Sinal vermelho está aceso no Vitória

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Publicado em 2 de outubro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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É de se estranhar que o protesto realizado por torcedores do Vitória na segunda-feira, no desembarque da delegação, não tenha acontecido antes. O motivo da manifestação foi a derrota para o Bragantino no fim de semana. No entanto, por muito menos, em situações que em nada se assemelham à gravidade do cenário atual, num passado não tão distante, rubro-negros revoltados desciam a ladeira do complexo que compreende o estádio Manoel Barradas quebrando carros, precisando ser contidos pela força policial.

Que fique claro: não uso estas linhas para defender ou incentivar protestos como o que ocorreu no aeroporto, muito menos acredito que eles surtirão o efeito desejado pela massa rubro-negra, que é a evolução da equipe para evitar algo que seria trágico para o clube, um novo rebaixamento para a Série C, como aconteceu em 2005. O que faço é apenas uma constatação.

Tenho a impressão de que acontece com o torcedor rubro-negro fenômeno parecido com o que acometeu o cidadão brasileiro, que é a incapacidade de se surpreender diante de uma sucessão de acontecimentos absurdos, uma espécie de anestesia tamanho o volume inacreditável de coisas ruins que estão acontecendo. Dentro de campo, um time limitado, derrotado por equipes igualmente limitadas, como Guarani e São Bento. Fora das quatro linhas, outras tantas trapalhadas, como a mudança apressada para a Arena Fonte Nova, que sujeitou os torcedores a uma experiência revoltante, espremidos em um setor do estádio para assistir a um empate insosso diante do Atlético-GO.

A comunicação é um problema grave da gestão de Paulo Carneiro no Vitória. O clube tem dificuldade de se comunicar com a imprensa e, pior, não consegue falar para o seu torcedor. Não bastasse a defasagem em atualizar as informações referentes à agremiação nos perfis oficiais do clube nas redes sociais – em vez disso, o presidente anuncia contratações em sua própria conta no Twitter –, o Vitória deixa os torcedores alheios ao dia a dia do clube e às decisões que vão afetar diretamente a vida deles.  Além disso, não são poucas as vezes em que o torcedor rubro-negro tem que se deparar com áudios no WhatsApp em que o próprio presidente o confronta, como se torcida e clube estivessem em lados opostos.

Agora permita-me voltar algumas linhas para explicar o motivo que me faz acreditar que o protesto do aeroporto não surtirá efeito dentro de campo. O problema do Vitória nunca foi falta de vontade do elenco. Ou, se em algum momento houve, não parece ser esse o caso agora. Dentro de suas limitações, vejo um grupo esforçado, que corre, luta e se indigna. O problema do Vitória em campo é, sobretudo, falta de qualidade. E daí surgem outros obstáculos, como a falta de confiança, afinal os resultados não vêm e todo jogo parece um filme repetido. Exigir “vergonha na cara” não vai adiantar.

Para jogar ainda mais lenha na fogueira de uma semana turbulenta, os jogadores do Vitória decidiram que não falariam com a imprensa e “furaram” uma entrevista coletiva. Basicamente, optam pela reclusão, recusando um canal direto de comunicação com os torcedores. É apenas mais um capítulo de um roteiro preocupante escrito nesta temporada.

Rafael Santana é repórter do globoesporte.com.