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Elton Serra
Publicado em 25 de março de 2018 às 05:00
- Atualizado há um ano
Bahia e Vitória começaram a montar suas equipes para o Campeonato Brasileiro de Aspirantes, com equipes formadas por atletas com idade sub-23, e que começará em maio. A ação pode impactar numa situação que já preocupa dirigentes e torcedores: a disputa do Campeonato Baiano. Um impacto positivo, diga-se de passagem.
O calendário do futebol brasileiro em 2018, que espremeu os estaduais no primeiro trimestre e sufocou os clubes com duas ou três competições simultâneas, deve mudar pouco na próxima temporada. A Copa América, que será realizada no Brasil, ocupará os estádios “padrão Fifa” e forçará a paralisação da Série A. Se tomarmos por base o atual cenário, veremos novamente os campeonatos das federações ocupando uma boa quantidade de datas em 2019. Com isso, os clubes terão pouco tempo para pré-temporada e, consequentemente, a qualidade dos jogos seguirá sendo contestada.
A solução para driblar o péssimo calendário é dividir as equipes em duas. Um grupo disputa as competições que são prioridade para os clubes, enquanto o outro participa dos campeonatos menos relevantes. Os treinadores terão a chance de aprimorar questões físicas, técnicas e táticas com um espaço de tempo razoável, além de observar potenciais talentos no estadual – classifico como o de menor importância em relação às copas do Nordeste e do Brasil, por exemplo. Os times chegariam ao Campeonato Brasileiro com fôlego e com um diagnóstico preciso sobre os pontos que precisam atacar para qualificar ainda mais seus elencos.
O sub-23 dá esta esperança. Atletas que estouram idade nos juniores, somados a jogadores com potencial de crescimento no mercado e uma estrutura que possibilite um trabalho consistente, formam um time capaz de disputar o título do Baiano. A competição seria vitrine para atletas que querem espaço na equipe principal, e ajudaria a categoria a chegar forte no Brasileiro de Aspirantes. De certa forma, uma valorização técnica dos estaduais, cada vez mais desinteressantes para os torcedores.
Aos que defendem a ideia de que o Baianão é tradicional e não pode ser tratado como um subproduto, é possível fazer um campeonato competitivo com jogadores abaixo de 23 anos. Se trouxermos o exemplo para a atual realidade, o Bahia entraria em campo com Deijair; João Pedro, Rodrigo Becão, Everson e Léo; Luís Fernando, Flávio, Marco Antônio e Felipe; Elber e Júnior Brumado. Uma mescla de jogadores em desenvolvimento com outros que buscam um lugar no time principal. O volante Gregore, titular de Guto Ferreira, ganhou destaque justamente no sub-23 do Santos.
O Vitória também tem condições de fazer uma equipe de aspirantes competitiva: Caíque; Cedric, Léo Xavier, Bruno Bispo e Padilha; Rodrigo Andrade, Léo Gomes, Jhemerson e Luan; Flávio e Eron. O campeonato também serviria para dar ritmo a alguns jogadores do profissional, como normalmente é feito em times que fazem rodízio de atletas que disputam mais de uma competição simultânea.
Não é difícil entender por que os clubes ainda rejeitam a ideia. Abrir mão de seus principais jogadores no estadual é, em tese, deixar caminho livre para o rival levantar a taça. Um pensamento que, ao que parece, começa a fugir das cabeças de Bahia e Vitória. Em prol do bom rendimento nas grandes competições do Brasil, lançar garotos num estadual que pode servir de trampolim para atletas talentosos pode ser uma atitude mais que inteligente.
Elton Serra é jornalista e escreve aos domingos.