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Miro Palma
Publicado em 7 de junho de 2019 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Acabou a espera, amigos e amigas. Nesta sexta-feira (7) tem início a Copa do Mundo feminina de futebol, com o jogo entre França e Coreia do Sul, a partir da 16h (horário de Brasília), em Paris. É hora do show das superpoderosas. Afinal, há de ter um superpoder feminino que explique a obstinação das mulheres no esporte. Especialmente no futebol, modalidade que insistem em afastá-las. Quanto mais lhe empurram obstáculos, mais elas avançam.>
E o fato de a competição só ter sido criada seis décadas depois da masculina, em 1991, ter uma premiação 7,5 vezes menor que a deles (US$ 30 milhões contra US$ 400 milhões) entre outras tantas discrepâncias, só torna o feito ainda mais heroico. Pronto, falei: elas são heroínas. Assim como tantas outras, em tantos outros espaços, elas vestem a camisa com grandeza, fazem tudo que os homens fazem – fazem ainda melhor – e, mesmo sem reconhecimento, remuneração e respeito equivalentes, elas seguem fazendo. Isso aí é melhor que Marvel e DC juntas...>
Veja Marta, única entre mulheres e homens a conquistar seis vezes o prêmio de melhor jogadora do mundo. Veja Formiga, a baiana que vai jogar sua sétima Copa do Mundo. Nenhum outro atleta no planeta esteve presente em tantas edições quanto ela. Veja Cristiane, a maior artilheira do futebol brasileiro nos Jogos Olímpicos, com 15 gols. Depois dela só Marta com 10 gols, e só depois Bebeto, mas ao lado de Pretinha, ambos com oito tentos. Veja, porque essa pode ser a última oportunidade de ver esse trio na seleção, já que tanto Formiga e Cristiane devem se aposentar da amarelinha ao fim do torneio.>
Veja, também, Bárbara, Aline, Leticia Izidoro, Camilinha, Letícia Santos, Poliana, Tamires, Kathellen, Tayla, Mônica, Érika, Thaísa, Luana, Andressinha, Ludmilla, Andressa Alves, Bia, Geyse, Raquel e Debinha. Só veja. Porque isso é o mínimo que podemos fazer: vê-las jogar. No domingo (9) nossas garotas estreiam diante da Jamaica, às 10h30, em Grenoble. >
E eu sei que o euro superou a casa dos R$ 4. Então, se você não pode ir à França, como eu, bora assistir lá em casa. Garanto cerveja gelada. Vai passar na TV aberta para todo o Brasil, olha que massa! Ou então, bora ver em algum bar, restaurante, casa dos amigos, quadra, laje, tanto faz. E fala com o ou a chefe que na quinta-feira tem mais um jogo, diante da Austrália. Não custa liberar duas horinhas do expediente... E aí, bora?>
Resgata aquela camisa que você não usa desde a Copa do Mundo da Rússia. Resgata também aquele clima tão comum quando a seleção masculina está jogando. Rua pintada, bandeirola verde e amarela, aglomeração em frente à TV e por aí vai. Porque elas merecem o mesmo, diria que até mais. Essas mulheres merecem o nosso apoio, a nossa audiência e, principalmente, a nossa energia positiva daqui do Brasil.>
Então, fica combinado assim: domingo é dia de juntar a galera, de puxar a TV para o centro do recinto, preparar os petiscos, fazer oração de última hora, usar a camisa da sorte, reclamar de torcedor da argentina e, com a bênção dos céus, de gritar gol inúmeras vezes. E não me venha com nenhuma desculpinha esfarrapada. Se você consegue aguentar três horas vendo um monte de super-herói fictício na telinha do cinema, vai conseguir ficar 90 minutos vendo verdadeiras heroínas dentro de campo.>
Miro Palma é subeditor de Esporte e escreve às sextas-feiras>