Victor Uchôa: Tempos sombrios até no esporte

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  • Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2017 às 04:00

- Atualizado há um ano

Esteja de que lado estiver, acredito que todos concordam que a política brasileira chegou ao nível máximo da infâmia. Entra governo, sai governo, mudam os discursos, mantêm-se os métodos. Os que deveriam servir ao povo só trabalham pelos interesses próprios, isso quando não tramam exclusivamente para tirar o próprio pescocinho engravatado da forca.Esteja de que lado estiver, acredito que até os mais otimistas e defensores da realização da Copa do Mundo do Brasil em 2014 não caíram na lorota de que tudo seria realizado sem desvios de dinheiro, superfaturamento ou trambiques das mais variadas espécies.Um evento estruturado através de parcerias entre nossos políticos profissionais e as grandes empreiteiras nacionais não tinha como emitir atestado de idoneidade. Quem levou qualquer fé nesta hipótese tem grandes chances de ser um bom otário.Nesta semana em que a coisa inchou (só um pouco, a bem da verdade) para os "representantes do povo brasileiro" - e mais especificamente os que atuam em Brasília -, tivemos mais uma prova de que o Mundial de 2014 foi apenas um dos instrumentos de enriquecimento ilícito utilizados por cretinos mais do que conhecidos.Dois ex-governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, do PT, e José Roberto Arruda, atualmente do PR e antes do DEM (a safadeza se pinta de todas as cores), foram parar no xadrez graças a mais um desdobramento da operação Lava Jato, que agora abriu a cumbuca do Estádio Mané Garrincha, um monstrengo no meio do Planalto Central por onde escoou mais de 1 bilhão de reais.Não esqueçamos que também já emergiram falcatruas na obra da Arena Corinthians e do Maracanã, só pra ficarmos nos estádios que receberam a abertura e a final da Copa.Se continuarem mexendo na palha, é quase impossível não acharem mutretas em todos os estádios reformados ou erguidos para o evento. A Arena Fonte Nova, vale lembrar, teve o contrato de concessão contestado pelo Tribunal de Contas do Estado, questão nunca explicada a contento.Como se sabe, a Fonte Nova foi posta abaixo e reerguida numa operação que tinha Odebrecht e OAS à frente, construtoras com folhas corridas que dispensam apresentação.E o que dizer dos estádios de Manaus e Cuiabá? Vá ver o público​ dos campeonatos estaduais do Amazonas e do Mato Grosso: nos últimos anos, é comum que a soma das pessoas presentes em todos os jogos não encha as arenas para uma única partida.Caso as investigações extrapolem os campos, certamente saberemos de desvios nas obras de cada cidade-sede, em contratos com prefeituras e governos estaduais. No Rio de Janeiro, com os Jogos Olímpicos, o pepino ficou ainda maior. A política brasileira é um fosso de lama com exceções cada vez mais raras. Na política do esporte, o quadro é exatamente o mesmo, como prova o noticiário desportivo-policial, cada vez mais volumoso.É uma lástima escrever um texto inteiro para chegar a um desfecho tão melancólico, mas em tempos como os de agora, não dá pra ser diferente.Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados.