Taxista é agredido por hóspede de hotel em Stella Maris após formatura

Passageiro teria se recusado a pagar corrida de R$ 56; ele foi liberado após pagar fiança de R$ 2 mil

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  • Tailane Muniz

Publicado em 28 de abril de 2019 às 14:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Tailane Muniz/CORREIO

Era por volta de 8h40 deste domingo (28), quando o taxista Alexsandro da Silva Barbosa, 31 anos, iniciou mais uma corrida. O passageiro o aguardava em frente ao Wet'n Wild, na Avenida Paralela, e tinha como destino o Hotel Catussaba, em Stella Maris. Ao final do trajeto, no entanto, Alexsandro acabou agredido pelo passageiro, identificado como Gabriel Marques de Oliveira Melo, 29 anos, que contestou o valor de R$ 56 a ser pago pelo serviço. Gabriel saía de uma festa de formatura do curso de Medicina e teria agredido o taxista a socos, pontapés e até uma gravata. As informações são de testemunhas que presenciaram a confusão, que aconteceu em frente à entrada principal do hotel, por volta de 9h. A briga entre taxista e cliente só acabou a após a chegada da Polícia Militar, que conduziu os envolvidos até a Central de Flagrantes, na Avenida ACM, onde, autuado em flagrante, Gabriel foi liberado após pagar fiança de R$ 2 mil. 

Gabriel, que estava acompanhado de três advogados, não quis falar com a imprensa. A defesa também preferiu não se pronunciar sobre o assunto e apenas confirmou o pagamento da fiança. Suspeito teria dado murro em para-brisa de táxi (Foto: Divulgação/AGT) Já Alex, como o taxista prefere ser chamado, falou com a reportagem logo após prestar depoimento. Ele contou que Gabriel dormiu durante todo o trajeto e, ao acordar, olhou para o taxímetro e disse que não pagaria os R$ 56 registrados no equipamento."Ele saiu do carro, afirmando que só me devia R$ 20, que era o que daria no Uber, mas não aceitei o valor quando ele propôs. Eu disse que era taxista. Ele estava descontrolado, então, eu ia deixar pra lá, mas a primeira ação dele foi dar um murro no meu para-brisa", lembrou o taxista, ainda com marcas de sangue na roupa.Alexsando afirmou que não tinha a intenção de brigar com o então passageiro, até que precisou se defender. "Saí do carro pra perguntar o problema dele, simplesmente me deu um murro e eu caí, ele caiu pra cima e começou a me bater. Queria me matar, me batia sem parar, só parou quando o pessoal do hotel me defendeu e eu consegui levantar", disse a vítima, que estava a caminho do Departamento de Polícia Técnica (DPT), onde realizaria o exame de corpo de delito. 

Na delegacia, familiares do taxista e representantes da Associação Geral dos Taxistas (AGT) afirmaram ao CORREIO que Alexsandro buscou ajuda logo que aconteceu a confusão.

'Simulou atropelamento' Alexsandro disse que foi agredido pelo passageiro com um murro e pontapés, quando já estava caído no chão. "Ele se jogou no meu carro e disse que tentei matar ele, depois de tudo, ele pegou meu celular no chão e entrou correndo no hotel, porque ele achou que eu tinha gravado tudo, mas eu só tinha feito uma foto do taxímetro marcando o valor".

As informações também foram confirmadas pelo agente operacional do Hotel Catussaba, Edson dos Santos, 50, que testemunhou na delegacia. Edson disse à reportagem que Gabriel chegou a se jogar no para-brisa do veículo, modelo Zafira, para simular um atropelamento."Ele [passageiro] começou a gritar que Alexsandro tinha atropelado ele, simulou. O pessoal do hotel viu tudo, os hóspedes ficaram muito assustados", relatou Edson, que é funcionário do hotel há 19 anos. Ele disse que nunca presenciou uma "confusão desse tamanho".Embora estivesse descontrolado, como afirmam ao CORREIO as testemunhas, o homem ficou calmo após a chegada da PM. Os policiais disseram que Gabriel não reagiu e não disse nada no percurso até a delegacia. 

Alexsandro trabalha como taxista auxiliar, ou seja, pagando o aluguel semanal, há oito anos. Segundo relatou o irmão, o churrasqueiro Wellington Barbosa, 49, nunca havia se envolvido em nada parecido. A esposa do taxista e o proprietário do carro que Alex dirigia também estiveram na Central de Flagrandes. Todos demonstraram insatisfação com a liberação de Gabriel."Ele devia ficar preso, porque o marginal aqui é ele, meu irmão é trabalhador, estava apenas fazendo o trabalho de todos os dias, porque é um pai de família que precisa", se limitou a dizer Wellington.O passageiro, que é de Salvador e mora em São Paulo, estava hospedado no Catussaba há dois dias. Ele havia comentado com funcionários do estabelecimento que veio à capital apenas para participar de uma formatura. 

O CORREIO procurou a Polícia Civil, mas ainda não obteve retorno. 

De acordo com o presidente da AGT, Denis Paim, já são 43 casos de violência registrados contra taxistas no mês de abril. "São dois taxistas baleados, 13 agredidos em situações diversas, uma morte e 28 assaltos".