Tudo o que precisa saber para ser um agroempreendedor

Setor tem cadeia produtiva ampla e que não para de crescer e gerar oportunidades

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  • Wendel de Novais

Publicado em 11 de janeiro de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

A pandemia do novo coronavírus trouxe consequências problemáticas para a economia brasileira. São diversos os setores que sofreram com as restrições no período e viram parte dos seus estabelecimentos fechar as portas, como o comércio e o turismo. No meio desse mar de problemas, um setor virou destaque por não só passar ileso ao período como ver a produção e o faturamento crescer durante 2020. O agronegócio remou contra a maré e viu o Produto Interno Bruto (PIB) do setor crescer 9% em um ano em que a demanda interna por alimentos aumentou e a exportação disparou por conta da limitação de outros países na produção.

O crescimento é resultado de características muito particulares de um setor, que é complexo e tem uma cadeia produtiva ampla, na qual existem diversas oportunidades. Prova disso é o panorama de 2020 descrito por Humberto Miranda, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb): "Nós não paramos de produzir e ainda conseguimos ajudar a Bahia na geração de emprego. O agronegócio mostrou-se resiliente, mesmo em ambiente adverso, não parou e conseguiu abastecer as gôndolas dos supermercados, mostrando sua importância", relata. 

Produção alta e geração de emprego

No ano passado, houve um crescimento de 15% na produção agrícola do estado. O volume exportado pelo agronegócio baiano cresceu 14,5% até o mês de novembro. De acordo com Miro Conceição, agrônomo e professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), o bom momento no setor pode fomentar formas de renda até para quem não tem um pedaço de terra. "Do dinheiro que o agronegócio movimenta, mais ou menos, 10% fica com o produtor rural, o dono da terra. Com a demanda de industrialização e o processamento dos produtos, são diversas as oportunidades geradas em apenas um produto. Por isso, existem empresas que, por exemplo, trabalham com a industrialização da batata, que chega natural e vai para os mercados já cortada e pronta pra fritar", explica. 

A atividade citada por Conceição é apenas um exemplo dos diversos serviços que faturam na área que os especialistas chamam de pós-porteira da cadeia produtiva do agronegócio. Assim como o professor, Adriana Moura, coordenadora de agronegócios do Sebrae Bahia, acredita que as atividades de industrialização e processamento dos produtos do agro são ótimas apostas. "O agro, que investe cada vez mais em tecnologia e tem visto o resultado disso em um crescimento contínuo do setor, é uma cadeia produtiva ampla, que gera oportunidades de emprego e renda em cada parte dela. Após deixar o produto pronto, existem múltiplos serviços como beneficiamento do grão do café ou mesmo a produção de laticínios, que podem ser realizados ainda por quem é dono da fazenda ou alguém de fora da porteira", informa. Adriana é coordenadora de agronegócios do Sebrae Bahia (Foto: Dario G. Neto/ASN Ba) Perspectiva de um 2021 produtivo

Para quem já pensa com carinho na possibilidade de procurar emprego ou mesmo empreender na área, as previsões dos especialistas são animadoras. Isso é o que garante o presidente da Faeb, que se compromete a trabalhar para que as expectativas se tornem realidade. "As perspectivas são boas, de um ano promissor. Para a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), o PIB do agronegócio terá um crescimento de 3% em 2021. Ou seja, de R$ 1,8 trilhão. Nós continuaremos na defesa do produtor rural, trabalhando para evitar a elevação dos custos de produção da atividade agropecuária".

A previsão positiva é compartilhada até pelos setores que foram mais comprometidos pela pandemia, como a indústria têxtil, que depende de produtos como o algodão. Para o presidente da Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa), Luiz Carlos Bergamaschi, 2021 pode reservar bons ventos para a cadeia produtiva do algodão. "A perspectiva é boa porque a previsão é de um clima bom, que aliado a tecnologia gera produtividade. Houve um recuo no consumo do algodão em 2020 pela parada da indústria têxtil. Mas, a partir de agosto e setembro, aconteceu uma retomada. E a retomada foi mundial, o que faz surgir a demanda de que sentimos falta. Só a indústria nacional deve consumir 700 mil toneladas, que é o normal e gera emprego e renda", prevê.

BOX COM DICAS PARA EMPREENDER NO AGRO

1 - Estude a cadeia produtiva do agro na sua cidade ou região para identificar qual produto processado tem mais mercado e/ou é mais atrativo para empreender.

2 - Invista não só em uma empresa, mas em cursos preparatórios que possam te dar o conhecimento necessário para potencializar o seu negócio.

3 - Construa uma rede sólida de contatos e logística entre os fornecedores da matéria prima que você vai necessitar e os clientes que vão obter os seus produtos. Isso vai facilitar o escoamento da sua produção e garantir o seu lucro.

*Com orientação da subeditora Monique Lôbo