Turista que morreu afogado em Arembepe estava de férias com os filhos

Ele trabalhava no Banco do Brasil e morava em Brasília

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  • Gil Santos

Publicado em 23 de julho de 2019 às 20:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/ CORREIO

O turista que morreu afogado ao entrar no mar da praia de Arembepe, no município de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), foi identificado como Cleofas Salviano Junior, 55 anos. Ele morava em Brasília (DF) e estava passando férias na Bahia com os dois filhos, de 12 e 14 anos, quando o acidente aconteceu, nessa segunda-feira (22).

Segundo o secretário de Turismo da cidade, Gilvan Souza, o homem trabalhava como servidor no Banco do Brasil e estava curtindo um dia na praia com os filhos quando resolveu entrar no mar. “Ele foi avisado por integrantes da pousada em que estava hospedado de que não deveria entrar no mar, mas insistiu e acabou vindo a óbito”, disse.

Ele foi retirado do mar por equipes do Grupamento Aéreo da Polícia Militar (Graer) e atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas não resistiu. A prefeitura informou que está oferecendo assistência aos familiares de Cleofas. Estruturas de alvenaria cederem diante da força das ondas (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO) A frente fria que chegou à Bahia na semana passada ainda está causando estragos. Em Arembepe, quatro restaurantes e 11 casas foram atingidos. Três estabelecimentos precisaram ser interditados. O vento chegou a 60 km/h e a ressaca também causou danos em Jauá e em praias de Mata de São João.

A prefeitura de Camaçari informou que técnicos do município visitaram as regiões mais castigadas pela fúria do mar e divulgou um relatório dos estragos.

Confira:

Busca Vida: Avanço do mar, de aproximadamente 30 metros acima do limite de praia, sem danos físicos ou registro de assoreamento. Forte presença de restinga no entorno da praia manteve a geografia com poucas alterações. Barcos e barracas sem danos físicos aparentes ou relatados.

Jauá: O avanço do mar causou danos em todas as barracas, oscilando entre a destruição total das estruturas e invasão de areia nos quiosques cedidos pela Prefeitura Municipal. A alvenaria no entorno da praia foi destruída e os escombros que permaneceram tiveram sua base de areia retirada pela força das ondas.

Arembepe: Danos físicos e avanço das ondas em barracas, restaurantes e pousadas. Nota-se assoreamento, entulho e estruturas expostas. A retirada dos barcos teve início na quinta-feira (18/7) e foi concluída na tarde de segunda-feira (22/7), totalizando a evacuação. Registro de uma ocorrência fatal com um turista hospedado em uma pousada da região. Pescadores precisaram suspender os trabalhos (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO) Guarajuba: Avanço considerável, porém abaixo do registrado em março, quando houve a queda da ciclovia. No entanto, a força das ondas e a ventania contribuíram para ampliar o assoreamento e retirada da base de sustentação dos coqueiros e barracas da região. Na segunda-feira (22), foi registrado a presença de turistas na Praia do Porto e funcionamento normal dos restaurantes de Prefeitinho JR e Carlinhos.

Itacimirim: Aumento no volume do rio, avanço de mais de 30 metros na faixa de areia. Sem danos físicos permanentes nas barracas ou nos barcos alocados na areia. Forte presença de restinga nos trechos visitados, poucas mudanças na geografia em torno da praia, mas registro de mudanças nos bancos de areia. Lixo e vegetação foram arrastados para a areia. Mar da Gamboa, em Salvador (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO) Outros estragos A praia de Vilas do Atlântico, em Lauro de Freitas, na RMS, também foi afetada pelo mau tempo. De acordo com a prefeitura da cidade, a barraca Araruama foi a que mais sofreu com a ressaca. Nesta terça-feira (23), representantes da Defesa Civil estiveram no local e informaram que não houve danos a pescadores ou as comunidades.

Na praia de Cacha Prego, em Vera Cruz, na Ilha de Itaparica, a força das ondas destruiu algumas estruturas e derrubou coqueiros. A prefeitura não divulgou o número de imóveis atingidos.

