Três lutos e um livro

Substantivo Luto será lançado neste sábado (17) às 21h, no canal @substantivoluto do Instagram

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  • Flavia Azevedo

Publicado em 16 de abril de 2021 às 06:00

- Atualizado há 10 meses

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Ana Fernanda é jornalista (Foto: divulgação) O e-book reúne 17 crônicas escritas pelas jornalistas Ana Fernanda Souza e Mônica Santana e fotografias produzidas por Priscila Fulô. As três - cada uma com a própria linguagem - refletem a partir de perdas pessoais, nestes tempos em que "perder" virou um verbo tão comum, mas permanece, como sempre, de difícil assimilação.

Mônica e Ana escreveram a partir de lutos pessoais vividos entre 2020 e 2021. Também no mesmo processo, Priscila registrou o cotidiano de uma ausência importante. As criadoras perderam as próprias mães numa mesma época, em meio à pandemia. Junto com isso, passaram a verificar, entre as pessoas queridas, uma grande número de perdas e a necessidade de refletir sobre isso. Mônica é jornalista e performer  (Foto: divulgação) O pessoal é ponto de partida, portanto, do um olhar que chega à experiência coletiva. De acordo com Mônica, o livro nasce como uma necessidade de olhar para a experiência da perda não para ser superada, mas para ser lembrada e lida como um ponto de passagem das nossas vidas: "atravessamos uma parte dos nossos lutos produzindo textos e imagens, fazendo do ato criativo um exercício de recriar a nós mesmas e acreditar que a arte sana dores”. Um processo terapêutico também para Ana que diz: "não foi fácil escrever a respeito de um processo tão doloroso como o luto mas, ao mesmo tempo, foi mais do que necessário para lidar com tudo o que estava acontecendo”.

As fotografias de Priscila mostram os dias de ausência da mãe, o novo cotidiano de se desfazer de objetos e espaços, antes preenchidos por essa presença: “a intenção era produzir imagens que trouxessem, de forma íntima, o luto, mas também os sentimentos novos, dúvidas simples como 'quantos pães comprar agora que minha mãe não está mais aqui'?”. Priscila Fulô é fotógrafa (Foto: Adriele Silva) O escritor e poeta Alex Simões, que assina o prefácio do e-book, diz que “Ana Fernanda e Mônica nos lembram da importância dos ritos. A primeira nos relata dois lutos, como filha, como amiga-sócia, e sendo mãe do neto que conviveu intensamente com a avó em seu final de primeira infância. A segunda nos apresenta o luto de filha que remete aos lutos da sobrinha e neta, na partilha da dor com sua irmã, Priscila Fulô, que assina os registros fotográficos presentes neste livro. As escritoras retornam às casas de suas mães/de suas infâncias no processo de cuidar (um tema tão importante e para o qual nós, sobretudo os homens, não somos e muitas vezes nem queremos ser preparados), e depois para viver e conviver com os espaços físicos repletos de memórias nada abstratas”.

Substantivo Luto será lançado pela Andarilha Edições e contou com a produção de Fabiana Marques, pela Árvore Produtora. O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultural do Ministério do Turismo, Governo Federal. 

Serviço

Lançamento do e-book Substantivo Luto 

Live com as autoras e com convidadas(os)

Amanhã (17), às 21h, no canal @substantivoluto do Instagram 

Livro disponível para download no site (a partir de 12 de abril):

Booktrailer do livro: https://www.youtube.com/watch?v=C3D37UKdyUM

SOBRE AS AUTORAS

Ana Fernanda Souza - Decidiu ser jornalista com a intenção de se tornar escritora. A trajetória profissional inclui passagens por jornais de Salvador, trabalhos como educadora e gestora em organizações não-governamentais e criação de conteúdo em marketing digital. Foi palestrante TEDx e representa, em Salvador, o movimento internacional Fashion Revolution, por mais transparência e sustentabilidade na moda. É mestra em Estudos Multidisciplinares da Cultura. "Substantivo Luto" é seu primeiro livro.

Monica Santana - É jornalista, performer, dramaturga, crítica teatral e educomunicadora. Mestre e Doutoranda pelo PPGAC/UFBA. Cursou especialização em Jornalismo e Direitos Humanos pela UniJorge. Bacharel em Comunicação Social pela Universidade Federal da Bahia. Atriz desde 1999. Com o solo teatral Isto Não É Uma Mulata, venceu o Prêmio Braskem 2015, Categoria Revelação, integrando a lista das 25 Mulheres Negras Mais Influentes da Internet em 2015, segundo o site Blogueiras Negras, e nas artes, pelas ativistas feministas do Think Olga. É autora dos solos Sobretudo Amor e Aprendizagem e dirigiu, junto com Priscila Fulô, o minidoc Cartografando Afetos, reunindo entrevistas com mulheres negras sobre afetos. 

Priscila Fulô - É fotógrafa e Bacharel Interdisciplinar em Artes, com ênfase em Cinema, pela Universidade Federal da Bahia. Seu interesse passa por fotografia, direção de fotografia, iluminação cênica e design.