Somos milhões e estamos em todos os lugares

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Publicado em 15 de junho de 2022 às 05:00

- Atualizado há 10 meses

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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi obrigado a incluir no Censo Demográfico deste ano a pergunta sobre orientação sexual e identidade de gênero dos brasileiros. Esse fato histórico só foi possível por força de uma ação vitoriosa de autoria do Ministério Público Federal contra o IBGE. 

A Justiça Federal no Acre acolheu o pedido do MPF e decidiu ser favorável, determinando que o IBGE conte quanto milhões de brasileiros são lésbicas, gays, bissexuais, transgêneras, travestis e, especialmente, intersexuais, que ainda são invisíveis e necessitam de uma política de saúde integral. O mais fascinante vai ser sabermos quantas identidades de gênero existem no Brasil.

O comum são as identidades: mulher ou homem cisgênero, mulher ou homem transgênero, não binário e agênero. A fotografia que o Censo deve revelar vai ser de uma valorosa riqueza intelectual, para poder compreender as particularidades dessas pessoas. Vamos conhecer a diversidade de que tanto falamos no discurso, mas vai ser a diversidade brasileira e suas subdivisões. O Facebook, na abertura de uma conta, já tem a opção de 50 indicações de identidades de gênero. Em Nova York, nos Estados Unidos, um cidadão tem a opção de 36 identidades de gênero para declarar, basta só tirar documentos pessoais.

A Prefeitura de Salvador, através das secretarias, já vem adotando essa prática e somente na Secretaria Municipal da Saúde, nos seis formulários existentes, em todos constam informação de orientação sexual e identidade de gênero. Já existem boletins publicados com os dados de 2014 a 2021.

O Censo é a ferramenta fundamental para desenvolver políticas públicas de combate à LGBTfobia de forma real, para isso é preciso que todos os LGBT+ respondam com sinceridade às perguntas. Em cada residência, é só um membro da família que responde a pesquisa. É preciso que haja uma campanha nacional de comunicação orientando as famílias sobre identidade de gênero e orientação sexual, pois a LGBTfobia estrutural ainda é muito forte no núcleo familiar. 

Diga sim ao recenseador do IBGE, revele com orgulho a sua orientação sexual e identidade de gênero, vamos fazer do futuro agora. Isso vai fazer uma nova mudança acontecer em nossas vidas com mais respeito, direitos, dignidade e esperança no que vier, e vem bem.

Marcelo Cerqueira é professor, humanista, diretor do GGB e coordenador de Políticas LGBT de Salvador.