Tudo nosso: 10 formas de ganhar até R$ 6 mil com a economia compartilhada

'Uberizou' geral: Dá até para alugar amigo ou o goleiro para o baba do final de semana e um jantar em casa para desconhecidos

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  • Priscila Natividade

Publicado em 16 de setembro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marina Silva/ CORREIO

Depois que o próprio carro virou uma alternativa de ganho extra, mesmo  ali no caminho até o trabalho,  a ‘uberização’ da economia virou moda. E não tem volta. Ninguém é de ninguém, nada absolutamente te pertence e tudo - ou quase tudo - é de todo mundo. Em tempos de aperto no orçamento, o que vale é garantir uma renda a mais. 

E mercado para oferecer este tipo de serviço tem. E muito. Segundo um levantamento recente feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), oito em cada dez consumidores pretendem adotar prátiocas de economia colaborativa.

Ainda de acordo com o mesmo levantamento, as modalidades de consumo colaborativo  mais comuns são as caronas para ir ao trabalho, faculdade, passeios ou viagem (42%), o aluguel de residências para curtas temporadas (38%), além do compartilhamento e da locação de roupas (33%).

O CORREIO pegou carona nessa tendência de ‘uberizar’ bens e serviços e listou, pelo menos, 10 formas de ganhar dinheiro compartilhando coisas. Aliás, todo tipo de coisa. Há opções de ganho que podem chegar a R$ 6 mil, como, por exemplo, com a oferta de experiências gastronômicas em casa por meio do aplicativo Dinneer.

“Existem anfitriões que conseguem uma renda extra de R$ 6 mil por mês somente realizando jantares. A plataforma retém uma taxa de 20% e o anfitrião recebe 80% do valor total de suas vendas”, explica o criador do Dinneer, Flavio Estevam. 

Vale tudo

Dá para compartilhar até amigo e, porque não, a posição no baba que muita gente disputa no palitinho: a de goleiro. Quem quiser ganhar dinheiro e de quebra, um amigo pode se vender na Rent a Local Friend. A ideia é oferecer sua expertise local na hora de ofertar serviços de turismo de experiência. “Que o ganho é sempre proporcional ao nível de engajamento que você tem. Quanto mais você usa, mais sobre no seu ranking”, destaca a criadora  da plataforma, Alice Moura. 

Ainda na pegada do compartilhamento, o aplicativo Goleiro de Aluguel convoca o ‘paredão’ para compor todo tipo de time. A hora inicial por jogo vale R$19,79. Porém, quanto mais o goleiro entra em campo, menor é a taxa de intermediação. 

“Nas capitais a média de é R$ 350 por mês, já os goleiros que ficam entre os primeiros colocados no ranking conseguem ganhos acima de R$ 2 mil”, pontua um dos fundadores do Goleiro de Aluguel, Samuel Toaldo. 

Renda alternativa

Grana extra é boa, todo mundo gosta, mas é preciso saber gerenciá-la para que ela não se perca em meio às contas. A dica é do educador financeiro do canal Dinheiro à Vista, Reinaldo Domingos. 

“Para isso, determine metas de consumo para não correr o risco de gastar todo o dinheiro extra com supérfluos. Tem que ter propósito”.

Outro conselho é ficar atento às avaliações dos usuários. “Seja qual for o aplicativo, para ganhar bem e garantir esse dinheiro extra é fundamental construir uma boa reputação, tanto de quem presta o serviço quanto para quem é cliente”, acrescenta Domingos. 

'TEM QUE GOSTAR DE SER ANFITRIÃO' Flávia Araújo (centro) chega a ganhar R$ 2 mil trabalhando de 15 em 15 dias e só nos finais de semana (Foto: Arquivo Pessoal) Flávia Araújo, comunicóloga  Casei com um paulista bem típico e fui morar em São Paulo. O dendê, não saiu. E mais: meu marido teve que se ‘abaianar’ para receber desconhecidos dentro de casa. Tinha um trabalho fixo, mas eu queria acompanhar o crescimento do meu filho. Vi uma matéria na época, no programa de Ana Maria Braga sobre restaurantes que começavam em casa. Então, eu encontrei o Dinner. Minha casa virou um um espaço de aconchego tanto para baianos como para quem nunca foi na Bahia. Com  o ‘Quitutes de mainha’ ofereço comida baiana com moqueca, acarajé e abará.  Entre março e junho deste ano, eu fiz o faturamento do ano passado inteiro, com uma média de R$ 1,5 a R$ 2 mil por mês, trabalhando de 15 em 15 dias e nos fins de semana. Tem que gostar de ser anfitrião. Sou uma baiana que tenho prazer e orgulho de ser. É o que eu coloco na experiência gastronômica.