Em Salvador, duas crateras foram formadas por conta da ressaca. No bairro da Ribeira, na Cidade Baixa, surgiu um buraco em frente à igreja Matriz de Nossa Senhora da Penha, na Avenida Beira Mar. Já na Pituba, parte da calçada da Avenida Octávio Mangabeira precisou ser interditada porque o solo que sustentava a estrutura foi levado com a força da água. Os dois locais foram vistoriados pela prefeitura.   Cratera aberta na Ribeira (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO) Segundo o oceanógrafo e mestre em Engenharia Oceânica, Bruno Scherr, apesar dos estragos provocados pela força do mar, esse tipo de intensidade das ondas é comum nesta época do ano. Elas são provocadas por mudanças no clima no Hemisfério Sul e ocorrem com periodicidade diversa.

“No Outono e Inverno existe maior incidência de formação de fenômenos atmosféricos com ventos fortes no Hemisfério Sul, e são eles os responsáveis por gerar as ondulações. O processo é simples, as ondas são resultado de ventos intensos por longo período e em grandes áreas, o que chamamos de pista de vento. Isso tudo se torna mais frequente nesta época do ano e, por isso, as frentes frias chegam do sul”, afirmou. Engenheiros da Codesal observam o estrago na parte inferior da calçada da Pituba (Foto: Divulgação/ Codesal) Scherr disse ainda que os banhistas precisam reforçar os cuidados na hora de entrar no mar durante essa época do ano porque, além de provocar ondas maiores, a mudança no clima intensifica as chamadas correntes de retorno. “São trechos da praia em que há correntes que te puxam para dentro do mar. Elas seguem a força do vento e, como eles estão mais intensos nessa época, as correntes ficam mais fortes”, disse.

A recomendação vale também para quem está em alto-mar. É comum que no Outono e no Inverno algumas correntes mudem de sentido, por conta dos ventos. Por isso, é importante que pescadores e marinheiros fiquem atentos aos boletins divulgados pela Marinha do Brasil.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), não há previsão para o término das chuvas na capital baiana, e elas devem permanecer durante toda a semana. O órgão emitiu um aviso de ventos costeiros perigosos de segunda (22) até a manhã desta quarta-feira (24). Eles vão atingir o Nordeste, Sul e Recôncavo da Bahia.

Já a Marinha do Brasil destaca a presença de um forte sistema de alta pressão atmosférica no mar - uma massa de ar polar atuando nas costas das regiões Sudeste e Nordeste. Além disso, haverá em alto-mar ondas de 3 a 3,5 metros, até quinta-feira (25). Banhistas observam onda no Porto da Barra (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Esporte  O instrutor de surf e coordenador do Centro de Terapia do Surf, Ícaro Velasco, contou que esse período de ondas grandes é muito aguardado por surfistas da capital, mas que até os profissionais precisam reforçar os cuidados para evitar acidentes. A atenção deve estar voltada, principalmente, para a qualidades dos equipamentos usados no esporte.

“É importante usar materiais seguros e de qualidade, como elastique grosso e parafina passada, além de estar com os treinamentos cardíacos em dias. Quando se trata do mar, a prevenção de acidentes é sempre o primeiro quesito”, afirmou. Surfista pegando onda na Barra (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Ele aconselha que surfistas iniciantes não entrem no mar nessa época do ano, e afirmou que conhecer a geografia das praias é indispensável para evitar situações perigosas.

"A gente recomenda para iniciantes e intermediários não entrarem nesse mar porque ele apresenta várias situações de risco. Quem estiver começando e quiser entrar deve escolher locais com ondas menores, como Farol da Barra, e Língua de Prata, em Itapuã", disse.

Durante as outras estações do ano, os surfistas de Salvador se concentram em Arembepe, Jaguabibe e em outras praias do Litoral Norte, onde as ondas são maiores. Já no outono e inverno, o Barravento e a região do Hospital Espanhol, ambas na Barra, são os preferidos, assim como Stella Mares.