Transforme seu hobby em negócio: como ganhar dinheiro extra com atividades manuais

Especialistas ensinam como profissionalizar aquelas habilidades adquiridas na pandemia e fazer um dinheiro extra

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 3 de maio de 2021 às 09:45

- Atualizado há um ano

. Crédito: Shutterstock/reprodução

Hoje, a pauta é sua! Essa matéria foi sugerida à redação do CORREIO pela nossa assinante Lícia Freitas Silva, que inclusive ajudou na apuração. Quer ter informação de qualidade todos os dias e ainda sugerir pautas? Basta assinar o Jornal Correio por apenas R$ 5,94/mês. Bordados, crochê, tricô, bijuterias, tapeçaria, pinturas em tecidos, saboaria, padaria, doces artesanais...Nesses tempos de distanciamento social e pandemia, muita gente descobriu novas formas de ocupar o tempo e a cabeça, além de encontrar na produção de peças artesanais uma forma de fazer um dinheiro extra. Mas você sabe como transformar essa nova habilidade em negócio? 

A coordenadora de Fomento ao Artesanato da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte(Setre) Ângela Guimarães diz que, nesse último ano, houve um crescimento significativo de pessoas sobrevivendo da atividade artesanal no Brasil. “Com o aumento acentuado do desemprego, a ocupação artesanal, que para muitos era, além de hobby, uma complementação de renda, acabou se tornando renda principal”, destaca, salientando que, em alguns casos, o artesanato passou a ser um novo ofício. Ângela Guimarães chama atenção para o Programa de Qualificação do Artesanato da Bahia que será ministrado nesse mês (Foto: Divulgação) Ângela lembra que para fazer frente a essa nova realidade, a Coordenação de Fomento ao Artesanato tem trabalhado junto ao segmento, apoiando, aproximando, comercializando no Centro de Comercialização e também através da nossa Plataforma Virtual. “Muitos cursos são oferecidos pelas associações e grupos produtivos do Artesanato nas suas comunidades, o conhecimento sendo passado de geração para geração, e também por artesãos que têm utilizado as redes sociais para compartilhar seus conhecimentos e habilidades”, diz, reforçando que em maio, será lançado um Programa de Qualificação do Artesanato da Bahia, voltado a artesãs e artesãos em plataforma virtual, visando atingir os criadores de todo o estado.

Potencial comercial

O gestor de atendimento e analista técnico do Sebrae Wagner Gomes diz que apesar das atividades artesanais serem excelentes hobbies, é preciso considerar o fato de gostos ou identificação com algo não significa necessariamente que os potenciais clientes gostarão. “Por outro lado, trabalhar com o que se ama é um privilégio e pode ser um dos passos para uma possível jornada de sucesso. Então o que é primaz é avaliar o potencial comercial deste hobby”, explica. 

Para o representante do Sebrae é fundamental considerar questões como: o volume da possível demanda, como anda também a oferta e concorrência desse tipo de negócio, o que gira em torno dele, quais as necessidades para a operacionalização (venda, matéria-prima, insumos, entregas, valor agregado, sazonalidade, possibilidade de vendas à distância, perecibilidade, grau de inovação, dentre outros fatores). “Uma vez pensadas essas questões e identificadas possibilidades do hobby vir a gerar retornos financeiros mínimos, estamos diante de um possível negócio”, completa.

Para artesanato e áreas afins, as possibilidades são inúmeras. “As máscaras de proteção são uma delas, apesar da grande concorrência, se bem calculado e bem operacionalizado o negócio, pode gerar bons frutos”, sugere o analista, destacando que, além de ser um artigo de proteção e obrigatório, praticamente já fazem parte dos acessórios básicos ao sair de casa. “Elas ficam no nosso rosto e precisam estar bem apresentadas, serem confortáveis, seguras. Se encararmos pelo ângulo fashion, precisam inclusive combinar ou ter sintonia com a roupa ou vestimenta. São usadas diariamente. Quem adquiriu máscaras no início da pandemia, hoje já precisa de novas, pois podem ter ficado velhas, surradas, batidas”, complementa.  Gomes destaca ainda que, com as máscaras, podem vir acessórios, cases ou necessaires para separar as limpas das sujas, outras podem oferecer algo que não incomode tanto as orelhas. 

“Somente olhando por esta necessidade enxergamos uma infinidade de possibilidades, então quem gosta de costurar, bordar, fazer tricô, pintar, cortar, criar coisas, pode inventar uma diversidade de possibilidades para ofertar para a inicial necessidade de uso de máscara, mas que por trás, pode abarcar outras aquisições e compras de clientes. Aí podemos pensar em frascos e acessórios para álcool, luvas, protetores para calçados, tapetes, toucas ou turbantes, bolsos e bolsas especiais, pensado apenas em o que eu poderia chamar de ‘acessórios da pandemia’”. 

Formação e preço

Gomes destaca que além dos tutorias disponíveis na internet pra aprender novas técnicas e habilidades de artesanato, os cursos da Setre, as capacitações de gestão e eventos de artesanato são oferecidas pelo Sebrae. “O Sesc e o SENAI também capacitam este público nas áreas técnicas, que podem ensinar ao fabrico, manuseio e operação e produção especificamente”, diz. 

Quando o assunto é dar preço à produção, o representante do Sebrae lembra que os produtos manuais não devem ser tratados de forma diferente de uma precificação de um produto industrializado. “Deve ser literalmente encarado como um negócio profissional. Em sua esmagadora maioria, inclusive, o produto artesanal permite a personalização, que já agrega valor ao negócio”, esclarece, lembrando que para precificar deve ser levado em conta todos os custos com material, insumo, matéria prima, entrega, retirada, gastos com água, luz, telefone, internet, desgastes de objetos, equipamentos, máquinas.  “Busque fazer o cálculo de sua mão de obra (horas de trabalho), além de observar o preço praticado pelos concorrentes sem deixar de considerar os diferenciais do seu produto e do seu público. Atentar para possibilidades de custos extras, embalagens”, orienta. Wagner Gomes destaca que é fundamental  pensar que o diferencial de um produto nem sempre é o preço. “O cliente pode até escolher o seu produto pelo preço, mas ele também vai te trocar pelo preço. Então, o negócio é entregar outros valores ao cliente: o que somente o seu produto ou serviço pode entregar ao seu cliente, além de um preço condizente?”, ensina.

Gomes destaca que as redes sociais podem ajudar muito na hora de comercializar os produtos. Basta saber utilizar da melhor forma possível. Ele lembra que é importante fazer capacitações ou buscar conteúdos que expliquem os conceitos do ambiente das redes e de marketing em geral. “Não diria que o artesão tenha que se graduar, mas é preciso entender um pouco sobre alguns termos e expressões desse universo. Expressões como Algoritmos, Métricas, Mídias sociais, Inbound Marketing, Marketing de conteúdo, Outbound Marketing, Funil de vendas, Lead, Persona, Landing page, Links patrocinados, Newsletter e Tráfego pago. Ter a noção de que terreno é esse vai ajudar bastante com as estratégias e operação de divulgação nas redes e na internet em geral”, finaliza.

O que fazer nas redes?

Se pergunte sempre: o que e como postar? Qual a rede ideal para cada público? Qual rede social seu público mais utiliza? E quais horários eles costumam olhar? O que gostam de ver? Vídeos? Fotos? Gostam de postagens engraçadas? Gostam de outros conteúdos? Quais? Com base nas respostas, invista na visibilidade do seu produto!

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