Sistema Senar oferece formação gratuita para trabalho na agricultura

Em expansão, agricultura tem espaço para profissionais capacitados

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  • Da Redação

Publicado em 4 de setembro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Em crescimento, mesmo no atual cenário de crise econômica no Brasil, a agricultura tem espaço para profissionais bem preparados. E, em tempos de desemprego elevado, o que torna a notícia ainda melhor é que o Senar, braço do Sistema S ligado à atividade agropecuária, oferece os seus cursos gratuitamente na Bahia. 

As oportunidades e os desafios que existem no setor foram apresentadas pelo empresário Humberto Miranda, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb) na live Política & Economia, apresentada pelo jornalista Donaldson Gomes.

Em 2019 o Senar capacitou na Bahia aproximadamente 130 mil pessoas no ano passado. Segundo ele, em mais de 300 dos 417 municípios baianos existe algum tipo de ação de capacitação do sistema de formação de mão de obra. “Estamos realizando um número expressivo de ações que tem serviço para quem mais precisa, já que todos os nossos cursos são gratuitos e isso dá acesso para muita gente que não teria outra oportunidade. ”, destaca. 

As oportunidades vão desde cursos de curta duração, às vezes dentro da própria fazenda. São capacitações relacionadas à técnicas de produção, ou ao uso de algum equipamento. Mas também existem cursos mais extensos e parcerias com empresas para a formação de jovens aprendizes, com um ano de formação técnica e mais um ano atuando na empresa, com uma formação mais prática. “A maioria dos jovens já saem empregados”.  As informações sobre as vagas podem ser buscadas no site (http://www.sistemafaeb.org.br/) ou nas redes sociais do Sistema FAEB Senar. Regionalmente, é possível buscar informações nos sindicatos de produtores rurais das cidades. 

O Senar possui também centros de formação profissional onde é possível fazer o curso técnico de formação em agronegócios e em nível superior. Hoje, os centros estão nos municípios de Luiz Eduardo Magalhães, Barreiras, Senhor do Bonfim, Feira de Santana, Gandu e Itamaraju. “Temos bases que servem para a formação das pessoas e acredito que é algo que também tem impulsionado o desempenho do campo”, ressalta.

“Eu fui criado em um tempo que os pais diziam 'estude para não ter que voltar para a roça'. Hoje em dia o que se diz é 'estude se quiser voltar para a roça'. Tem que ter conhecimento e sabedoria”, afirma. Hoje em dia, a atividade exige profissionais com boa formação. 

Segundo ele, as oportunidades criadas no campo tem promovido migrações reversas, inclusive na Bahia. “O setor hoje absorve profissões como programador, advogados, entre outras profissões que antes eram vistas como urbanas”, destaca. “Temos hoje a agricultura 4.0, já se fala na 5.0, com tudo tecnificado”. Isso oferece oportunidades com qualidade de vida e boas remunerações, complementa.  Ele destaca regiões como o Oeste, a Chapada Diamantina e o Vale do São Francisco pelo potencial de produção e consequentemente de geração de empregos e renda. 

“Temos frutas que são produzidas na Bahia que vão com um Qr code na caixa e é possível saber tudo sobre o processo de produção dela”. 

Ele explicou os motivos do bom desempenho do setor. Atualmente, metade das exportações baianas saem do campo. “Agora, 49,66% de tudo o que foi exportado pelo estado é produção agropecuária. Somos responsável por mais ou menos 30% dos empregos gerados e por 25% do PIB (Produto Interno Bruto). Só por estes números, fica clara a importância que temos para a Bahia”,  destaca. 

“Não existe milagre em nosso setor, existe trabalho e uma palavra chamada resiliência, que  é a capacidade do produtor de se reinventar e a capacidade de se reestruturar”, destaca. Segundo ele, nos últimos anos o setor sofreu com um longo período de estiagem. A estimativa é que no período tenham morrido mais de 1 milhão de cabeças de bovinos. “Cê imagina o que é este prejuízo, mas o produtor está sempre se reinventado”, destaca. 

Segundo ele,  a safra que se vislumbra para este ano é muito boa em diversas regiões do estado. “O segredo é conhecimento e não se faz mais nada hoje sem  isso. Seja no conhecimento do setor ou das tecnologias para se produzir mais e melhor”, ressalta, lembrando que na década de 70 o país era importador de alimentos. “Hoje somos grandes exportadores”. 

“Não existe milagre, tem trabalho, tecnologia e organização social, entre outros fatores. Este é o conjunto que explica o salto de produção e de produtividade”, explica.  

“Quando o setor agropecuário está bem, toda a sociedade ganha, porque ganha o produtor, o trabalhador e quem consome os produtos com boa qualidade e um preço justo”, explica. “Isso faz diferença principalmente para os mais carentes”, ressalta. 

Humberto Miranda lembra que na pandemia o setor agropecuário passou, com louvor, por uma prova de fogo. “Havia dúvidas se o setor teria capacidade de atender a demanda por alimentos, num primeiro momento vimos pessoas indo aos supermercados, achando que iria faltar, mas nada disso se confirmou”, lembra. “Setor continuou trabalhando e a maioria dos setores permaneceu operando. A planta e o animal não são como fábricas que você desliga e liga na hora que precisa. Se parar de regar um pé de tomate, daqui a alguns dias ele estará morto. Se parar de tirar o leite da vaca, quando voltar lá não vai produzir o que produzia. O agro não pode parar”, compara. 

Segundo ele, houve produtos em que se registraram baixas de preços, como o caso da banana e mesmo do leite, cujo preço já aumentou novamente. “Durante a pandemia, o preço do leite caiu assustadoramente e foi uma das atividades que o produtor teve grandes prejuízos. Em muitos estados, o pequeno produtor não tinha nem a quem vender”. 

“Esse ciclo de oferta e procura, também com as entressafras explicam parte da questão do preço. Mas o produtor não é formação do preço. Matéria-prima, como é o caso do leite, sai da fazenda, vai para a indústria e depois para o varejo”, compara. “Essa volatilidade é natural por esses fatores e na Bahia ainda temos os fatores climáticos”. 

Desafios Humberto Miranda destaca que o desempenho da atividade pode ser ainda melhor com a superação de gargalos que atrapalham o setor, como questões relacionadas ao escoamento da produção, ou o fornecimento de energia elétrica e até mesmo conectividade. 

“Nós trabalhamos com inovação e tecnologia, precisamos que o cara na fazenda tenha o mesmo acesso que nós temos à internet”, diz. “Hoje, tudo muda muito rápido e para termos igualdade de acesso a conhecimento, conectividade é fundamental”, diz, lembrando ainda os desafios na área de segurança.  “O desenvolvimento do estado passa pelo agropecuário”.