Um milagre de Natal

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  • Clara Albuquerque

Publicado em 25 de dezembro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Fim de ano é sempre a mesma coisa. Torcedores sul-americanos pedem por um milagre de Natal: que seu time vença o campeão europeu no Mundial de Clubes. Papai Noel, no entanto, não anda nada milagroso por aqui. Nas últimas 10 edições do torneio, apenas o Corinthians conseguiu a façanha de vencer um clube europeu (o Chelsea em 2012). E este único título sul-americano, no período, é o símbolo de uma mudança que presenciamos rodada após rodada de cada campeonato pelo mundo: o futebol virou de ponta cabeça.

Da primeira edição da Copa Intercontinental (reconhecida como Mundial), em 1960, até 1994, os sul-americanos conquistaram 20 títulos contra 13 dos europeus - duas edições não foram realizadas no período. Entre os brasileiros, tivemos títulos do Santos contra Benfica e Milan, do Flamengo contra o Liverpool, do Grêmio contra o Hamburgo e do São Paulo contra Barcelona e Milan.

A partir de 1995, no entanto, o jogo começou a virar. Os europeus se abriram para jogadores estrangeiros e aprenderam da melhor forma possível com o intercâmbio. Evoluíram em campo, estudaram, avançaram em tática e cresceram também fora das quatro linhas com organização, profissionalismo e, claro, poder econômico. O resultado? Das últimas 25 taças disputadas, 19 foram para o continente onde se joga, atualmente, o melhor futebol do mundo. Enquanto isso, o futebol sul-americano parou no tempo.

O mais incrível nisso tudo é que nem aquela máxima do futebol de que cada jogo tem sua história, o que na teoria, aumentaria as chances de um time azarão diante de um favorito, num torneio curto e de mata-mata, tem sido respeitada no confronto. O Real Madrid (ou o Barcelona, a Juventus, o Bayern de Munique e outros tantos) venceria o campeão da Libertadores não apenas num campeonato de pontos corridos, mas também naquele único jogo em que tudo pode acontecer (e isso considerando a vitória na semifinal, o que também não tem sido mais garantia). Não pode mais. O abismo é tão grande que o milagre de Natal parece cada vez mais improvável.

Às Claras O ano de 2018 foi cruel para a maior estrela brasileira no futebol: Neymar. O jogador do PSG teve sua primeira lesão mais séria na carreira, não foi bem na Copa do Mundo e, mesmo com números excepcionais no Campeonato Francês, não conseguiu provar ao mundo que ainda pode bater de frente com Messi e Cristiano Ronaldo. Pra mim, foi sem nenhuma dúvida o brasileiro que mais se desvalorizou no ano. Na Europa, de candidato a melhor do mundo, virou uma piada. Mesmo sendo o craque que é, e isso não se contesta, a imagem de Neymar mudou para os europeus e mudou para pior.

Mas calma que nem tudo é ruim neste Natal. Ao contrário de Neymar, outros brasileiros se valorizaram durante 2018. Arthur, por exemplo, no início do ano, estava no Grêmio e distante da Seleção Brasileira. Hoje, no Barcelona, tendo recebido elogios de Messi, é considerado o futuro do meio campo não só no time de Tite, mas também do clube catalão. O goleiro Alisson também merece ser lembrado. Teve um primeiro semestre mágico na Roma, chegando até as semifinais da Champions, e se transferiu para o Liverpool numa negociação recorde na época para a posição.

Clara Albuquerque é jornalista e correspondente na Europa.