Syrah no Vale do São Francisco: história e rótulos para apostar

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  • Paula Theotonio

Publicado em 13 de agosto de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

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A Syrah é uma das uvas mais multifacetadas do Vale do São Francisco. É possível encontrar, nas adegas e mercados, excelentes espumantes, vinhos jovens e até mesmo exemplares de guarda.

Sua casca mais grossa e concentrada em pigmentos rubi-violáceos, além de seu gosto por temperaturas mais altas a tornaram altamente adaptável ao terroir semiárido do Sertão, dotado de alta insolação e baixa disponibilidade de água. E como a região possibilita várias colheitas ao longo do ano, a uva se comporta de maneira distinta com o passar das estações.

“Colhida no início do ano, quando a temperatura está quente, a uva tende a produzir vinhos com mais álcool e mais taninos, mais jovens e que devem ser bebidos em até 12 meses para obter a excelência do seu sabor. No meio do ano, amadurece lentamente e ganha cor, taninos macios, acidez equilibrada. Será mais longevo. Já na safra do final do ano, a Syrah é ideal para espumantes jovens”, exemplifica Marlos Lima, professor do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF-Sertão) na área de tecnologia de bebidas. Uva Syrah recém-colhida (Foto: California Winery Advisor/Divulgação) Um pouco de história e mistério

A uva, que tem origem francesa, está intimamente ligada à história da vitivinicultura da região. Porém há um mistério sobre quem, primeiro, a implantou em solos sanfranciscanos.

“Há fortes indícios de que a cepa foi introduzida na região no início dos anos 80, após uma parceria entre a Maison Forestier com Fazenda Milano (Vinícola Botticelli) em Santa Maria da Boa Vista (PE). Mas, por inscrição errada no Ministério da Agricultura, ela ficou catalogada como Petit Syrah (Durif) – erro reparado somente algum tempo depois”, conta o enólogo Miguel Ângelo, do Grupo Miolo.

O outro registro é de que cerca de 100 hectares da variedade foram plantadas pelo Grupo Raymundo da Fonte, em meados de 1990, na Vitivinícola Santa Maria, em Lagoa Grande (PE). “Na época fazia-se vinagre com uvas de mesa e, ao longo da década, foram implantando Syrah para produção de vinhos e espumantes. Uma parte dessa produção, eventualmente, também era destinada aos vinagres ou para fazer álcool”, conta Ricardo Henriques, enólogo da Rio Sol.

Os anos foram passando e, finalmente, em 1999, os vinhedos de Syrah lagoa-grandenses resultaram na bebida de Baco. Nascia o Terranova Shiraz, elaborado curiosamente pelo enólogo Adriano Miolo, então consultor do Grupo Raymundo da Fonte e atual superintendente do Grupo Miolo. Shiraz é um outro nome da Syrah, adotado principalmente na Austrália.

A partir dos anos 2000 começou uma nova fase na vitivinicultura do Vale. Em 2001, o Grupo Miolo comprou um terreno em Casa Nova (BA), às margens do lago de Sobradinho (BA), onde alguns vinhedos já haviam sido implantados em 1983 pelo saudoso Mamoru Yamamoto. Lá, investiu pesado na Syrah em monovarietais de diversos estilos e em cortes clássicos, como a GSM.

A Global Wines, por sua vez, adquiriu do grupo Grupo Raymundo da Fonte a Vitivinícola Santa Maria e fundou a Rio Sol em 2003. Nem toda a área plantada de Syrah foi reaproveitada. “Os antigos donos não tinham muito know-how no manejo de uvas para vinho fino, então arrancamos diversas videiras ou as reconvertemos, fazendo diversos melhoramentos no campo”, complementa Henriques.

Hoje, a empresa também aposta alto na Syrah, inserindo-a em monovarietais, cortes com uvas francesas e portuguesas ou criando espumantes. “É uma uva importante, mas não necessariamente a uva mais importante ou a melhor do Vale. Sua maior vantagem é ser extremamente versátil", opina o enólogo da Rio Sul.

Vinhos com a Syrah no Vale do São Francisco

Rio Sol / Global Wines

● Rio Sol Meio Seco

● Rio Sol Syrah

● Espumante Rio Sol Brut Rosé

● Espumante Rio Sol Brut Branco

● Rio Sol Reserva

● Rio Sol Premium

● Rio Sol Assinatura Minhas indicações: O Espumante Rio Sol Brut Rosé (R$ 30 a R$ 50) é 100% Syrah; tem aromas incríveis de frutas vermelhas frescas, como morango; além de um frescor ideal para dias quentes. Um dos meus espumantes prediletos da região. Uma aposta é no Rio Sol Assinatura 2015 (R$ 155), composto por 40% Touriga Nacional, 20% Cabernet Sauvignon, 20% Syrah e 20% Malbec. O exemplar fez estágio de 18 meses em barricas francesas novas e de segundo uso, além de ter envelhecido 6 meses em garrafa antes de ser comercializado. Foi Ouro na Grande Prova Vinhos do Brasil 2019 (GPVB 2019). Ansiosa para provar!

Terranova / Grupo Miolo

● Terranova Vintage Cabernet Syrah

● Terranova Shiraz

● Miolo Reserve GSM

● Miolo Reserva Syrah Colheita de Inverno 2019

● Miolo Single Vineyard Syrah

● Testardi Syrah Minhas indicações: O Miolo Reserva Colheita de Inverno Syrah 2019 (R$ 40 a R$ 60) entrega toda a tipicidade da uva no Terroir: notas de frutas vermelhas maduras, alcaçuz e especiarias. Seus taninos são macios e o álcool, apesar de registrar 14,5%, é bem integrado – assim como a madeira. Já o Testardi (R$ 120 a R$ 180) é uma potência: feito com uvas selecionadas de quase 150 dias de ciclo, matura 12 meses em barricas de carvalho novas e envelhece 6 meses em garrafa antes de chegar ao mercado, possui bastante estrutura e é um vinho para acompanhar momentos especiais. São todos veganos.