'SALVADOR AJUDA MUITO' O instrutor de mergulho Mário Bruno colocou em oferta atividdades como stand up pedal, mergulho e passeio de barco  (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Mário Bruno Rocha, instrutor de mergulho Sou instrutor formado na Associação Nacional de Instrutores Subaquáticos (NAUI) há mais de 15 anos. Tenho uma escola de mergulho localizada no Porto da Barra, a Galeão Sacramento. Por meio do Aibnb, passei a oferecer aos viajantes experiências como stand up pedal, mergulho e passeio de barco. Com isso, mesmo na baixa estação atendemos muitas famílias que estão viajando utilizando a plataforma. Só no  verão passado foram 600 pessoas durante o período. Como as experiências, a nossa expectativa é superar o mesmo período. A nossa média financeira mensal com as três atividades chega a R$ 5 a 6 mil. Salvador ajuda muito. Dia ruim é só em dia de chuva. A dica é fazer um bom trabalho com responsabilidade. Isso vai garantir não só o retorno do cliente, mas credibilidade e uma boa reputação. E mais gente vai chegar, com certeza.

10 MANEIRAS DE COMPARTILHAR PRODUTOS E SERVIÇOS

1. A amizade tem um preço Na Rent a Local Friends, a pessoa oferece ela mesma para ser um amigo local de alguém que está viajando, como explica a criadora da plataforma, Alice Moura. “É um serviço de turismo de experiência de ser alugado como um amigo local”. Não há desconto de taxas, porém o usuário paga uma taxa anual de 144 dólares para fazer parte da comunidade. “Se ele usar bem as ferramentas disponíveis, maior a chance de vender. A gente tem espaço para subir vídeo, dicas locais no próprio perfil. Se o usuário se dedicar a ter uma página com mais informações e testemunhos, melhor”. O segredo é ser engajado: “Quanto mais você usa, mais sobe no ranking”. 

2. ‘Masterchef’  O Dinneer conecta anfitriões que recebem turistas e moradores locais para viver uma experiência gastronômica. Segundo o criador do aplicativo, Flávio Estevam, realizou até o momento, mais de 20 mil experiências, onde cerca de 70 mil pessoas já foram comer na casa de um desconhecido ou receberam um desconhecido em casa. “Cada anfitrião coloca o valor da experiência completa por pessoa. A primeira dica sempre é preparar uma boa apresentação no perfil. Boas fotos, uma descrição bacana aumentam cerca de 200% as chances de receber reservas frequentes pelo Dinneer. Primeiro as pessoas comprar com os olhos e depois vão avaliar preço”, aconselha Estevam. 

3. Goleiro do baba Até mesmo o baba do final de semana pode ser uma alternativa de grana extra. Com o aplicativo Goleiro de Aluguel, o usuário recebe 60% do valor da partida que custa R$ R$ 32,99 por hora. “Após a partida o contratante avalia a pontualidade, personalidade, técnica e se o goleiro estava com a camisa oficial. Essas notas formam um ranking, onde os melhores são premiados”, afirma um dos fundadores do Goleiro de Aluguel, Samuel Toaldo. A Bahia tem 946 goleiros e 277 contratantes cadastrados. “Se você já tem um jogo marcado no local, a prioridade para receber convocações no mesmo campo será sua. O prazo para recebimento é de 15 dias”, pontua Toaldo.  

4. Entregas   Se tornar entregador é mais uma atividade que cresceu bastante com a economia compartilhada.  Na Rappi, para cada entrega realizada, os entregadores parceiros recebem um valor específico, que varia de acordo com o clima, dia da semana, horário, distância percorrida e complexidade do pedido. “Além disso, a Rappi possibilita que os clientes deem gorjeta aos entregadores por meio do aplicativo, o que contribui para um ganho maior”, afirma head de Growth e Marketing da Rappi no Brasil, Fernando Vilela. Para ser um entregador é exigida a apresentação de RG e CPF. E, caso opte por usar motocicleta, também deve mostrar documento do veículo e CNH.  

