Vida às cidades

Por Cláudio Cunha*

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Publicado em 12 de julho de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Preservar o patrimônio arquitetônico, histórico e artístico de uma cidade é fundamental para o incentivo da cultura e do turismo em qualquer país. Aficionado por história, tenho conhecido muitas localidades ao redor do mundo com o objetivo de rememorar o passado e vivenciar na prática a ocupação dos espaços dos grandes centros. Tal reflexão me acompanha durante as minhas viagens, quando constato o enorme potencial das grandes capitais que pode ser aplicado à realidade da Bahia.

Em todos os lugares, o desafio é o mesmo: aliar a preservação com o desenvolvimento local. Apesar de parecerem interesses conflitantes, é uma realidade possível, aplicada em cidades de países como Portugal, França, Espanha e até mesmo na Polônia.

Nesses lugares, tanto nos destinos principais como nos secundários, é possível encontrar a modernização dos espaços públicos, ao mesmo tempo em que a história da região é contada através das praças, monumentos, edifícios antigos e no dia a dia dos moradores. Por lá, esses centros são sempre as áreas mais valorizadas e nobres da cidade. Há um grande incentivo para o uso de patrimônios tombados,  permitindo que se faça um retrofit, preservando suas características originais.

O governo oferece condicionantes para a construção interna, possibilitando o aumento do espaço ou altura do empreendimento, redução de impostos e melhor eficiência energética. Ao fazer isso, ambientes que poderiam seguir fechados e inutilizados dão mais vida e belezas às ruas e traz movimento para os centros históricos.

O segredo para o funcionamento dessas áreas é um planejamento feito para os moradores da cidade e não apenas para o fortalecimento do turismo. Apesar da importância de atrair visitantes, é preciso que os centros históricos tenham vida útil em qualquer época do ano, através de teatros, salas de cinema, bares e restaurantes, igrejas, museus, repartições públicas, universidades, além de contemplar  serviços, tais como clínicas e lojas.

Aqui em Salvador, por exemplo, é comum encontrarmos grandes casarões sem uso e estabelecimentos fechados à noite ou nos finais de semana, quando poderiam ser melhor aproveitados. Revitalizar centros históricos e investir em iluminação, segurança e programação cultural influencia na sensação de bem-estar dos próprios moradores e frequentadores dos espaços, movimentando a economia.

Para essa logística funcionar, é preciso sinergia entre os órgãos públicos e empresários que aceitarem o desafio de investir nesses espaços. Manter a tradição e a história é fundamental, assim como torná-las acessíveis, arrojadas e mais atrativas, fazendo com que o centro histórico seja pulsante e vivo, assim como o nosso povo.

Outro movimento forte que tem acontecido em grandes metrópoles como Chicago, Nova York, Toronto e Sydney e que devemos nos inspirar cada vez mais é a adaptação às novas formas de moradia. É importante estar atento às mudanças comportamentais e novas configurações familiares, à praticidade das coisas, à facilidade em encontrar tudo o que precisa ao seu entorno e até mesmo no movimento de compartilhar espaços de moradia ou trabalho.

Investir em melhorias na infraestrutura, embelezamento da cidade e revitalização e fortalecimento da sua história é mais uma forma de contribuir com a cultura, o crescimento da economia, a geração de emprego e renda, fazendo com que o desenvolvimento aconteça de forma contínua e eficiente.

*É presidente da Ademi-Ba