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Transformers aterrizam no campo brasileiro


 

Conheça superveículos utilizadas nas lavouras do país; venda de máquinas agrícolas deve crescer 10% em 2019

  • Georgina Maynart

Publicado em 12/05/2019 às 13:00:00
Atualizado em 19/04/2023 às 18:31:04
. Crédito: (Foto: Fendt AGCO)

Eis um segmento que sabe o que significa expansão. Cada vez maiores, e com mais tecnologias acopladas, as máquinas agrícolas não param de se espalhar pelos campos do Brasil. Estimativas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) indicam que as vendas devem crescer cerca de 10% este ano.

Entre janeiro e março de 2019, em todo o país, as vendas de tratores já ultrapassaram este percentual. Foram vendidos mais de 6.765 unidades, quase 15% a mais do que no ano passado, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). No caso das colheitadeiras a elevação nas vendas já passou dos 55%.

A mecanização, apontada como fator principal para redução dos custos e aumento da produtividade, se intensifica ainda mais quando há expectativa de boa safras. Os agricultores se apressam para trocar o maquinário. Os equipamentos vão facilitar a retirada dos grãos, a colheita de cereais e frutas, ou simplesmente vão subsitituir os altos encargos com mão-de-obra.

E se a redução do crédito agrícola público intimida os produtores rurais, a esperança de uma farta colheita faz os agriculores investirem. Com preços que variam de R$ 50 mil a R$ 2 milhões, estas supermáquinas brilharam na Agrishow 2019, realizada em Ribeirão Preto, São Paulo. O CORREIO esteve lá, e destaca abaixo os principais lançamentos. (Foto: New Holland) Recém chegado

Nem bem ingressou no Brasil, a fabricante Fendt já está registrando a venda dos tratores 1050 Vario. A comercialização começou ainda durante o lançamento da máquina no mercado brasileiro, realizado na Agrishow. A máquina tem motor MAN de 12,4 litros e 517 cv. A capacidade é de 1100 e 1500 rpm, com tecnologia que permite baixo consumo de combustível.

“Os nossos engenheiros projetaram máquinas que entregam soluções inovadoras e que oferecem robustez e conforto em um sistema motriz de alta tecnologia, que dispõe do máximo de torque e potência. Estas novidades farão a diferença para o dia a dia no campo”, afirma José Galli, diretor de Negócios Fendt na América do Sul.

Os tratores possuem design arrojado e estão sendo comercializados na versão básica por US$ 450 mil, cerca de R$ 1,8 milhão. A marca alemã pertence ao grupo americano AGCO, que no ano passado registrou receita líquida de vendas de US$ 9,4 bilhões. Versão básica do trator Vario 1050, da Fendt, estreante no Brasil, custa a partir de 1 milhão e 800 mil reais. (Foto: Fendt AGCO)  Dobráveis

A partir de R$ 900 mil. Este é o valor básico de uma plantadeira dobrável, de 24 linhas, da série Momentum da fabricante Massey Fergusson. Considerada inovadora, ela possui um sistema articulado que torna desnecessário desmontar a máquina no momento do transporte. Aberta, a plantadeira atinge de 10 a 18 metros de largura. Fechada, ocupa apenas 3,6 metros. O acionamento do suporte é automático.

As vantagens não param por aí. O equipamento, recomendado para grandes plantações, garante melhor distribuição de sementes, podendo alcançar um nível de singulação, de acertos, de até 99,6% nas plantações de milho. A máquina já sai de fábrica com dosador de sementes e com monitor Geração 3, que possibilita verificar a velocidade do plantio e os mapas da lavoura, além de acompanhar, segundo a segundo, os dados da operação. Fechada, plantadeira dobrável reduz largura para 3,6 metros. (Foto: Massey Fergussson) Aberta, plantadeira alcança até 18 metros de largura. ( Foto: Massey Fergusson) "A Momentum vai contribuir para que os agricultores obtenham os melhores resultados no campo, independentemente da cultura. Além disso por ser dobrável, a plantadeira proporciona maior agilidade na utilização”, afira Vinicius Gehlen, supervisor de Marketing de plantadeiras da Massey Fergusson para a América do Sul.

