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Tentativas de explicar um gato

  • Foto do(a) author(a) Kátia Borges
  • Kátia Borges

Publicado em 6 de fevereiro de 2022 às 07:00

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: .

Explicar um gato. A incapacidade orgânica de saborear o doce. O vômito de pelos. O fato de que possuem a mesma região no cérebro em que são ativadas as emoções nos seres humanos. O reflexo de endireitamento, que os faz aterrissar em pé ao cair de lugares altos. O recurso da psi-viagem que os orienta no retorno para a casa de seus donos, mesmo que estejam a muitos quilômetros.

O apego às caixas, onde forjam um abrigo contra o estresse. Sim, explicar um gato. Suas costas flexíveis, com 53 costelas, suas clavículas minúsculas e cartilaginosas. Suas caudas com 23 vértebras. Seus ouvidos externos com 32 músculos. Seus corpos com 230 ossos. Seus corações que pulsam duas vezes mais rápido que os da maioria das espécies e que se dividem em dois átrios e dois ventrículos.

Explicar o coração acelerado de um gato. O funcionamento quase sobrenatural dos seus sismógrafos internos, que os faz serem capazes de detectar previamente até mesmo a ocorrência de terremotos. Explicar a capacidade de concentração de um gato. Quando em silêncio. Quando no escuro. Quando em presença da morte. A rotação assustadora de suas orelhas. Suas predisposições crepusculares.

Seus narizes únicos, como o são as impressões de nossos dedos. O fato de que se refrescam do calor por meio de suas patas e possuem um número diferenciado de dedos nas dianteiras e nas traseiras. Sim, explicar um gato. Porque há meio bilhão deles em todo o mundo. E o ronronar que produzem é um processo de autocura.

Porque seria claro explicar que todo gato é uma espécie de tigre doméstico. Porque seria simples perceber que, na realidade, são os gatos que treinam os seus donos. Porque seria simples, e fácil, e claro, compreender que estamos todos enclausurados, gatos imaginários, no experimento mental de Schrödinger.