Sete presos fazem buraco em parede de cela e fogem do Presídio Salvador

Todos os fugitivos fazem parte da facção Comando da Paz (CP)

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  • Bruno Wendel

Publicado em 8 de outubro de 2018 às 13:27

- Atualizado há um ano

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Sete presos fugiram do Presídio Salvador, no Complexo Penitenciário da Mata Escura, na madrugada desta segunda-feira (8). Eles escaparam através de um buraco na parede e depois usaram uma corda improvisada para escalar um muro. Todos os fugitivos fazem parte da facção Comando da Paz (CP), já que todo o prédio principal é ocupado pela organização criminosa – as unidades prisionais de Salvador estão divididas para evitar conflito entre facções.

Os fugitivos são: Eremito Carlos Nascimento; Caio Felipe Santos; Rogério Oliveira Santos; Enzo Uadson Santos; Wellington Campos Maisck; Felipe Nauã Fiuza e Joilson Santos Silva. O CORREIO entrou em contato com a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap), mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. 

A unidade destina-se à custódia de presos provisórios. No prédio principal do Presídio Salvador tem 669 presos - a capacidade é para abrigar 548. No anexo da unidade, são 282 internos num espaço construídos para manter 236.

Fuga Segundo o Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado da Bahia (Sinspeb), a fuga ocorreu na madrugada, mas só foi percebida por volta das 7h. “Deram por falta na abertura das celas. Perceberam o buraco na cela E5 do prédio principal do Presídio Salvador”, declarou um dos diretores Geonias Oliveira. 

Os presos estavam na cela E5 e arrancaram os tijolos da parede da cela e chegaram ao pátio do banho de sol, o chamado Pátio 2. O prédio principal é dividido por dois muros e o agente penitenciário que está do outro lado, não consegue visualizar o que ocorreu no Pátio 2.

“Quando a massa carcerária quer se reunir, vai toda para o pátio 2 e ninguém vê nada porque não tem visão. Quem poderia ter essa visão é a Polícia Militar que estaria na guarita. Mas guaritas estão praticamente desativadas”, declarou Geonias.

Segundo ele, o Presídio tem quatro guaritas, mas apenas uma é ocupada por um policial militar. “Isso quando tem policial, sendo que é de responsabilidade da PM fazer a vigilância perimetral. Em todas as unidades do estado da Bahia, inclusive no Complexo Penitenciário de Salvador, apenas 30% das guaritas são habitadas”, completou o diretor do Sinspeb. 

Em seguida, ainda no Pátio 2, os presos usaram uma “tereza” - corda improvisada de lençóis para escalar o muro da unidade e ter acesso à Avenida Gal Costa.“Os presos chegaram os bairros da Mata Escura e São Marcos. Isso porque no fundo do complexo penitenciário não há barreira de contenção. Ou seja, o acesso é livre”, declarou Geonias. Antiga O Presídio Salvador é a segunda unidade prisional mais antiga da Bahia – a primeira é a Penitenciária Lemos Brito (PLB) – com 50 anos de existência e o prédio principal nunca sofreu uma reforma estrutural significativa.

“A estrutura é arcaica e obsoleta. Os presos tiram a porta das celas com a própria mãos, tiraram os tijolos de cerâmica para fazerem um fogão improvisado usado uma resistência de chuveiro. Isso já acontece desde 2008”, contou Geonias. Em julho, um beliche do presídio desabou, matando um detento e deixando dois outros feridos.

Investimento O Sinspeb apontou ainda a falta de investimento nas unidades prisionais do estado. “Lembrando que a degradação na estrutura das unidades prisionais não é por falta de recursos, pois desde 23 de outubro de 2017, a Seap conta com quase R$ 74 milhões que foram disponibilizados pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Deste total cerca de R$ 40 milhões deveriam ser investidos na reforma e ampliação das unidades prisionais baianas, sendo que até hoje nenhum centavo foi investido em reforma ou ampliação”, declarou Geonias.  Foragidos do Presídio Salvador (Fotos: Divulgação/SEAP)