A plantadeira armazena até 5.130 litros de sementes e possui ainda autonivelamento das linhas, através do Smart Frame. É um sistema que mantem todas as linhas sempre em contato com o solo, depositando a semente na profundidade ideal, mesmo em terrenos com curvas de nível. Há versões com 24, 30 ou 40 linhas de plantio. Apesar do peso da estrutura, a máquina ainda é capaz de atingir até 10 km/h. A plantadeira é fabricada 100% no Brasil, na unidade da empresa no Rio Grande do Sul.

Acessibilidade

Ela ainda não tem valor de mercado definido, mas promete revolucionar o segmento de máquinas agrícolas ao oferecer a acessibilidade para operadores que tem deficiência fisica. Este é o conceito inclusivo da retroescavadeira B95B, fabricada pela New Holland.

Desenvolvida na fábrica de Contagem, em Minas Gerais, o protótipo foi apresentado durante a última Agrishow, em Ribeirão Preto. O modelo é uma versão conceito de uma das retroescavadeiras de maior sucesso no mercado brasileiro. A fabricante promete oferecer conforto e praticidade, além de garantir iguais condições de trabalho para quem tem mobilidade reduzida. Comandos da retroescavadeira foram adaptados para trabalhadores com deficiência física ou com mobilidade reduzida. (Foto: New Holland) A máquina tem plataforma de elevação, e um joystick que comanda os movimentos para tornar possível o acesso à cabine, além do embarque e desembarque do operador. Alguns dispositivos como freios e aceleradores foram adaptados para permitir a operação manual. 

A New Holland é uma marca do grupo CNH Industrial. O grupo tem como tradição produzir máquinas de grande porte, como a linha de colheitadeiras CR 1090, fabricada na Bélgica e considerada a maior do mundo. Com 4 metros de altura e 8,6 metros de comprimento, a máquina tem capacidade para colher até 797 toneladas de soja a cada oito horas. A potência tem 598 cv. Com uma tecnologia exclusiva de duplo rotor, mesa autonivelante para as inclinações do terreno, e regulação automática de velocidade, a colheitadeira gigante é comercializada no Brasil por preços a partir de R$ 1,5 milhão.

O grupo também é detentor da linha de tratores T9, que estão entre os maiores do mundo. Com uma tecnologia exclusiva de gerenciamento de potência do motor, sistema que permite manter a velocidade constante independente da carga, e monitor IntelliView, o trator gigante é comercializado no Brasil por valores a partir de R$ 700 mil.

Considerada a recordista mundial de colheita, a CR 1090 tem 8,6 metros de comprimento e alcança mais de 4 metros de altura. Preço:  a partir de 1 milhão e 500 mil reais. (Foto: New Holland) Maior trator fabricado no Brasil, o T9 da New Holland, tem mais de 5 metros de altura e custa a partir de R$ 700 mil (Foto: New Holland) Menos compactação

O sistema de esteiras de borracha, de cara, é o item que mais chama a atenção nos tratores articulados Quadtrac da Case IH, marca da CNH Industrial. O equipamento foi projetado para melhorar o plantio ao reduzir a compactação do solo, exercendo três vezes menos pressão do que os equipamentos sem esteira.“O desempenho também é maior em condições de solo úmido e em áreas inclinadas, proporcionando economia de tempo. As máquinas são ideais para atuação em agricultura de larga escala”, afirma Silvio Campos, diretor de Marketing de Produto da Case IH.De acordo com os engenheiros, as esteiras ancoradas no eixo proporcionam maior capacidade de tração, fator que garante menor consumo de combustível. Elas também favorecem a flutuação do equipamento fornecendo mais conforto ao operador. 

