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Marcela Vilar
Publicado em 22 de abril de 2021 às 05:30
- Atualizado há 2 anos
A vacinação contra a covid-19 em Salvador corre o risco de ser interrompida pela quinta vez. Desde 19 de janeiro, quando o processo de imunização foi iniciado na capital baiana, a aplicação da primeira dose da vacina foi interrompida no dia 16 de fevereiro, 2 de março e nos dias 6 e 11 de abril. Essa seria a terceira interrupção somente no mês de abril, em um período de 15 dias. O motivo é o estoque baixo de doses, que vêm sendo entregues à conta gotas pelo Ministério da Saúde para as secretarias de Saúde dos estados, que repassam aos municípios.>
O secretário municipal de Saúde, Leo Prates, estima que as doses devam durar, no máximo, até o final desta quinta-feira, 22. Prates informa que Salvador amanheceu na quarta-feira, 21, com 12.711 vacinas para a aplicação da primeira dose. Destas, foram usadas 4.854 doses, ou seja, restam 7.857. Esse quantitativo representa apenas 1% do estoque. A última remessa enviada à capital, no dia 16 de abril, tinha 45.480 primeiras doses. >
Outros 78 municípios da Bahia estão com aplicação das primeiras doses em relação ao que foi recebido, com percentual igual ou acima de 100%. Isso indica, segundo a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), que o estoque dessas cidades chegou ao fim e que a vacinação foi interrompida. >
Ao todo, foram vacinados, até o momento, 489.926 pessoas em Salvador com a primeira dose, de acordo com o vacinômetro da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Destas, 111.631 são trabalhadores da saúde e os outros 378.295 idosos são acima de 60 anos, pessoas que compõem forças de salvamento e segurança, pacientes em hemodiálise e profissionais de educação, que começaram a ser vacinados até esta quarta, 21. >
O total de vacinados em Salvador corresponde a 85,5% da estimativa feita pela SMS para o grupo prioritário. Ou seja, faltariam menos de 15% do grupo de risco para se vacinar na capital. Porém, a pasta reforça que o Plano de Imunização foi feito com dados estimados da vacinação de influenza de 2020 e, por isso, o número pode aumentar. O montante de imunizados equivale a 16,9% da população de 2.886.698 da cidade.>
Em relação à segunda dose, 170.020 soteropolitanos foram vacinados até então, sendo 52.004 trabalhadores da área da saúde. Isso corresponde a 5,8% da população total de Salvador e a 29,7% do público prioritário. >
Dados da Sesab indicam que 66 cidades baianas avançaram para a imunização das pessoas portadores de comorbidades. O município que mais vacinou esse grupo até agora foi Jequié. Foram 281 pessoas que receberam a primeira dose: 60 transplantadas, 173 imunossuprimidos e 48 com Síndrome de Down. Outras 49 cidades começaram a vacinação dos profissionais da educação e quem lidera o ranking é Teixeira de Freitas, no extremo-sul da Bahia, e Senhor do Bonfim, no norte baiano. Eles vacinaram 156 e 150 pessoas, respectivamente. >
Em todo o estado, são 2.143.424 baianos vacinados. Das vacinas recebidas, 94,2% foram 1ª dose e 728.608 pessoas receberam a segunda e completaram o esquema vacinal. O percentual aplicado frente ao recebido é de 58%.>
Trabalhadores da educação>
Os trabalhadores da educação com idades entre 55 e 59 anos e que trabalham na educação infantil começaram a ser vacinados nesta quarta, 21, em Salvador. Além de terem o nome na lista da SMS, o educador deve apresentar documento oficial de identificação com foto e uma cópia do último contracheque ou do contrato de trabalho. >
Foi justamente esse documento que a professora Nilda Melo esqueceu em casa ao sair. Ansiosa pela vacina, ela acordou às 4h da manhã para ser a primeira da fila, mas teve que voltar para casa para buscar o contracheque, após já ter se deslocado para o posto de vacinação. “Fiquei esperando o dia clarear, porque não ia no escuro, e saí de casa antes de 6h. Mas não prestei atenção que precisaria do documento xerocado. A ansiedade foi tão grande que nem vi direito”, conta Nilda, 56 anos, professora do Centro Municipal De Educação Infantil (CMEI) do Calabar.>
Ela já havia se deslocado na terça-feira (20) para a Arena Fonte Nova, pois acreditava que já era o dia. “Enfrentei a fila, mas, quando chegou a hora, a responsável disse que não tinha recebido nada e que era uma fake news”, relata Melo. Mas nem esses dois intercursos da vida desanimaram. “Não me estressou, porque a vontade de tomar a vacina era maior, a oportunidade valia a pena. Estou me sentindo a Rainha da Inglaterra tomando a vacina de Oxford”, brinca. >
A professora Carla Regina Leite, 55, também do CMEI do Calabar, foi um das imunizadas de ontem (21). “A sensação que tenho é, enquanto cidadã, estar protegida, e estar me preparando para voltar a atuar na profissão, que é dar aulas à crianças. É uma perspectiva que vamos retornar à nossa normalidade”, relata Carla. Ela mora na Graça e se vacinou no posto de saúde de Brotas e pegou menos de duas horas de fila de espera, pelo drive-thru. >
Os únicos lugares que ela tem saído são supermercado, farmácia e própria escola, para pegar o material de atividades escolares. “Passo o máximo de tempo possível dentro de casa, me resguardando e seguindo o isolamento rigorosamente. Também tenho comprado mais online, porque a gente não tem muito uma previsão de quando podemos voltar à vida que tínhamos. Mas só de tomar a primeira dose, você tem uma sensação de que a coisa está evoluindo e nos dá esperança”, desabafa. >
Além da primeira dose dos profissionais da educação, Salvador também continuou a vacinação dos idosos acima de 60 anos, doulas, trabalhadores da saúde e autônomos, pacientes em hemodiálise, forças de salvamento e segurança e agentes penitenciários. A segunda dose seguiu sendo aplicada nos trabalhadores da saúde e idosos. >
Ministério da Saúde enviará 3,4 milhões de doses>
O Ministério da Saúde (MS), em coletiva de imprensa realizada ontem, anunciou o envio de mais 3,4 milhões de doses da vacina contra a covid-19 para os estados brasileiros, que serão distribuídas proporcionalmente. O MS não informou quantas doses virão para a Bahia, pois o informe técnico será feita até amanhã. A estimativa, levando em conta a proporcionalidade que tem sido entrega nas últimas semanas, é que cheguem entre 210 e 270 mil doses para o estado. >
Na coletiva, o MS também previu que a vacinação do grupo prioritário no Brasil devará terminar em setembro de 2021. O último ministro da saúde, Eduardo Pazuello, havia dito que esse público estaria imunizado em maio. >
“Insumos que vêm de outros países, há uma carência desses insumos, isso não é uma questão do Brasil, é uma questão mundial. Não ter atingido a meta dos 78 milhões se deve a esses aspectos, aos aspectos regulatórios. O Ministério não vai colocar vacinas que não foram aprovadas pela Anvisa, isso é uma questão legal, o presidente da República já deixou bem claro”, afirmou o ministro da saúde, Marcelo Queiroga. >
*Com a orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro >