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Waldeck Ornelas
Publicado em 22 de outubro de 2019 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
O sucesso extraordinário da exposição das invenções de Leonardo da Vinci, produzidas com alta qualidade e dedicado trabalho pelo engenheiro Thales de Azevedo Filho, chamou a atenção para o interesse que a ciência desperta entre nós. Realizada no Palacete das Antes (antigo Museu Rodin), por um curto período de trinta dias, a exposição recebeu mais de 70.000 visitantes, com destaque para a presença de alunos de quase duas centenas de escolas. Uma raridade entre nós. O sucesso da exposição mostra que faz muita falta à população baiana um espaço apropriado, de caráter permanente.>
Ocorre que temos um Museu de Ciência e Tecnologia. Implantado no governo Roberto Santos, como equipamento do Parque Metropolitano de Pituaçu, pertenceu originariamente à estrutura da Secretaria do Planejamento, Ciência e Tecnologia (Seplantec), tendo sido transferido para a Fundação Cultural do Estado da Bahia, que à época administrava todos os museus estaduais; posteriormente foi dependurado no organograma da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), assim como o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (Ceped), tendo sido transferido, a partir de 2013, para a atual Secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação. Fechado desde 2010, sua reabertura está prometida desde 2015.>
Todas as cidades do mundo que querem se qualificar costumam dispor de um museu desta natureza, que constitui importante ponto de apoio para as atividades educacionais das crianças e adolescentes, além de despertar o interesse do público em geral, inclusive turistas. Merece apoio pois a sugestão do Prof. Nelson Pretto (Leonardo da Vinci na Boca do Rio, A Tarde, 26/09/2019) de que os equipamentos davincianos de Thales de Azevedo Filho venham a ser incorporados ao Museu de C&T, renovando e ampliando o seu acervo, mas sobretudo por representar uma oportunidade para a sua revitalização.>
O fechamento do Museu de C&T pode até ser entendido, de certa forma, como reflexo das limitações fiscais do poder público, que vai cortando gastos, aqui e acolá, geralmente pelas áreas e atividades que despertam, de imediato, menor reação popular, independente das perdas que traga à sociedade. Mas essa não é a melhor solução.>
No estado de São Paulo todos os equipamentos culturais públicos estão geridos por organizações sociais, com contrato de gestão com o poder público e metas definidas a cumprir, cobram ingressos e constroem parcerias. Na Bahia ainda não se avançou para este tipo de solução, que parece hoje em dia mais compatível com a necessidade de uma gestão proativa, dinâmica e eficiente desses equipamentos.>
Tendo por missão a popularização da ciência, o Museu de C&T da Bahia foi o primeiro do gênero na América Latina. E nasceu inovador, como museu interativo, percussor portanto, dos modernos museus do presente. Projeto arquitetônico destacado, dos arquitetos Wilson Andrade e Miguel Wanderley, o Museu de C&T da Bahia, conta com portões de grande porte, obras do escultor Mário Cravo, o que lhe agrega ainda mais valor.>
É indispensável que a Bahia volte a contar com o seu Museu de C&T, e que não lhe falte a colaboração e o apoio da iniciativa privada, se não por mera filantropia, pelo menos contribuindo em relação a áreas que guardem conexão com suas atividades empresariais.>
Segundo a Secti, já existe projeto de recuperação, a ser executado com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Com a incorporação das peças produzidas por Thales de Azevedo Filho o Museu de C&T ficaria ainda mais enriquecido e na mesma linha de sua concepção inicial – interatividade e popularização. Waldeck Ornélas é especialista em desenvolvimento urbano-regional e ex-Secretário do Planejamento, Ciência e Tecnologia da Bahia.>
Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade dos autores>