Turismo é uma boa

Diversidade natural e cultural do país é imensa, aumentando o potencial de atrativos a serem desenvolvidos

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  • Waldeck Ornelas

Publicado em 26 de setembro de 2020 às 11:00

- Atualizado há um ano

Dentre as diversas atividades econômicas que se oferecem aos municípios, o turismo merece um destaque específico porque é uma possibilidade presente em cada um deles, ainda que seja apenas como atrativo para os que já têm vínculos locais. E o turismo se apresenta como uma boa opção econômica pela grande capacidade de envolver sempre uma ampla cadeia de micro e pequenas empresas e gerar elasticamente oportunidades de trabalho e renda.  

Face à enorme diversidade de ambientes naturais e culturais do país, é imenso o potencial de atrativos que podem ser desenvolvidos. Não é sem razão que o Mapa do Turismo Brasileiro já abrange nada menos que 2.694 cidades por todo o país, agrupadas em 333 regiões turísticas. 

O turismo tem a vantagem de comportar várias configurações distintas, atraindo públicos específicos, com base em características próprias de cada lugar. Assim, o turismo pode ser de lazer, negócios, esportivo, cultural, religioso, náutico, rural, ecológico e muito mais. Cada lugar pode então encontrar o seu espaço nesse amplo espectro de segmentos para atrair contingentes mais ou menos numerosos de visitantes. 

Em um município, um único atrativo natural pode servir de base para o início da construção de um destino turístico; uma única pousada com algum diferencial é suficiente para dar início a um fluxo turístico em direção a uma localidade; o fabrico de uma bebida, alcóolica ou não, ou um prato específico, constitui a base para desenvolver um ponto de atração. 

Os festejos tradicionais, cívicos e religiosos podem se tornar algo mais que simples eventos locais; a gastronomia pode se constituir em uma importante alavanca – não é sem razão que numerosos chefs constroem sua fama nas grandes cidades pesquisando ingredientes e hábitos alimentares no interior do país; o artesanato apresenta potencial muitas vezes desconhecido e pouco valorizado localmente; o patrimônio histórico tem uma grande força de atração, mas a  arquitetura em geral, representada por velhos casarões urbanos ou antigas sedes de propriedades rurais pode constituir um grande atrativo; sol e praia, nem precisa falar; mas também rios, cachoeiras, lagos, com seu potencial de esportes aquáticos e ecoturismo; também as práticas de bicicross e motocross, que precisam encontrar rotas apropriadas. Enfim, o turismo é um segmento tão rico e diversificado que até a observação de pássaros, para citar uma exemplo mais exótico, constitui base de sustentação. 

Nas grandes cidades, equipamentos de grande porte, como centros de convenções e eventos, pavilhões de feiras e exposições, equipamentos culturais, de recreação e lazer encontram o seu espaço, atraindo e dando sustentação a grandes redes hoteleiras. Mas não só isto: os exemplos do bumbódromo de Parintins, com seu festival folclórico em pleno interior do Amazonas; a festa do peão boiadeiro de Barretos, no interior de são Paulo; o São João de Campina Grande, na Paraíba; o Natal Luz de Gramado, no Rio Grande do Sul, são exemplos que o país nos dá de exploração saudável do turismo, criados a partir de iniciativas e valores locais. 

Tudo isto precisa, naturalmente e depois, de visibilidade, marketing, divulgação, promoção e, sobretudo, profissionalismo. No Mapa do Ministério do Turismo os municípios são categorizados de “A” a “E”. Além de representar o desempenho das economias turísticas locais, o Mapa subsidia a alocação de investimentos federais por parte do governo da União. Assim, convém que as prefeituras, pelas suas secretarias encarregadas de promover o desenvolvimento econômico, procurem se inserir nesse instrumento de gestão do governo federal, mantendo atualizados os seus dados. 

Uma das consequências esperadas da pandemia recente é que as longas viagens sejam, por algum tempo, reduzidas e substituídas por viagens mais curtas, abrindo espaço ainda maior para o turismo doméstico, local e regional. 

Waldeck Ornélas é especialista em planejamento urbano-regional.