“Setor mineral se tornará exemplo de compromisso corporativo”, projeta Jungmann

Novo presidente do IBRAM projeta gestão à frente da entidade, comenta desafios do setor e destaca potencialidades da Bahia

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  • Murilo Gitel

Publicado em 27 de junho de 2022 às 06:00

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Foto: Imas Pereira/CORREIO

Um nordestino tomou posse, em maio, da presidência do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM). Estamos falando de Raul Jungmann, pernambucano de extensa vida pública, haja vista o fato de já ter presidido o IBAMA e o INCRA, além de ter sido ministro de Estado em diferentes governos e parlamentar durante quatro mandatos.

Nesta entrevista exclusiva ao CORREIO, o presidente do IBRAM, que visitou à Bahia neste mês, revela quais serão os principais pilares da sua gestão, critica os projetos de lei que propõem novas destinações da CFEM e elogia as potencialidades da mineração baiana.

CORREIO: O senhor assumiu a presidência do IBRAM neste ano. Quais serão os principais eixos da sua gestão à frente da entidade?Raul Jungmann: Promover uma evolução nos patamares de sustentabilidade e de segurança operacional da indústria da mineração, bem como tornar o relacionamento entre as empresas e as comunidades ainda mais próximo, franco e transparente. A mineração industrial que o IBRAM representa sempre será um setor extremamente responsável com o meio ambiente e com as pessoas. Para cumprirmos estes objetivos, nossos esforços estão concentrados na Agenda ESG da Mineração do Brasil. Este documento traz uma série de metas, ações e métricas para as mineradoras aperfeiçoarem seus processos de um modo geral e toda a sociedade pode acompanhar cada passo, bastando para isso estar conectada ao site do IBRAM (www.ibram.org.br).

O fato de o senhor ter sido parlamentar, ministro e presidente do Ibama dá um indicativo de que o diálogo com Brasília e os setores ambientais ficará mais acessível?O diálogo com esses setores sempre foi aberto e rico em troca de informações no IBRAM. Tanto que várias mineradoras associadas ao IBRAM estão entre as empresas mais sustentáveis do país. Eu trago uma experiência diferenciada, em razão de minha trajetória e dos conhecimentos coletados ao longo dos anos.

Como o senhor vê a importância da Bahia para a mineração nacional?É um estado que seguirá surpreendendo pela evolução da produção mineral em seu território. Já há um tempo a Bahia passou a atrair boa parte dos investimentos no setor. São bilhões de dólares que geram oportunidades de negócios em extensas cadeias produtivas, emprego, renda e tributos para municípios e o próprio estado. Para a Bahia se destacar ainda mais em mineração, assim como outros estados, é preciso incentivar a pesquisa mineral em todo o território, descobrir novas jazidas e implantar novos projetos sustentáveis e aderentes às boas práticas de ESG.

Embora a mineração baiana esteja em franco desenvolvimento, a oferta de trens no estado para a logística da produção não tem acompanhado esse crescimento. O IBRAM tem alguma sugestão do que pode ser feito para solucionar o problema?  A continuidade dos programas e estímulos de investimentos existentes e criação de novos, como o PPI [Programa de Parceria de Investimentos] e, principalmente, aqueles focados nas Novas Concessões e Renovações Ferroviárias.

O mercado e a sociedade exigem das companhias, cada vez mais, políticas e práticas nas áreas de inovação, sustentabilidade e ESG. Como o senhor analisa a mineração brasileira nesse cenário?Mesmo antes de a sigla ESG passar a ser bem mais utilizada, as mineradoras associadas ao IBRAM já adotavam boas práticas ligadas à excelência em governança, respeito ao meio ambiente e responsabilidade social. Basta conhecer o histórico, a trajetória dessas empresas e de seus reflexos positivos na promoção do IDH de diversos municípios Brasil afora. Os municípios mineradores costumam apresentar IDH superior ao dos demais. Com a Agenda ESG da Mineração do Brasil, o setor mineral se tornará um exemplo de compromisso corporativo rumo às boas práticas internacionalmente reconhecidas. 

Atualmente, há pelo menos dois projetos de lei tramitando no Congresso que defendem a elevação da CFEM. De que forma o IBRAM se posiciona sobre este tema?  São iniciativas que, se avançarem, vão comprometer a competitividade da indústria da mineração. O IBRAM tem feito este alerta aos parlamentares com base em argumentos técnicos sólidos. A destinação dos recursos pretendida pelos projetos também destoa do que prevê a legislação, portanto, são projetos que tendem a ser extintos.

Quem é Raul JungmannAtual presidente do IBRAM, Raul Jungmann tem extensa carreira profissional no setor privado e público. É cofundador e presidente-executivo da iniciativa não governamental IREE Defesa & Segurança. Assumiu a titularidade de secretarias e ministérios de Estado (Política Fundiária. Desenvolvimento Agrário, Defesa e Segurança Pública). Presidiu conselhos de administração – entre outros – em grandes companhias, como Banco do Brasil e Porto de Suape, tendo, também, presidido o IBAMA e o INCRA. Também cumpriu três mandatos políticos como deputado federal entre os anos de 2003 e 2016.

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