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Tristeza sem fim: Brasil chega a 300 mil mortes por covid-19 sem saber onde tragédia pode chegar

País alcança marca desoladora apenas dois meses e meio após registrar 200 mil óbitos

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  • Da Redação

Publicado em 24 de março de 2021 às 16:44

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Daniel Aloisio/CORREIO

Nesta quarta-feira, 24 de março de 2021, o Brasil alcançou a marca de 300 mil vítimas fatais da covid-19. O país é a segunda nação do mundo a alcançar essa marca, superada apenas pelos Estados Unidos, e chega a esse triste momento apenas dois meses e meio depois de alcançar 200 mil mortes. Foram, pelo menos, 100 mil vítimas da doença em 76 dias!

O número foi atingido mesmo com a mudança no sistema de notificação do Ministério da Saúde. Com dados novos de 10 estados (AL, BA, GO, MG, MS, MT, PR, RN, SP e TO) desde a véspera, o país soma agora 300.015 óbitos. Casos confirmados de covid-19 são 12.183.338. Nas últimas 24h, foram 1.172 vítimas, segundo o balanço parcial (dos 10 estados citados) até as 16h40.

Os números reais podem ser ainda maiores, já que o governo federal passou a exigir mais dados sobre cada vítima da doença no país para considerar na estatística oficial do Estado brasileiro.

Desde o dia 5 de março, o Brasil é o país com o maior número diário de mortes por covid-19, superando os EUA. Ontem, bateu outro recorde, com mais de 3 mil mortes registradas em apenas um dia. O número é realmente impressionante: só para efeito de comparação, são todas as pessoas que moram em Camaçari, uma das maiores cidades da Região Metropolitana de Salvador.

Nessa escala, os números já não são distantes de nós. Estão no relato da vizinha que perdeu o marido, na prima que mora longe ou mesmo no condomínio ou na nossa rua. Direta ou indiretamente, todos perdemos alguém ou conhecemos alguém que se foi. Trezentos mil. O descontrole da pandemia aqui tem reflexo no mundo. O Brasil completou na sexta-feira, 19, o período de duas semanas como o país com mais mortes diárias pela covid no mundo, apontam dados da plataforma Our World in Data, ligada à Universidade de Oxford (Reino Unido). Nessa última semana, o Brasil foi responsável por 27% dos óbitos de todo o planeta. O País ultrapassou os Estados Unidos na sexta-feira, 5, quando registrou 1,8 mil novos óbitos (ante 1.763 dos EUA). A partir daí, a diferença só aumentou.

A maior crise sanitária e hospitalar da história do País, na definição da Fiocruz, tem vários rostos por trás dos números. São pessoas que sofreram perdas - algumas evitáveis - relacionadas às diversas carências do Brasil no combate à pandemia. Em Bauru, a família do comerciante Marco Aurélio Oliveira precisou de uma medida judicial para conseguir uma vaga na UTI. Em Teresina, a técnica de enfermagem Polyena tentou uma reanimação no chão por falta de maca disponível - a unidade de pronto-atendimento (UPA) estava cheia.

Para Domingos Alves, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, nada indica que vamos retroceder em breve Ele aponta que a média móvel de mortes vai chegar a 3 mil. "Quanto mais aguda a pandemia, maior é a politização e a falta de gerência da pandemia. Atingimos 300 mil óbitos no meio da troca no Ministério da Saúde. Temos um dos piores indicadores do mundo."

Com postura negacionista ao longo da crise sanitária, críticas à quarentena, defesa de remédios sem eficácia contra a covid e promoção de aglomerações, o presidente Jair Bolsonaro tem sido criticado no Brasil e no exterior. Nesta semana, ele fez a terceira troca no comando do Ministério da Saúde. Sai o general Eduardo Pazuello, alvo de investigação por suspeita de omissão na resposta à crise hospitalar em Manaus em janeiro e responsável pelo encalhe de milhões de testes de covid perto da validade em armazém do governo federal. Chega agora o cardiologista Marcelo Queiroga, cujas primeiras declarações evitaram confrontar as ideias de Bolsonaro sobre o isolamento social.

Além das dificuldades de gestão, o Brasil convive com o avanço de novas variantes do vírus, como a de Manaus, que estudos já mostraram ser mais transmissível, e o ritmo lento da vacinação diante da falta de doses. "A questão que se coloca é: quando atingiremos 400 mil mortos, o que deve acontecer rapidamente. Teremos agora uma crise funerária", alerta Domingos Alves.

Para Eliseu Waldman, epidemiologista e professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, a providência agora é tentar minimizar danos. "Uma medida importante a ser tomada é o lockdown em boa parte do País. Isso pode diminuir a transmissão do vírus e aliviar a pressão no sistema de saúde. Também é fundamental repor os insumos básicos e medicamentos, pois os médicos não terão condições de atender. E também precisamos acelerar o processo de vacinação, o que dificilmente deve ocorrer", opina.