Suspeitos de matar dentista em tentativa de assalto no IAPI são presos

Terceiro integrante de quadrilha também foi preso na operação

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  • Eduardo Dias

Publicado em 11 de setembro de 2019 às 17:08

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/Polícia Civil

Perivaldo dos Reis Filho, 26 anos, e Jeferson Conceição dos Santos, 32, suspeitos pela morte da dentista Rita de Cássia de Guedes Fernantes, no IAPI, foram presos na quarta-feira (11), no bairro de Cosme de Farias. 

Os dois foram presos em uma operação do Departamento de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP) que desarticulou uma quadrilha que rouba estabelecimentos comerciais e veículos em Salvador. Um terceiro integrante do grupo, Valdo Costa Sena, 30, fo preso na zona rural de Coração de Maria. Além de fazer parte da quadrilha, ele é suspeito de roubos na cidade em que vivia.

O trio foi apresentado à imprensa hoje pela diretora do DCC), delegada Maria Selma Lima, e pela delegada Glória Isabel Santos, também do departamento. De acordo com Glória Isabel,  a dupla confessou o crime e afirmou que a dentista foi baleada e morta porque se assustou ao ser abordada. "Eles reportaram que inicialmente a intenção era só levar o carro. Mas como ela se assustou e acelerou, o carro bateu em um deles, eles tiveram que atirar, achando que ela ia matá-los", diz. Jefferson, Perivaldo e Valdo foram presos (foto: Marina Silva/CORREIO) De acordo com Maria Selma, outros integrantes da quadrilha já estão presos. “Deivison Vinícius Carvalho, líder do grupo, está no sistema prisional desde o início de agosto, pela autoria do roubo de um veículo. Com essa quadrilha desarticulada, o latrocínio está elucidado”, afirma.

Já a delegada Glória Isabel Santos, afirmou que a polícia vai continuar com a investigação para descobrir a participação dos integrantes da quadrilha em outros cirmes. "Todos eles participaram do latrocínio e possuem passagem pela polícia, nós já descobrimos roubos deles em outras lojas aqui e Salvador, além de um assalto a uma fazenda no interior do estado", explicou.   

Paulo Souza Maia, preso desde julho, também tem envolvimento na morte da dentista. “Ele foi preso no início de julho por nossas equipes. Paulo dirigia o veículo para os comparsas cometerem os crimes, inclusive o roubo seguido de morte da dentista”, diz. Rita de Cássia saia do trabalho quando foi morta (Foto: Reprodução) Primeira prisão Apontado pela polícia como um dos responsáveis pelo crime, Paulo Souza foi preso no último dia 5 de julho, por agentes do DCCP e Departamento de Polícia Metropolitana (Depom). Ele foi encontrado na Baixa do Tubo, localidade de Cosme de Farias, enquanto lavava o veículo utilizado no crime, um Volkswagen Fox, de cor prata, que está em nome da avó dele.

À polícia, o suspeito, que mora na região em que foi preso, informou que dois passageiros solicitaram uma corrida e cometeram o crime. Apresentado à imprensa horas depois da prisão, Paulo disse que buscou os “verdadeiros responsáveis” nos bairros de Cidade Nova e Paripe, no Subúrbio Ferroviário da capital. Ele foi indiciado por latrocínio (roubo - ou a tentativa - seguido de morte).

Diretor do DCCP, o delegado Élvio Brandão contestou a versão de Paulo.“Ele diz que é motorista de aplicativo, mas ele não é mais vinculado à plataforma. Atualmente, fazia corridas independentes e, aliado a isso, cometia roubos e estava envolvido em atividades criminosas”.O delegado comentou também que os agentes envolvidos na investigação chegaram até Paulo por meio de uma pesquisa no banco de dados do Departamento de Trânsito (Detran), que revelou que o Fox, flagrado por imagens de câmeras da região, não era um veículo clonado.

"Logo que compreendemos que não se tratava de um crime de execução ou um homicídio, fizemos um trabalho na rua com agentes do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e 2ª Delegacia (Lapinha), em busca de assaltantes na região. Além disso, usamos de tecnologia para melhorar as imagens das câmeras, o que permitiu chegar à identificação do carro", disse Élvio, ao comentar que chovia no momento da abordagem criminosa.

'Usado' Após chegar à titularidade do veículo, a polícia entrou em contato com a avó do suspeito que, de imediato, afirmou que o Fox era utilizado pelo neto, Paulo, que é pai de três filhos. 

Ao CORREIO, o suspeito negou ter participado do crime de forma voluntária. Disse que acreditava se tratar de uma "corrida normal, com passageiros normais", e que, inclusive, chegou a aceitar o pagamento de R$ 80 ao final do trajeto, na Avenida San Martin, para onde Rita dirigiu até bater o carro."Não fiz isso, tenho minha consciência limpa. Eu só dirigi e parei quando mandaram eu parar. Depois, um deles veio gritando, mandando eu arrastar, porque estava acontecendo um assalto. Foi o que eu fiz. Não vi arma e nem ouvi tiros", narrou o preso, que afirmou à reportagem que não se apresentou à polícia antes por medo."Eu ia vir [até a delegacia], mas disseram que eu ia ficar preso por 30 anos, fiquei com medo", completou ele.

O delegado desmentiu a versão do suspeito. "O tempo do trajeto que ele diz ter feito não bate com o momento em que a vítima foi morta, por volta de 16h45. A ligação do suposto passageiro teria acontecido ao meio-dia. O valor é exorbitante, se for considerar que ele afirma ter feito a estimativa pela plataforma. Temos provas testemunhais de que ele é um dos autores", disse Élvio. 

As testemunhas do crime também contam uma versão diferente da que Paulo afirma ser verdadeira. De acordo com a Polícia Civil, uma delas disse em depoimento que, após ouvir o disparo, o motorista de aplicativo chegou a arrastar o veículo na tentativa de fugir, depois que o atirador acertou Rita de Cássia.

O crime Rita de Cássia foi abordada por dois homens quando dirigia na Rua Professor Moura Bastos, próximo à localidade da Divineia, no IAPI, depois que deixou o ambulatório do Hospital Ana Nery, na Caixa D'água, onde trabalhava havia pouco mais de um ano.

Ela estava em baixa velocidade quando foi abordada pelos criminosos e, antes de fugir, foi baleada no peito. A dentista conseguiu dirigir até a Avenida San Martin, onde foi socorrida por uma viatura da 37ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Liberdade), que passava pelo local, para o Hospital Ernesto Simões, no Pau Miúdo, mas não resistiu aos ferimentos.