Vereador baiano é acusado de mudar eleições para presidente da Câmara para concorrer só

Atual presidente da casa, em São Gonçalo dos Campos, nega acusação

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  • Gabriel Moura

Publicado em 25 de fevereiro de 2022 às 13:51

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As eleições para presidente da Câmara de Vereadores de São Gonçalo dos Campos, no interior da Bahia, geralmente são em setembro. Em 2022, o atual ocupante do posto mudou a data para 18 de março e está sendo acusado pelos outros vereadores de ter feito a manobra para garantir a reeleição.

Os oposicionistas dizem que Josué Oliveira (PP) fez a alteração sem comunicar aos pares. Com isso, os outros edis não souberam da mudança e não lançaram candidaturas próprias. A única chapa inscrita foi a do próprio Josué, que venceu o pleito por ser o único concorrente.

Em sua defesa, Joca, como o vereador é conhecido, afirma que a alteração foi publicada no Diário Oficial no dia 15 de fevereiro, mesma data do retorno das atividades parlamentares após as férias. O chamamento dizia que as chapas interessadas deveriam se inscrever até o dia 23 de fevereiro para as eleições acontecerem no dia 18. 

O atual presidente justificou a mudança por conta das eleições nacionais e estaduais de outubro de 2022, que se chocariam com a votação na Câmara. 

"Publiquei a mudança no Diário Oficial e no mural da casa. Foi uma incompetência dos vereadores e de seus assessores não observarem o Diário Oficial, que é o meio de comunicação oficial da casa", disse Joca. "Cumpri todos os ritos, inclusive com assinatura da mesa autorizando a mudança."

A versão, no entanto, não é aceita pelos colegas. O vereador Cláudio (PT), mais conhecido como Grilo, diz que por ser uma mudança de data inesperada, ela deveria ser mais debatida.

"O presidente tomou essa decisão sem comunicar a ninguém. Não houve debate, nada foi colocado em pauta. Só os funcionários da Câmara que são apadrinhados por ele que sabiam. Nada foi divulgado nas redes sociais, nas rádios, sites de notícia. Ninguém sabia", argumenta Grilo.

Ao menos outros quatro vereadores estavam interessados em disputar o posto. "A Câmara é baseada na transparência, e Joca não cumpriu isso. Foi uma manobra completamente ilegal", avalia o edil.

O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) informou que acompanha a situação. "Quero mesmo é que investiguem, pois vão ver que não fiz nada de ilegal", disse Joca sobre a ação do MP.