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Kátia Borges
Publicado em 24 de julho de 2021 às 07:01
- Atualizado há 10 meses
Para quem nasceu um ano antes do lançamento da Apollo 11 e cresceu fascinada por viagens espaciais e vida extraterrestre, ao som de David Bowie (Ziggy Stardust, Life on Mars) e Elton John (Rocket Man), assistir a esses primeiros voos turísticos tripulados têm sido como entrar em uma espécie de Luna Parque. Como no poema de Adília Lopes, “quem cá vem não volta/não se volta atrás”.
Nas últimas semanas, dois bilionários deram a partida em projetos espaciais que seriam considerados inacreditáveis tempos atrás — Richard Branson (Virgin Galactic) e Jeff Bezos (BlueOrigin). O todo poderoso da Amazon, e homem mais rico do planeta, escolheu uma data simbólica para lançar a New Shepard: 20 de julho. Cinquenta e dois anos depois que Neil Armstrong pisou o solo lunar.
Há quem duvide da proeza da NASA, a agência aeroespacial norte-americana. Teóricos da conspiração, reunidos em comunidades ao redor do mundo, afirmam até hoje que a chegada de Armstrong à Lua não passa de uma fraude forjada pelo governo, com cenas gravadas aqui na Terra mesmo, em estúdios de cinema e em sets montados no deserto. E, mais, com a direção do cineasta Stanley Kubrick.
Bom, credibilidade é o menor dos problemas para os megaempresários que assumem o protagonismo na corrida espacial contemporânea. Suas missões são transmitidas com estardalhaço e em tempo real. E, a despeito de acidentes graves, como os da Columbia e da Challenger, que explodiram antes de sair da atmosfera, os bilionários arriscam seus valiosos pescoços nos voos inaugurais.
Foi assim com Branson e com Bezos. Já Elon Musk (SpaceX) não pretende tão cedo embarcar em uma de suas espaçonaves. Dono da Tesla, empresa que produz carros elétricos, ele tem ambições estelares: uma constelação artificial de satélites chamada Starlink e um foguete, o Starchip, com autonomia para voar até Marte, levando o embrião de uma comunidade humana de colonização.
Entre abril e maio últimos, um protótipo da nave da SpaceX concluiu a primeira missão em segurança, numa parceria com a NASA — as quatro tentativas anteriores foram um desastre. E, a essa altura, você deve estar se perguntando se teria coragem e quanto custaria um desses tickets. Reserve em sua conta bancária, no mínimo, R$ 1, 3 milhão. Isso só para entrar numa lista de espera para a viagem.
Mas, antes de começar a sonhar em morar em outro planeta, ou dar uma voltinha numa espaçonave, consulte o relatório das Nações Unidas sobre a fome. Milhões de pessoas não têm acesso a alimentos diários. Claro, seria um barato ouvir David Bowie em Marte. Também seria bacana ficar aqui mesmo e olhar para a Terra como se estivesse chegando a um outro planeta. É coisa de abrir os olhos.
*Kátia Borges é escritora e jornalista