Os tratores, com esteiras de 30 polegadas, são considerados os de maior capacidade de tração do mundo. A potência varia de 507 cv até 629 cv. O equipamento tem 24 válvulas e 6 cilindros, e já vem com motor Cursor 13, da FPT Industrial. Acoplado ao equipamento também está o sistema de transmissão continuamente variável, que proporciona maior transmissão de energia e diminuição dos custos de manutenção. Com dupla aptidão, tanto para atividade agrícola quanto para construção, a máquina custa em média R$ 2 milhões. Com esteiras de borracha articuladas, o trator Quadtrac promete diminuir a pressão sob o solo. Máquina custa em média R$ 2 milhões (Foto: Case IH) Pequeno notável 

Ele não é tão imenso quanto as outras máquinas, mas possui diversas qualidades projetadas para atrair os produtores rurais que cultivam frutas. É o trator estreito fruteiro A93F da Valtra, que teve a versão cabinada lançada na Agrishow 2019.

O trator da série A3 possui motor AGCO Power eletrônico de três cilindros, com potência de 99 cv, considerado o mais potente do segmento.

Ele já sai de fábrica de acordo com a lei de controle de emissões (MAR-1), que prevê a diminuição em até 85% da emissão de poluentes, como monóxido de carbono e hidrocarbonetos.

Outro destaque do A93F é a ergonomia, planejada para proporcionar mais conforto para o operador que precise enfrentar longas jornadas. O trator tem coluna de direção regulável com ajustes de altura, porta-objetos, porta-copos, fluxo aprimorado de ar-condicionado e entrada USB.

O painel de controle mostra informações instantâneas como distância percorrida, área trabalhada, diagnóstico do motor e consumo de combustível. O A93F foi projetado para pomares estreitos, principalmente de frutas. Preço: R$ 170 mil. (Foto: Valtra Divulgação)  O trator vem sendo considerado um dos mais versáteis do mercado por possuir quatro opções de transmissão e três opções de velocidade de TDP, sigla em inglês para a Energia Térmica do Projeto, que indica a quantidade máxima de energia dissipada pelo sistema de refrigeração. A capacidade de levante de 3.135 kg.

O preço varia a depender da região por conta dos impostos e da tecnologia embarcada. Mas a versão com cabine custa em torno de R$ 170 mil. A Valtra está no mercado brasileiro desde 1960, tem forte presença no segmento de cana-de-açúcar e possui 173 pontos de venda espalhados pelo país.

Carregadeira Agrícola

Gigante no segmento de máquinas para construção civil, com um faturamento anual de US$ 54,7 bilhões, a Caterpillar está lançando um modelo de carregadeira agrícola de rodas, a Cat 914K Ag Handler.

Produzida no Brasil, a máquina tem um recurso de engate rápido e uma articulação otimizada em Z, que permitem um levantamento paralelo. A carregadeira tem motor mecânico com 98HP de potência liquida, transmissão hidrostática controlada eletronicamente, sistema eletro-hidráulico de última geração, controles fáceis de manusear, e uma série de manipuladores de fardos de algodão e big bag, as conhecidas bolsas de armazenamento. A Cat 914K Ag Handler custa a partir de R$ 315 mil, e possui série de manipuladores para fardos de algodão. (Foto: Caterpillar) Segundo a fabricante, a carregadeira foi desenvolvida para auxiliar no aumento da produtividade e da eficiência, e para reduzir o custo de operação.

“Estamos trazendo soluções para as aplicações que antes exigiam do produtor adaptações em seus equipamentos para a realização de determinadas tarefas”, afirma Renata Farina, gerente comercial dos segmentos de construção leve e agricultura da Caterpillar.

Um sistema antifurto, acoplado ao equipamento, possui um teclado eletrônico que protege eletronicamente a ignição do motor. Já a tecnologia VisionLink auxilia no rastreamento da máquina e no monitoramento de horas trabalhadas. O preço de referência da carregadeira gira em torno de R$ 315 mil.