5. Caronas  As viagens compartilhadas chegam como uma forma, na verdade, de economizar ao dividir os custos de um determinado trajeto.  Com o aplicativo Blablacar, O condutor que compartilha uma viagem com três pessoas no carro consegue reduzir seus custos em até 75%. “Uma viagem de Salvador para Aracaju, por exemplo, acaba sendo 50% mais econômica que um ônibus convencional. Já o trecho Salvador - Feira de Santana pode sair 35% mais econômico que um ônibus convencional, se feito de carona”, compara diretor-geral da BlaBlaCar no Brasil, Ricardo Leite. Na Bahia foram dadas mais de 150 mil caronas - três vezes mais do que o volume do ano passado.  

6. Aluguel de equipamentos  Investiu uma grana numa go pro, ou numa lente fotográfica que está parada em casa? Ganhe dinheiro alugando equipamentos fotográficos e acessórios na plataforma Allugator. “Os usuários só precisam deixar os seus equipamentos com a gente. Nós armazenamos e cuidamos de todo o processo: logística, segurança, comercialização. Alugamos os equipamentos e dividimos a receita com o(a) proprietário(a)”, explica o presidente da empresa, Cadu Guerra. Os usuários que colocam câmeras no Allugator faturam entre R$100 e R$700 mensais. “Nossa maior distribuição de royalties feita no mês passado ficou um pouco acima de R$700. Os usuários ganham entre 20% e 40% do valor faturado”. 

7. Cuidador de animais  Dá também para dividir a casa com um bichinho de estimação de outras pessoas. Com o Dog Hero, o anfitrião pode chegar a faturar, em média, R$ 5 mil. Na Bahia, são 500 anfitriões cadastrados. A plataforma deve lançar o serviço de passeios em Salvador ainda neste mês, conforme adianta o cofundador da DogHero, Eduardo Baer. “Os valores da hospedagem são definidos por cada anfitrião e variam entre R$ 30 e R$ 70 por noite.  Temos casos de anfitriões que chegam a ganhar mais de R$ 5 mil por mês”, afirma. Para se tornar anfitrião é preciso realizar testes de conhecimentos sobre cachorros. “Após a aprovação, o aplicativo disponibiliza cursos online”, completa. 

8. Brechó online  Na plataforma Troc é possível intermediar todo tipo de negócio que o guarda-roupa permitir por meio do brechó online. “Em média quatro mil peças são recebidas  por mês. Para quem quer vender, é a forma mais prática. Todos podem vender na Troc. O envio é gratuito, basta solicitar no site o código dos Correios. A Troc recebe, analisa, fotografa, anuncia e envia quando vendido. A vendedora define o valor final e saca o valor direto do site para sua conta bancária”, destaca a fundadora da Troc, Luanna Toniolo. A plataforma tem também um programa de indicação. “Nosso programa recém-lançado garante que aquele que indica a Troc ganhe R$30 toda vez que o indicado realizar uma compra”. 

9. Hospedagem e experiências  O Airbnb se transformou em referência para quem quer alugar parte da casa ou até mesmo o imóvel inteiro. No último ano, foram registradas 57 mil chegadas de hóspedes em imóveis anunciados em Salvador. Ainda de acordo com dados do Airbnb,  a média de ganho anual de um anfitrião chega a R$ 3.540. Outra oferta de serviço está na venda de Experiências para esses visitantes, em que o ganho médio global registrado em 2018 foi de R$ 9.900 (ano). No Airbnb, 60% das exibições de anúncios começam com um hóspede clicando em uma foto. “Depois dos preços e avaliações, a fotografia é o fator mais importante para os usuários”, diz o Airbnb, que disponibiliza várias dicas na plataforma.   10. Motorista de aplicativo  A atividade que ajudou a popularizar o conceito de economia compartilhada não poderia ficar de fora da lista. Inclusive, o Uber começou a oferecer também  a opção de aluguel de carro para quem não tem um veículo. Há ainda o Uber Eats, para aqueles que preferem fazer entregas até mesmo com bicicletas. De acordo com informações disponíveis no site, os ganhos são transferidos automaticamente para a conta bancária a cada semana. As taxas variam de cidade e produto, conforme o Uber esclarece na aba ‘Entenda Seus Ganhos’. “Você recebe um preço base por viagem, somado a um valor por tempo e distância da viagem, além de outros valores como pedágios, preço dinâmico e promoções”.