Tira o pé da jaca, bebê! 

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  • D
  • Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2021 às 07:00

- Atualizado há um ano

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(foto/acervo pessoal) É muita fome para pouco corpo. Atenção, carinho, curtida, engajamento; fome para distrair a ansiedade e o medo; consolar da tristeza e da frustração; mastigar o ódio, o ciúme.

Come-se de tudo e por tudo: promoção e demissão, nascimento e morte, boas-vindas e bota-fora; casamento e separação; compra e venda; aniversário, bodas, todas as festas do calendário e coffee-break também. Tudo é motivo para enfiar o pezinho aonde? Na jaca. Sem falar no decreto das três refeições diárias, equilibradas e fundamentais (pra quem?) com lanchinhos intercalados.

Mas veja bem, se o dia tem 24 horas e eu durmo por 8, me restam 16. Se distribuo três refeições com lanchinhos alternados, a janela de boca fechada cai para 2h30, quando uma digestão completa pode levar até 4h. A conta não fecha, o corpo não dá conta, e a gente acumula merda nos intestinos. Gases, flatulência, inchaços abdominais, péssima qualidade do sono, prisão de ventre, diarréia, sobrepeso, obesidade mórbida, depressão, diabetes, hipertensão, cânceres, morte. E o corpo ainda é pouco porque a natureza não nos programou para tamanha orgia, mas estamos tão desconectados de quem realmente somos, que a gente nem lembra que tem corpo.

Veja só que cilada a máquina de comer mundo (obrigada, Krenak) nos armou: nos viciou em consumo. São traficantes de drogas pesadíssimas, arquibilionários às custas das nossas dependências físicas, químicas e emocionais, exterminando os recursos naturais do planeta para manter acesa a roda da fortuna, já de olho em Marte, porque a Terra, que um dia julgamos infinita, agoniza em colapso quase irreversível.

Quem é Bolsonaro na fila do apocalipse? Eu lhes pergunto.

Tá chovendo ácido, gente. Tá chovendo ácido pra gente comprar a tevê mais moderna pra ver BBB e reality shows de gastronomia patrocinados por comida sintética, peixe contaminado, vegetais envenenados, galinhas agonizantes, bebidas lácteas, pomadas de queijo, gorduras hidrogenadas e embutidos que levam ingredientes que só por Jesus! Isso já é ração humana.

Mas quem precisa de corpos sãos? As farmácias? Um corpo saturado, obstruído e envenenado não é capaz de enxergar nada com clareza, jamais será livre, digno de luz e sabedoria, será para sempre fantoche. E esse é o plano. 

Tem jeito? Quem sabe? Conselhos temos, todos para ontem: desliga a tevê e abre um Krenak; some das redes; para de acumular e fazer lixo; gasta mais e come menos; faz jejum intermitente; dorme bem, acessa os sonhos; faz terapia, bebe mais água e menos álcool; fica só, anda, corre, dança. Morto! Vivo! Vivo! Morto! Pisa no mato, abraça árvore, brinca com o fogo, toma banho de chuva; cozinha pra si, sai do automático, ouve a preguiça, deixa ir. Para, medita, faz ioga. “Reza, chama pelo teu guia”, ”encontra teu Buda”; escolhe a pílula vermelha e toma logo duas! Fuja, não coma reggae. Respira, inspira, num pira.

Tira o pé da jaca, bebê! 

Te vejo de hoje a quinze.

Beijo de amor, fica assim não.