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Brasileiros ficaram presos em Cabo Verde por um ano e meio
Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2019 às 16:00
- Atualizado há um ano
O Ministério Público Federal (MPF) ofereceu denúncia contra acusados de colocar drogas no veleiro comandado pelos baianos Rodrigo Dantas e Daniel Dantas, além do gaúcho Daniel Guerra.
Segundo o órgão, sob a liderança de George Edward Saul, os britânicos Robert James Delbos e Matthew Stephen Bolton foram os responsáveis pelo transporte de mais de uma tonelada de cocaína (1.157,496 kg) escondida no casco da embarcação onde estavam os brasileiros.
O veleiro saiu de Salvador em agosto de 2017, com destino à Europa, e foi apreendido no arquipélago africano de Cabo Verde. Os brasileiros, condenados inicialmente a 10 anos de prisão, chegaram a ficar um ano e meio presos, sendo libertados apenas em fevereiro deste ano. Eles fizeram um relato de como era a vida na prisão.
De acordo com a denúncia do MPF, o veleiro Rich Harvest fez o percurso de Cabo Verde até Natal-RN em março de 2016. Em junho do mesmo ano, viajou até a Bahia, onde permaneceu até abril de 2017. O que chamou atenção é que, neste período, o barco, que estava em péssimo estado de conservação, passou por uma reforma no valor aproximado de R$ 482 mil, valor considerado muito alto.
Além disso, passagens aéreas e gastos com tripulantes em solo brasileiro foram pagos durante todo esse tempo, o que levantou suspeitas do MPF, que concluiu que o objetivo da reforma era o acondicionamento de uma grande quantidade de drogas para viagem internacional.
Ainda de acordo com o documento, o grupo britânico agia com clara divisão de tarefas. Bolton, que era comandante da embarcação, foi o responsável por comunicar à Secretaria da Receita Federal a entrada do veleiro no Brasil e, depois, em Salvador. Além disso, ele também assinou os contratos para estacionar o veleiro em uma marina e para a realização da reforma.
Já Delbos executou e fiscalizou as reformas. Segundo uma testemunha do MPF, o britânico "era o responsável por negociar as questões relacionadas à embarcação em termos técnicos”. Isso foi confirmado pelo próprio denunciado, que admitiu que foi contratado por Saul, dono do veleiro, para supervisionar os reparos. Ele também assinou o contrato de renovação da locação da vaga do veleiro com a marina.
Já Saul, de acordo com a denúncia, acompanhou toda a reforma e provavelmente foi quem plantou a droga no veleiro, quando esteve no Espírito Santo, antes de sair do país. Líder do grupo, ele contratou tripulantes e era o responsável pelo barco.
Prisão preventiva O MPF solicitou a prisão preventiva dos três estrangeiros em dezembro do ano passado. Delbos já havia sido localizado em agosto do ano passado e foi extraditado para Salvador, onde está preso. Atualmente, Saul está foragido, enquanto Bolton, o MPF aguarda o recebimento de informações sobre qualificação e endereço, que deverão ser dados pela Interpol na Bahia.
O processo judicial está em curso em Cabo Verde e ainda não foi objeto de análise pelo MPF.