Tragédia da embarcação Cavalo Marinho I completa 4 anos

Relembre o caso

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  • Da Redação

Publicado em 24 de agosto de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Betto Jr/Arquivo CORREIO

O dia 24 de agosto de 2017 não marcou apenas a vida dos familiares dos 19 mortos e dos 59 feridos no acidente com a lancha Cavalo Marinho I, em Vera Cruz. Nesta terça-feira (24), a maior tragédia recente na Baía-de-Todos-os-Santos completa quatro anos, mas a lembrança do acidente ainda está viva na mente dos locais. O fato aconteceu cerca de dez minutos depois de a embarcação de madeira com 116 passageiros a bordo, ter deixado o Terminal de Mar Grande, na Ilha de Itaparica.

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Em agosto do ano passado, houve o julgamento pelo naufrágio. O Tribunal Marítimo da Marinha do Brasil decidiu condenar por unanimidade o engenheiro, o dono e a empresa responsáveis pela lancha Cavalo Marinho I. O tribunal entendeu que a situação foi causada por problemas construtivos que não tinham sido detectados porque a embarcação não foi submetida à prova de inclinação e estudo de estabilidade depois que foi reformada. A corte apontou, ainda, que o número elevado de passageiros concentrados na parte de cima da lancha e apenas uma pequena parte na de baixo contribuiu para o naufrágio.

O resultado da decisão foi enviado ao Ministério Público da Bahia (MP-BA), que acompanha o caso. Procurado, o Ministério Público não retornou até a publicação da matéria.

Lembrança

A lembrança atormentou os que faziam a travessia Salvador-Mar Grande no último dia 19. Quase 4 anos após o acontecimento, uma lancha ficou à deriva após apresentar problema em um dos dois motores.

Segundo a Associação dos Transportadores Marítimos da Bahia (Astramab), a embarcação Nossa Senhora da Penha saiu do Terminal de Vera Cruz, na Ilha de Itaparica, por volta das 8h. A lancha iria para Salvador quando, 15 minutos depois, teve um problema técnico. Foi necessário chamar um outro barco para transportar os cerca de 175 passageiros para a embarcação para que a travessia fosse concluída, de volta para Salvador, onde desembarcaram no Terminal Náutico da Bahia.

"Já pensou uma lancha vindo de lá pra cá e para? A pessoa vê aquilo ali e lembra de muitas coisas. Foi um pânico. Por isso que teve gente querendo chorar, gritando",  contou Manoel dos Santos, 72, ambulante do Comércio, ao ser entrevistado pelo CORREIO no dia do incidente.

Recomendações para a travessia

No julgamento, o tribunal deixou recomendações de segurança para a Capitania dos Portos da Bahia, aconselhando a realização sistemática de ações de fiscalização nas embarcações que fazem a travessia entre Mar Grande e Salvador e, caso ainda não tenha realizado, que verifique se o estudo de estabilidade de cada uma delas corresponde à sua configuração atual, determinando que novos estudos sejam apresentados caso encontre divergências, aplicando aos responsáveis as sanções cabíveis.