‘Tem que parar de brincadeira e começar a ter juízo para vacinar o povo’, diz ACM Neto

Prefeito criticou a demora do governo federal em aprovar os imunizantes

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  • Daniel Aloísio

Publicado em 29 de dezembro de 2020 às 14:08

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação/Secom

Mais de 40 países já iniciaram a vacinação contra a covid-19, mas o Brasil segue sem nenhuma previsão de quando a imunização começará no país, nem mesmo com uma vacina aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Essa realidade foi objeto de crítica do prefeito de Salvador ACM Neto, que classificou a situação vivida no país como fruto de uma “brincadeira” promovida pelo governo federal.  “Eu particularmente lamento que a novela da vacina aqui no Brasil ainda não esteja concluída. Países da América Latina já estão vacinando e a gente nem começou. Isso é lamentável e tem que servir de alerta para as autoridades. Eu não posso acreditar que vacinas que são de laboratórios reconhecidos internacionalmente e já aplicada em tantos países não possam vir para o Brasil. Vamos parar de brincadeira! Temos que vacinar o quanto antes a população, pois a gente não aguenta mais isso. Essa situação chegou num ponto que basta, chega, já deu”, afirmou o prefeito.  A declaração foi dada na manhã dessa terça-feira (29), durante a inauguração do Mercado Municipal de São Cristóvão, na Avenida Aliomar Baleeiro.

Neto aproveitou para dizer que em breve deve anunciar o plano de imunização de Salvador, mesmo sem a clareza do governo federal de quando teremos uma vacina. “O nosso plano de imunização está pronto, vamos apresentar no dia 30 ou 31 de dezembro. Nossa disposição pra comprar vacina está assegurada, mas não é possível que muitos países já estejam vacinando e nós não tenhamos uma vacina reconhecida pela Anvisa. Tem que parar de brincadeira e começar a ter juízo para vacinar o povo”, assegurou.  

O prefeito também preferiu não apontar qual imunizante deve ser o primeiro a chegar na capital baiana. “Por não haver clareza do governo federal da quantidade de vacinas que será disponibilizada, eu estou me movimentando, abrindo dialogo com indústrias e possiveis fornecedores. Estamos definindo estratégias de compras, porem tudo tem o seu tempo. Não vamos especular agora”, concluiu.

‘A conta vai chegar'

O prefeito também criticou a realização de festas por todo o país nesse período de fim de ano, o que tem gerado aglomerações prejudiciais para a redução da contaminação por covid-19. Em tom de revolta, ele lamentou que muitas pessoas estejam fazendo comemorações nesse momento da pandemia. “É absurdo o que vemos em várias imagens de cidades litorâneas entupidas, festas com milhares de pessoas. Se você quer confraternizar, tem que ser dentro de casa. Infelizmente, o que pode acontecer é uma ressaca terrível. A conta vai chegar!”, alertou.  

Na ocasião, o prefeito aproveitou para dizer que, ainda em 2020, não tomará nenhuma medida de fechamento do comércio para conter o avanço da doença. No entanto, caso sejam grandes os efeitos das festas de fim de ano na saúde pública, Neto disse que o próximo prefeito terá que tomar medidas mais duras.  “Eu disse que não queria fechar nada até o dia 31 e conseguimos. Mas, se essa conta for muito alta das festas de fim de ano, infelizmente Bruno pode não ter o que fazer e é bom deixar tudo isso claro, com todas as letras”, apontou.  Neto ressaltou que o não fechamento do comércio agora não significa uma omissão da gestão atual para que a decisão seja tomada pelo próximo prefeito. “Esse será um governo de continuidade. Ninguém sabe quais serão os efeitos concretos das festas de fim de ano. Eu espero que sejam limitados. Hoje, amanhecemos com a taxa de ocupação em 66%. Mas, se essa taxa subir muito e houver risco de colapso, pode ser que o prefeito tenha que tomar decisões”, explicou.  

*Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier.