Soteropolitanos correm atrás de licor antes de suspensão de venda de bebidas alcoólicas

Decreto determina suspensão da venda a partir das 20h dessa quarta-feira (23)

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  • Wendel de Novais

Publicado em 22 de junho de 2021 às 21:51

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Nara Gentil/CORREIO

"O São João pode ser até dentro de casa, só não pode ser sem licor. É ele que dá o sabor e a sensação dos festejos juninos", disse o professor Webert de Oliveira, 36 anos, um dos que foram às ruas garantir a bebida mais tradicional do período junino. 

Quem queria passar os festejos em casa na companhia de um bom licor, seja ele cremoso ou não, acreditou que esta terça-feira (22) era a última oportunidade de garantir o item, já que o governo do estado decidiu suspender a comercialização de bebidas alcoólicas em toda Bahia de 23 a 28 de junho. Decreto estadual proíbe venda de bebidas alcoólicas a partir de 20h desta quarta-feira (23) (Foto: Nara Gentil/CORREIO) O que muitos não entenderam é que a medida não vale para o dia 23 inteiro e só entra em vigor a partir das 20h desta quarta-feira até as 5h da manhã do dia 28 para Salvador e região metropolitana (RMS).

De acordo com a gestão estadual, os únicos municípios que não vão precisar adotar a medida no período são aqueles das regiões de saúde onde a ocupação de leitos de UTI esteja igual ou inferior a 75% por cinco dias seguidos. O que não é o caso da capital baiana, que, nesta terça-feira, estava com 77% dos leitos ocupados por cidadãos que lutam contra o vírus.

Elemento indispensável A decisão fez quem não tinha adquirido a bebida até então se virar para comprar o licorzinho durante a semana. Muitos, atarefados com o trabalho, só conseguiram fazer isso hoje, quando imaginavam ser o último dia para a compra. Caso de Webert, que rodou a Sete Portas inteira atrás da bebida no preço mais baixo. 

"Tô aqui pesquisando e tentando achar o valor mais atrativo, sem deixar de lado a qualidade. Ouvi falar que só era até hoje, então saí na busca para garantir o licor que é indispensável. E, de quebra, comprei também milho e amendoim pra completar a ceia", contou o professor.

Assim como ele, outros passaram pelo local procurando por licor. Foi o que garantiu o ambulante Heleno Santana, 42, que viu as vendas aumentarem 60% em relação aos dias anteriores.

"Hoje, tá bom demais. Nos últimos dias, eu tava vendendo uma caixa com 12 licores o dia todo. Ainda tá no meio da tarde e já saíram seis e a expectativa é que, até fechar a barraca, a gente consiga vender 10 caixas. Imagine como vai ser amanhã", falou ele, otimista com as vendas.

Para Núbia Regina, 47, ambulante que vende lanches na Sete Portas e usa venda do licor como renda complementar, o dia foi para sair do zero. "Antes, não tava saindo nada, meu filho. As coisas por aqui estavam fracas. Hoje, por acharem que é o último dia, o povo apareceu e já levaram cinco licores, espero que continue assim até o fim do dia e amanhã também", declarou. A ambulante Núbia Regina vende licor pra complementar a renda (Foto: Nara Gentil/CORREIO) O jornalista Levy Teles, 23, passou o mesmo período do ano passado em São Paulo, onde procurou pela bebida e não encontrou. Agora, que está em Salvador, aproveitou a terça-feira para que isso não se repetisse. 

"Eu até comprei um licorzinho antes, mas senti que iria precisar de mais para o fim de semana. Minha ligação com São João é até mais com o licor do que com a comida em si. Estando fora daqui em 2020, o período ganhou ainda mais significado. Então, nesse ano, queria matar a saudade", explicou ele, que garantiu dois licores, através de delivery. Ano passado, o jornalista Levy Teles ficou sem licor, esse ano não perdeu a oportunidade de comprar a bebida (Foto: Nara Gentil/CORREIO) Delivery  E não foi só Levy que recorreu à opção de pedir pelo delivery o licor que desejava para o São João em casa. Um exemplo disso foi a alta demanda no Lá do Interior, serviço de delivery que viu a procura pelo item ser cinco vezes maior do que nos últimos dias de venda.  Caio Henrique e Larissa Cordeiro são proprietários do Lá do Interior (Foto: Reprodução/CORREIO) De acordo com Caio Henrique, 26, proprietário do serviço em sociedade com sua esposa, a entrega do licor estava disponível há 30 dias, mas, até então, eles não tinham sido tão procurados como hoje.

"O pessoal ainda tem o hábito de deixar para cima da hora. Acabou que hoje foi muito intenso, fechamos a agenda ainda pela manhã. Foi uma procura muito grande, pelo menos cinco vezes maior que nos últimos dias", afirmou.

A promotora de vendas Fabricia Santana, 40, foi mais uma que deixou para o que pensou ser o último dia para comprar. No entanto, no caso dela, a ida às ruas foi para rechear ainda mais o estoque que tem em casa.

"Lá já tenho 10, mas eu fiquei pensando se era suficiente. Então, como pensei que era o último dia mesmo, vim logo para comprar mais e garantir que não vai faltar. Até porque, lá em casa, a gente não toma licor só no São João, toda hora é hora", disse.

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*sob supervisão da subchefe de reportagem Monique Lôbo