Valeixo cita pedido por canal 'não apropriado' para ação que matou capitão Adriano na Bahia

Ex-diretor-geral da Polícia Federal mencionou caso em depoimento

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  • Da Redação

Publicado em 12 de maio de 2020 às 11:56

- Atualizado há um ano

. Crédito: José Cruz/ABr

O ex-diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo afirmou nesta segunda-feira (11) que o Ministério da Justiça teve conhecimento prévio da operação contra o ex-capitão Adriano da Nóbrega e tentou envolver a PF. O capitão, ligado ao senador Flávio Bolsonaro em investigações feitas no Rio, acabou morto na ação, que aconteceu na Bahia.

Dias antes da ação, uma das secretarias da pasta então comandada por Sergio Moro, tentou saber da possibilidade de um helicóptero prestar apoio, além de alguns efetivos da PF, a pedido da polícia do Rio. Operações sensíveis como a de Adriano costumam ser tratadas apenas pelos canais de inteligência entre órgãos, sem informações sobre o alvo, informa a Folha de S. Paulo. 

Valeixo afirmou no depoimento que o pedido de apoio foi feito por um canal "não apropriado". Ele citou também a participação do superintendente do Espírito Santo, Jairo Souza da Silva, no caso. Ele comandou a PF no Rio em 2017 e 2018.

"Que houve uma consulta à Polícia Federal, não pelo canal apropriado, vez que se deu via Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça (SEOPI) e através do dr. Jairo, superintendente da PF no Espírito Santo, de um apoio aéreo a uma operação na Bahia, que o depoente respondeu que devia se observar os canais apropriados, via canais de inteligência se houvesse informações reservados, para que se avaliasse o apoio da Polícia Federal, que no entanto esse pedido nunca foi formalizado, logo não foi respondido", diz o trecho do depoimento.

Valeixo esteve na superintendência da PF em Curitiba para prestar depoimento, no inquérito aberto por ordem do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, para apurar suposta interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal, de acordo com o que denunciou o ex-ministro da Justiça Sergio Moro ao deixar o governo.