Trabalho da enfermeira: antigos desafios somados ao enfrentamento da covid

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  • Da Redação

Publicado em 12 de maio de 2021 às 13:00

- Atualizado há um ano

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Hoje, dia 12 de maio, comemora-se o Dia da Enfermeira. Nesta conjuntura nacional, perguntamos: pelo que comemorar e pelo que lutar? A enfermagem é um campo composto por três categorias profissionais que formam o maior número de trabalhadoras do SUS e tem papel fundamental para o acesso universal aos serviços de saúde. Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), existem 2.483.037 profissionais de enfermagem no Brasil. Destas, 612.389 são enfermeiras. Na Bahia, são 40.818 enfermeiras, 88.680 técnicas e 12.929 auxiliares, totalizando 142.431 profissionais de enfermagem que prestam assistência direta e indireta à população.  

 As enfermeiras se distinguem tanto pela quantidade de trabalhadoras, como pelas características e diversidade do seu trabalho em Unidades de Pronto Atendimento, Centros de Atenção Psicossocial, Estratégia de Saúde da Família, hospitais, clínicas especializadas ou secretarias municipais e estaduais de saúde. Desenvolvem um amplo leque de ações voltadas para o cuidado individual, familiar e coletivo; ações gerenciais e educativas; de gestão do sistema de saúde; de docência e pesquisa. O trabalho das enfermeiras é essencial para o enfrentamento da pandemia de covid-19, através do SUS, contribuindo para o funcionamento adequado, a organização, a qualidade e a resolutividade dos serviços.

Ao destacar a Atenção Básica, além das consultas de enfermagem, testagem e triagem de casos suspeitos, teleatendimento, teleconsulta, vigilância de contatos e vínculo com a comunidade, destacamos todo o trabalho voltado para a vacinação da população, tais como: cuidados de transporte, armazenamento, registro e preparo, até a aplicação das doses das vacinas. Sem enfermeiras, técnicas e auxiliares de enfermagem não há vacinação da população! Já paramos para pensar nisso? Precisamos da vacina, mas também precisamos das profissionais para a vacinação.  

Este trabalho, mesmo em condições adversas, é realizado em periferias, comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas, assentamentos, cenários rurais e urbanos de todos os municípios do país e do nosso estado, através das profissionais de enfermagem. Para compreender as práticas das enfermeiras na Atenção Básica, caracterizando perfil e condições de trabalho nas diferentes regiões da Bahia e do Brasil, é realizada a pesquisa nacional  “Análise das Práticas de Enfermagem no contexto da Atenção Primária à Saúde”, que pretende subsidiar a elaboração e implementação de políticas públicas.  Enfermeiras podem contribuir através do link: https://questionarios.unb.br/index.php/318638?lang=pt-BR  

Apesar de fundamental para a proteção e defesa da vida da população brasileira, as enfermeiras e demais trabalhadoras de enfermagem trabalham sob condições de extrema precarização, levando ao número elevado de adoecimento e de óbitos dessas profissionais. Há excesso de carga horária e jornada de trabalho; baixos salários; negação de direitos trabalhistas; assédio moral; falta ou má qualidade de equipamentos de proteção individual, dentre outras situações que geram stress ocupacional, exaustão psíquica e elevam potencial de contaminação pelo novo coronavírus. 

Neste dia comemorativo, alertamos para as péssimas condições de trabalho, desvalorização, adoecimento e morte das trabalhadoras. Muito mais do que palmas e de serem chamadas de heroínas, as enfermeiras e demais profissionais de enfermagem precisam de condições dignas e justas de trabalho e de salário.  A aprovação do PL 2564/2020, que dispõe sobre a jornada de trabalho de 30 horas e sobre o piso salarial de auxiliares, técnicas e enfermeiras, representa um dos desafios desta luta. É preciso organização política e luta coletiva! 

Daniela Gomes dos Santos Biscarde é enfermeira, doutora em Saúde Pública e professora da Escola de Enfermagem da UFBA

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