Tempestade arranca telhas de casa no IAPI: 'Tudo foi embora num piscar de olhos'

Desempregada há dois anos, a dona de casa vive do dinheiro que recebe do Auxilio Brasil e não tem para onde ir

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  • Da Redação

Publicado em 6 de abril de 2022 às 05:45

. Crédito: Marina Silva/ Correio

A chuva que atingiu Salvador na noite da última segunda-feira (4) arrancou o telhado da casa de Leila Santos Cardoso, no bairro do Iapi. Com dois filhos, um de 17 anos, e o outro de apenas oito meses, a moradora sentiu-se como se o seu chão tivesse sido levado junto com as telhas. “Lutei tanto para construir isso, foi muito caro colocar esse telhado. Agora tudo foi embora na velocidade de um piscar de olhos”, conta Leila, segurando as lágrimas.

A chuva começou por volta das 19h e, às 20h, Leila despertou de um cochilo com o barulho das telhas sendo arrancadas pela força do vento. Sem acreditar no que estava acontecendo, sua única reação foi correr em direção a saída da casa. No momento do incidente, estava sozinha. 

Sem ter tempo de se acalmar, voltou com a irmã para a casa, que fica no terceiro andar, na tentativa de salvar alguma coisa. Roupas, celular, o fogão e uma cama foram retirados. “Minha irmã me ajudou, tirei a cama e o colchão encharcou todo. Comecei a me desesperar, foi aí que um vizinho veio ajudar também, mas não adiantou, perdi praticamente tudo, inclusive minha televisão”, lamenta. 

Além da televisão, Leila perdeu o guarda-roupa, o armário de cozinha e os outros pertences atingidos pela água. Ela ainda não sabe como está a geladeira, pois o objeto é pesado e, por isso, ainda não havia sido retirado, mas nutre esperanças de que ainda funcione. Com o destelhamento, também ficou sem energia elétrica e precisará refazer todo o sistema da casa. 

As telhas que voaram atingiram a casa de quatro vizinhos, um prejuízo que Leila também terá que arcar. Desempregada há dois anos, a dona de casa vive do dinheiro que recebe do Auxilio Brasil, no valor de R$ 400, e não tem condições de realizar os reparos.

Sem ter para onde ir, passou a noite com os dois filhos na casa da mãe, que fica no primeiro andar. O local não estava habitado e servia apenas como depósito para sobras de materiais de construção. Por isso, não tem condições de abrigar a família por muito tempo. 

“Eu não tenho como pagar aluguel, porque se eu for pagar, eu não tenho condição de comprar as coisas para dentro de casa, isso se eu conseguir pagar uma casa de R$ 400. Mas se eu não achar para onde ir, vou ter que ficar”, explica Leila.

Enquanto a reportagem estava no local, uma agente da Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza (SEMPRE) foi até a casa da moradora prestar assistência municipal. Através do CadÚnico, a dona de casa receberá um auxílio emergencial e foi instruída pela funcionária da prefeitura a realizar o cadastro em outros programas sociais. 

De acordo com a agente, o valor deve começar a ser pago em 15 dias. Sem recursos no momento, Leila faz um apelo. “Quem puder ajudar com qualquer coisa, é bem-vindo, na parte de alimentos ou no que puder. Não sei quando o telhado vai ser consertado e eu vou poder voltar com meus filhos para casa”, ressalta Leila.

As doações para a dona de casa podem ser feitas através do Pix (71) 991230176. Todo valor recebido será diretamente direcionado para a conta dela.

A Defesa Civil de Salvador (Codesal) recebeu 51 solicitações até às 18h15 de terça-feira (5). Foram 13 ameaças de desabamento, sete ameaças de deslizamento, duas árvores ameaçando cair, duas avaliações de área, sete avaliações de imóveis alagados, um desabamento parcial, seis deslizamentos de terra e 11 orientações técnicas e duas infiltrações. 

A Bahia não é atingida por nenhum fenômeno climático e as chuvas que caem na capital são decorrentes do outono, considerado o período que apresenta mais chuvas na cidade, apesar das temperaturas não ficarem tão baixas. Os meses de abril e maio estão entre os mais chuvosos ao longo de todo o ano. Nesta quarta, a previsão é de céu nublado e chuvas isoladas. Na quinta, a previsão se repete na capital baiana. Nos dois dias, as temperaturas variam entre em 23ºC e 31ºC, com 95% de umidade. 

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo