Vacinação contra covid-19 em crianças de 5 a 11 anos começa na sexta (14) em Salvador

Declaração de autorização do responsável e recadastramento do SUS são necessários; somente 5% do público-alvo do estado será atendido

Publicado em 14 de janeiro de 2022 às 05:10

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Jack Guez/AFP

Enfim a demora acabou. Depois de quase dois anos de pandemia, pais, mães ou responsáveis vão vacinar as suas crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19. Em Salvador, as doses pediátricas da Pfizer começam a ser aplicadas nesta sexta-feira (14), no turno da tarde, no público atendido pelas organizações sociais que trabalham com crianças com deficiência. Neste sábado (15), está previsto o início da vacinação da meninada de 11 anos.

A capital vai receber cerca de 16 mil doses nesta primeira remessa de imunizantes. A quantidade é insuficiente para atender a todo o público de 11 anos da cidade, que é de um pouco mais de 20 mil, segundo estimou, ontem, o prefeito Bruno Reis (DEM), ao anunciar o começo da campanha de vacinação. 

Com a chegada de mais vacinas, a imunização avançará para as outras idades até os 5 anos - idade mínima autorizada até agora pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a ser vacinada contra a covid. A estratégia em Salvador para o público de 5 a 11 anos será similar àquela adotada com  adultos e adolescentes a partir de 12 anos.

Recadastramento

Para vacinar as crianças em Salvador, é preciso realizar antes o recadastramento delas no Sistema Único de Saúde (SUS). A atualização pode ser feita no site www.recadastramento.saude.salvador.ba.gov.br ou presencialmente em uma das 155 unidades básicas de saúde da rede municipal, de segunda a sexta-feira, a partir das 8h. 

Até a manhã desta quinta-feira (13), 153.582 crianças estavam registradas no sistema para recebimento da vacina, segundo a Secretaria Municipal da Saúde de Salvador (SMS). Os postos para a vacinação infantil serão divulgados assim que o recebimento das doses for confirmado, ainda de acordo com a secretaria. O prefeito Bruno Reis lembrou que além do cadastro do SUS, é preciso também levar a declaração de autorização da vacinação (veja abaixo).  

"É uma exigência do Ministério da Saúde  que vamos cumprir, mas nosso objetivo é facilita. Caso a criança vá com algum parente,  é importante levar a declaração. Há declarações disponíveis nas nossas redes, a pessoa pode imprimir e só assinar", informou o prefeito.

Ele também comentou sobre a ocorrência de filas nos drives thrus e postos por conta do afastamento de 2 mil profissionais de saúde por estarem infectados com o novo coronavírus e advertiu que os pais levem os documentos exigidos e a declaração para evitar ainda mais filas.

Interior da Bahia

Ao todo, a Bahia vai receber 75 mil doses, o que corresponde a 5% do total de imunizantes necessários para atender ao público-alvo de 5 a 11 anos do estado, estimado em 1,5 milhão de pessoas, afirma a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). O planejamento é que as doses comecem a ser enviadas para os municípios após o parecer do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde da Fiocruz, previsto para ser divulgado às 14h desta sexta.

Ainda segundo a Sesab, as vacinas para o interior serão distribuídas nessa sexta após a reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), que planeja a implementação das políticas de saúde pública do estado, programada para o turno da manhã. 

As vacinas serão encaminhadas para o interior em aeronaves da Casa Militar do Governador e do Grupamento Aéreo da Polícia Militar. Em seguida, serão distribuídos para os municípios, assim como ocorreu na campanha para imunizar os adultos.

Pfizer pediátrica

As vacinas da Pfizer que serão dadas às crianças de 5 a 11 anos foram desenvolvidas especialmente para esse público e cada dose contém um terço daquela dada a um adulto. O primeiro lote destinado a essa faixa etária chegou ao Brasil ontem, no aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP). No total, 1,2 milhão de imunizantes serão distribuídos pelo Ministério da Saúde para os estados.

A imunização de crianças começa em um momento em que a variante Ômicron do coronavírus, mais contagiosa do que as outras, se espalha pelo território brasileiro, que ainda enfrenta um surto de gripe H3N2. Em Salvador, a taxa de ocupação de leitos da UTI pediátrica para covid-19 atinge 85%, enquanto no estado está em 69%, de acordo com o boletim epidemiológico de ontem da Sesab.

Desde o início da pandemia, 30 crianças entre 5 e 11 anos morreram em decorrência de complicações da infecção pelo coronavírus, segundo dados divulgados pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), nesta semana. 

Apesar da letalidade da covid-19 no mais novos não ser tão grande se comparada com os adultos (cerca de 0,08% em crianças de 5 a 9 anos), o pediatra e professor da UFBA Celso Sant’anna reforça a importância da imunização e dos cuidados. “A vacina vai salvar a vida de muitas crianças, mas só ela não vai ser suficiente para combatermos essa guerra”. O médico lembra que o uso de máscara, álcool em gel e distanciamento social devem continuar.

Ansiedade

O pequeno Arthur, que vai fazer 5 anos nos próximos dias, não vê a hora de tomar a sua vacina. “Ele está muito animado mesmo, fica pedindo muito para ter a dose dele logo”, conta a mãe, Rafaela Lyra. No início da pandemia, o avô do menino morreu por conta de complicações da covid-19. 

A mãe explica que isso fez com que Arthur tivesse uma percepção maior do que as das outras crianças sobre a doença e medidas que precisam ser tomadas para evitá-la: “Quando as aulas presenciais voltaram eu fiquei com o coração na mão e, por isso, explicava tudo para ele. Principalmente a importância da máscara e do álcool", conta.  A psicóloga Rafaela conta que o filho Arhur, de 4 anos, está ansioso para se vacinar (Foto: Arquivo Pessoal) Rafaela suspeita que o menino já tenha se contaminado com o vírus porque, no ano passado, apresentou febre e, logo depois, a mãe foi diagnosticada com a covid-19, após perder o olfato e o paladar. “Não testamos, então não sabemos com certeza. Mas ele apresentou os sintomas uma semana antes que eu”. 

A mãe não vê a hora de levar o filho para se vacinar contra a covid-19 e deixar a família ainda mais protegida: “É uma vitória muito grande depois de tudo que a gente viveu. Só de não ver mais tantas mortes por covid já é um alívio”.

Antes de Vacinar sua criança, lembre-se:

O que levar?

- Declaração de autorização da vacinação  assinada; 

- Documento  de identificação da criança e do responsável;

- Carteira  de vacinação da criança que receberá dose anticovid

E a declaração?

Seguindo a determinação do Ministério da Saúde (MS), as crianças deverão estar acompanhadas por um adulto para a vacinação e, uma vez no posto, o responsável precisa apresentar uma declaração de autorização assinada. Esse documento está disponível no site da prefeitura (www.saude.salvador.ba.gov.br/wp-content/uploads/2022/01/termo-autorizacao-criancas-vacinacao-covid19.pdf). No documento, a pessoa que irá assinar precisa informar se a criança teve sintomas gripais nos últimos 15 dias, se apresenta febre ou alguma alergia. 

O modelo também será disponibilizado nos postos de vacinação, mas o prefeito Bruno Reis recomenda que os pais já levem o documento assinado para evitar filas e acelerar o processo. É importante ressaltar que somente essa autorização será aceita e que além dela, assinada, é preciso levar os outros documentos exigidos  na lisa acima..

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo.