Unidade do Projeto Axé na Baixa dos Sapateiros é roubada; prejuízo é de R$ 100 mil

Bandidos levam materiais das aulas e fundador diz estar "muito sofrido e revoltado"

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  • Da Redação

Publicado em 7 de abril de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/Arquivo CORREIO

A unidade Augusto Omolu de Dança e Capoeira do Projeto Axé, na Baixa dos Sapateiros, foi arrombada entre a noite do domingo (5) e a madrugada dessa segunda-feira (6). Na ação, os assaltantes roubaram instrumentos musicais, alimentos, computadores, telefones, fantasias e uniformes usados pelas crianças, adolescentes e jovens que integram o projeto.

Ao CORREIO, o fundador e presidente do Projeto Axé, Cesare de Florio La Rocca, relatou já ter prestado queixa do ocorrido à polícia. Os colaboradores da unidade ainda estão contabilizando o prejuízo, mas a estimativa é que os ladrões tenham levado o equivalente a R$ 100 mil.

“Não é só a perda financeira, mas a perda da força da comunidade que, ao invés de proteger a unidade do projeto que recebe as crianças, facilita o acesso ao edifício. Estou muito sofrido e revoltado com esse acontecimento. Quando em uma comunidade tem gente pobre que rouba dos pobres, essa comunidade não tem mais esperança”, afirmou Cesare.

A unidade estava fechada devido às medidas de isolamento social e necessitava do material para retomar as atividades de dança e capoeira ao fim da pandemia da covid-19. “Vendo as redes escolares fechadas, seguimos a orientação das autoridades, e nossas unidades estão fechadas paras a crianças esperando o momento para voltar a recebê-las”, disse o fundador do projeto.

A unidade, que atende 200 estudantes, foi invadida pelo telhado. Ao todo, o projeto possui 5 unidades, uma delas móvel, e 400 estudantes entre 8 e 25 anos beneficiados. Apenas na Augusto Omolu, são 200 alunos - 100 em cada turno.

Além da dança e da capoeira, o Projeto Axé também oferece atividades de artes visuais e modalidades de música, com canto e percussão.

O projeto foi fundado há 30 anos por Cesare e até hoje cerca de 29 mil educandos passaram pelas unidades do Axé. Os alunos são, prioritariamente, meninos e meninas em situação de rua que são acolhidos na ONG, que trabalha com base na pedagogia do desejo e com as artes para desenvolver o potencial ilimitado dos jovens.

“A metodologia de trabalho é fundamentada na proposta prática e pedagógica que é a pedagogia do desejo, ou seja, estimular de forma permanente essas crianças que perderam a capacidade de sonhar e desejar por estarem nas ruas.  Nosso instrumento para educar é a arte. É impossível educar sem a participação da arte, da beleza e da cultura”, afirmou o fundador.

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela