Uma tonelada de óleo é encontrada na Praia da Pituba

Também foram retirados 250 quilos do material na região do Jardim dos Namorados

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  • Eduardo Dias

Publicado em 16 de outubro de 2019 às 11:38

- Atualizado há um ano

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O óleo que se espalhou no litoral nordestino atingiu mais uma praia de Salvador. Desta vez, o alvo foi a Praia da Pituba. As pelotas de petróleo foram constatadas na orla do bairro na manhã desta terça-feira  (16), num trecho de cerca de 800 metros na altura das ruas Piauí e Pará.  As manchas também voltaram a aparecer nas praias do Jardim de Alah e no Jardim dos Namorados. A estimativa do presidente da Limpurb, Marcus Vinícius Passos, é de que a quantidade encontrada nas três praias seja de, aproximadamente, duas toneladas.

A maior quantidade encontrada até agora é na Praia da Pituba, onde a estimativa é de que haja uma tonelada de resíduos de óleo cru. Já no Jardim dos Namorados foram localizados 250 quilos. Até então, apenas 37 quilos de material havia sido recolhidos nas praias de Salvador.

Segundo a Limpurb, somando a quantidade retirada da Pituba e Jardim de Alah, são 22 toneladas e 600 quilos retirados até o início desta noite.

Os resíduos recolhidos estão sendo colocados em sacos e levados para a sede da Limpurb, em Pirajá. Lá, eles serão alojados em contêineres e estudado e, só depois levado pelo Instituto Brasileiro de  Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).  Há cerca de 80 agentes de limpeza fazendo o trabalho de retirada do material na Pituba. Equipes da Marinha do Brasil também atuam na limpeza da área.

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Até o momento, oito cidades baianas foram afetadas pelo petróleo cru. Com a extensão da mancha, o governo baiano decretou situação de emergência no estado na última segunda-feira. Com o decreto, seis cidades atingidas podem receber recursos e contratar serviços sem licitação: Camaçari, Conde, Entre Rios, Espalanada, Jandaíra e Lauro de Freitas. Segundo informações do Tamar, o óleo já matou, pelo menos, dez filhotes de tartarugas no estado.

O presidente da Limpurb informou que as praias de Salvador são monitoradas desde a última quinta-feira (10). "Montamos uma equipe de 80 homens para monitorar as praias durante 24h. Até então, só tínhamos recolhido 37 quilos do óelo. Temos feito reuniões constantes com o Ibama e com a Marinha, para a integração de todos os órgãos", informou.

De acordo com ele, nesta quarta-feira foi constatado o aparecimento das manchas em três praias: Jardim de Alah, Jardim dos Namorados e Pituba. Nas duas primeiras, já havia ocorrências anteriores da presença do óleo, mas na Pituba só chegou agora e em  uma extensão maior. Ainda assim, ele diz que a população deve ficar tranquila. "A prefeitura está preparada para agir corretamente, esse é o nosso papel. Estamos atuando rapidamente para não deixar o material exposto na praia e, consequentemente, contaminar as pessoas e mais faixas de terra. Quando esse material chega em nossas praias, agimos com rapidez para que não retorne para o mar".

O ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles divulgou vídeo de sobrevoo na orla de Salvador. 

"Estamos em Salvador, subindo para Praia do Forte, em vistoria em toda essa faixa litorânea. As placas de óleo aparecem em pontos específicos e vêm sendo retiradas pelas equipes. Apesar dos sobrevoos, avião radar, satélites e barcos, ainda não se consegue visualizar e identificar o óleo no mar, mas apenas quando tocam a costa, seja nas praias ou nos rochedos. Trabalho intenso que continua."Devidamente protegido por luvas e calçados, para evitar o contato direto com o óleo, um dos líderes do grupo de voluntários Guardioões do Litoral, André Phileto, 38, também foi oferecer ajuda na intenção de conseguir retirar as manchas antes que a maré volte a encher e o mar leve-a para as próximas praias.

"A gente viu que a coisa saiu do controle. A gente estava notando a presença de manchas menores apenas. Não esperávamos chegar a esse nível aqui na Pituba, mesmo sabendo que no litoral norte o problema era maior. Vamos nos reunir com o restante do grupo para ver qual vai ser a nossa atitude até o final da semana. Estamos convocando um multidão para auxiliar as equipes da limpurb na limpeza. Como aqui foi muito óleo ainda não podemos ajudar muito", contou.

Segundo ele, o grupo está fiscalizando as praias por conta própria. "Desde o início e ainda não tínhamos notado nenhum resíduo por aqui.  Mas agora chegou nessa proporção. Estamos dispostos a dar todo o suporte as equipes de limpeza, que chegaram ao alocam rapidamente quando ligamos", explicou.

Devido às consequências e riscos ambientais da mancha de óleo que alcançou a costa da Bahia, os ministérios Públicos Federal (MPF) e do Estado da Bahia (MP-BA) ingressaram, nesta terça-feira (15), com uma ação civil pública contra a União e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).

O titular da Secretaria da Cidade Sustentável de Salvador (Secis), André Fraga, ressaltou o prejuízo causado pelo petróleo no meio ambiente e aproveitou para reforçar o alerta à população. “Os impactos (do petróleo) são visíveis, seja pela fauna ou flora, para biota ou vegetação, por ser um material extremamente tóxico. É importante que as pessoas saibam que não podem tocar sem uma proteção, uma luva, por exemplo. A cidade tem dado uma resposta muito rápida e os cidadãos devem ficar atentos a qualquer situação do tipo, ou seja, se surgir uma mancha é necessário comunicar aos órgãos competentes”, pontuou.

Em todo o trecho de atuação da Coordenadoria de Salvamento Marítimo (Salvamar), que vai de Ipitanga ao Jardim de Alah, os salva-vidas estão orientando os banhistas para, caso encontrem alguma mancha de óleo na água ou na areia, evitem tocar o material e informem a situação a um salva-vidas ou através do telefone 156.

Em situações que envolvam animais afetados pelo petróleo, o contato pode ser feito com a Guarda Civil Municipal pelo telefone (71) 3202-5312, ou com a Polícia Ambiental, no número 190, a qualquer hora do dia. O Ibama também poderá ser acionado pelo (71) 3172-1650.

Os agentes da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb) também estão de plantão 24h para fazer a limpeza em todas as praias da cidade. O órgão também pode ser acionado pelo número 156. Em caso de reação alérgica no toque ou ingestão do óleo, basta entrar em contato com uma unidade de saúde.

Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro