#sextou pro último fim de semana de Jogos Olímpicos

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  • Gabriel Galo

Publicado em 6 de agosto de 2021 às 05:54

- Atualizado há um ano

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Longe de mim querer fazer as vezes de portador de más notícias, mas o tempo passa, o tempo voa, e quando me dei conta, estamos entrando no último fim de semana olímpico. Bateu uma certa tristeza.

No começo, imaginava estar fechado para emoções patrióticas. Além disso, slogan da tv prometia que os jogos ‘despertariam o melhor de nós’. Qual o quê. Pois torci para crianças caírem no skate, para que as ondas de outros prejudicassem os brazucas, avaliava se atleta a ou b merecia a torcida de acordo com a afinidade política e, voilá!, e lá estava eu, pacheco e com o pior de mim despertado. Processemos a tv por propaganda enganosa.

Não é que depois não teremos entretenimento farto. Acostumamo-nos no Brasil a viver num estado constante de reality show. Pega fogo, cabaré, que o povo já não tem pão, se tirarem o circo, o caos há de imperar. Mas, convenhamos, os Jogos Olímpicos nem se comparam. Porque vez ou outra desperta, sim, o melhor de todos nós.

Nos apaixonamos por Darlan, queremos todos ser amigos de Alisson, nos impressionamos com a comunidade de apoio mútuo do skate. Vi até um campeonato de escalada, e, se por um lado não é o esporte que mais me atrai, por outro tinha um quê de quadrinhos, homens e mulheres aranha vencendo o paredão em velocidade quase assustadora.

Inventamos debates inócuos, querendo que a prioridade de esportes seja moldada ao querer nacional, ou execrando juízes que viajaram a Tóquio apenas para prejudicar o Brasil como pudessem.

Ou seja, acabamos por viver intensamente os Jogos Olímpicos.

Melhor: estamos ainda vivendo os Jogos Olímpicos. E a visão de finitude, que neste mesmo fim de semana que hoje sexta, fez com que a postura diante da iminente despedida seja de imersão total.

Montou-se extensa planilha acompanhando as competições vindouras. Mercado abastecido. Redefinição do relógio biológico. Aqui a questão de ordem é se esbaldar.

Então, saibam: #sextou.

Agora é curtir cada instante, cada recorde, cada chegada apertada, cada lance plástico, ou não tão plástico. É criar nos grupos de aplicativos de mensagens apostas bem elaboradas sobre possibilidades de medalhas. De torcer no boxe, na canoagem, no vôlei, nos saltos, na ginástica rítmica, no pentatlo, e onde mais brasileiro houver. De ver a final do basquete torcendo para que não seja novo passeio – traumas de uma Rio 2016 sem disputa. De contar histórias, de ouvir e ver histórias sendo contadas.

Nesta dedicação exclusiva está contido o apego à impressão de normalidade. Há uma saída, há um meio. O mundo é melhor durante os Jogos Olímpicos. Na segunda, talvez não. E na manhã já será noite no Japão, o relógio biológico em ajuste já permite destampar a primeira gelosa e se entregar aos prazeres de vislumbrar a união pelo esporte. #sextou muito.

Gabriel Galo é escritor e vai sextar saboreando os últimos dias de Jogos Olímpicos.