dois evoluíram para óbito, o que representa letalidade de 15,38%. 

“As variantes identificadas demandam especial atenção do Poder Público e da população em razão de mutações capazes de acarretar maior transmissibilidade e maior gravidade do quadro clínico”, escreveu Talita Moreira Urpia, coordenadora do Cievs-BA, que emitiu o alerta sanitário.  

Segundo Talita, é importante que haja rastreamento e isolamento dos casos confirmado de covid-19, bem como, de casos suspeitos entre comunicantes dos indivíduos infectados pelas variantes.    

“Ressaltamos a necessidade da adoção/intensificação de ações de educação e comunicação em saúde destinadas a orientar a população sobre prevenção e controle da covid-19, como utilização de máscara, etiqueta respiratória, higiene de mãos, distanciamento social e, em caso de sintoma, procurar unidade de saúde para atendimento clínico/testagem e realizar quarentena”, disse.

Infectologista recomenda atenção a todo o estado  Para o infectologista Matheus Todt, da SOS Vida, não vale a pena isolar somente as cidades que têm variantes identificadas, mas sim fazer medidas duras que reduzam a transmissão do vírus em todo o estado. “Não se trata de uma variante nova que tenha surgido nessas cidades. O ideal é reduzir a mobilidade das pessoas como um todo e pensar em restrições que ajudem os números de casos e mortes caírem”, disse.  

Todt explica que uma variante é uma espécie de mutação sofrida pelo vírus, o que tem mais facilidade de ocorrer em locais com alta transmissão da doença. “De cada tempos em tempos, são identificadas variantes nos vírus como é o caso da covid. Há, atualmente, umas cinco ou sete importantes. Todas essas têm maior potencial transmissibilidade e a do Reino Unido também foi associada a maior mortalidade. As variações, portanto, aumentam o risco da doença”, aponta.  

Não é possível identificar que uma pessoa está contaminada com uma variante apenas com testes rápidos ou exames RT-PCR, a forma tradicional de descoberta da covid-19. É preciso fazer exames mais complexos, que analisem o material genético do vírus que contaminou o paciente. Por isso, a quantidade de análises feitas não é suficiente para identificar todos os casos da variante do Reino Unido e de Manaus na Bahia. “Em tese, a quantidade de casos de varianças é maior do que está notificado. Isolar uma cidade apenas não adianta, pois as variantes podem estar em outros locais do estado ainda não identificados. Uma restrição é justificável de forma geral. Para uma cidade específica, só se fosse uma nova variante que surgiu naquele lugar, o que não é o caso”, explica.   *Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro