Vazão de 4 mil m³/s em Sobradinho permanece até 1º de fevereiro

Medida visa manter nível de segurança por conta da cheia do Rio São Francisco

  • Foto do(a) author(a) Carolina Cerqueira
  • Carolina Cerqueira

Publicado em 24 de janeiro de 2022 às 17:57

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação/Prefeitura de Juazeiro
Em Bom Jesus da Lapa, famílias e animais estão sendo transportados para fugir da cheia por Foto: Divulgação/Prefeitura de Bom Jesus da Lapa

A vazão da barragem de Sobradinho (BA), a maior do Nordeste, atingiu 4 mil m³/s nesta segunda-feira (24) e vai permanecer nesse patamar ao menos até o dia 1º de fevereiro. A marca é a maior dos últimos 13 anos. A informação foi divulgada pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). O aumento da vazão vem acontecendo gradualmente desde o dia 12 de janeiro e se dá em razão da cheia na Bacia do Rio São Francisco, ocasionada pelas chuvas que atingem a Bahia e Minas Gerais desde dezembro. 

“Nessas condições, caracterizada a necessidade de operação para controle de cheias, Cemig e Chesf, agentes responsáveis pelas principais hidrelétricas do rio São Francisco, identificam a necessidade de aumentar as vazões defluentes praticadas com o objetivo de preservar os volumes de espera dos reservatórios. Os volumes de espera são projetados para suportar as ondas de cheia e proteger as populações e estruturas abaixo das barragens contra inundações”, explicou a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).  Em Juazeiro, a região mais atingida é o bairro de Angari (Foto: Divulgação/CBHSF) As barragens de Itaparica e Paulo Afonso também estão com vazão elevada, assim como a de Xingó, que fica entre Sergipe e Alagoas e faz parte do grupo de barragens alimentadas pelo São Francisco. O bairro Angari, em Juazeiro, é um dos mais atingidos. A Defesa Civil do município mapeou 25 famílias que precisavam deixar as casas; dessas, 20 aceitaram a mudança. Em Bom Jesus da Lapa, famílias também estão deixando suas casas e uma força tarefa foi montada para resgatar animais atingidos pelas águas. 

[[galeria]]

Em Abaré, o Secretário de Agricultura Marcelo Tolentino alertou os produtores agropecuários da região ribeirinha, para observarem diariamente o aumento do nível das águas do rio, visando a segurança de suas famílias, a proteção dos seus equipamentos de trabalho e o remanejamento dos seus criatórios para áreas seguras. Em Paulo Afonso, as cachoeiras voltaram a ter grande volume, contribuindo com o turismo na cidade. 

Segundo a Chesf, o nível do rio deve continuar subindo até meados de abril, porque há previsão de chuva para a região, especialmente na Bacia do Rio São Francisco.  

Cheia do Rio São Francisco

Prefeituras de municípios ribeirinhos do Submédio e Baixo São Francisco foram contatadas e alertadas no dia 11 pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) sobre as alterações de vazão e das condições de cheia no Velho Chico, para preservar a população ribeirinha. O nível do rio vem subindo desde o dia 12 de janeiro.    “O Operador Nacional do Sistema Elétrico, o ONS, declarou regime de cheia na Bacia do Rio São Francisco e, dessa forma, temos que atuar com regras específicas, aguardando chegar mais água, pois ainda há chuvas para chegar na Bahia vindas de Minas Gerais. A previsão é Sobradinho, nosso maior reservatório, alcançar 75% de armazenamento no fim de janeiro”, informou o diretor de Operação da Chesf, João Henrique Franklin.   Segundo a Chesf, a Bacia do São Francisco passava por um período de seca predominante, por isso a vazão de 4 mil m³/s não era necessária há 12 anos. A nível de comparação, a capacidade de Sobradinho chegou a 1% em 2015. Neste domingo (23), a capacidade era de 67%. “Vínhamos com uma política totalmente diferente, voltada para a seca. Agora em janeiro, tudo mudou. E estamos observando cheias mais recorrentes, a tendência é de que os intervalos entre elas sejam mais curtos, tudo isso devido às mudanças climáticas”, disse o Secretário do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHRS), Almacks Luiz Silva

Nesta terça (25), acontece mais uma reunião da Sala de Monitoramento da Agência Nacional de Água para o cálculo da quantidade de água prevista para chegar às barragens até o final do período úmido, em abril.