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Bruno Wendel
Publicado em 28 de setembro de 2018 às 13:58
- Atualizado há 2 anos
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) anunciou nesta quinta-feira (27) o reforço do policiamento no complexo do Nordeste de Amaralina, com a chegada à Bahia do traficante Antônio Caíque Santos Correia, 24 anos, um dos integrantes da facção Comando da Paz (CP), preso em São Paulo no dia 6 deste mês. No entanto, o CORREIO percorreu as principais vias da região e não encontrou uma viatura sequer. Moradores e comerciantes também não viram policiamento.>
A mando de Joseval Bandeira, o Val Bandeira, uma das lideranças da facção, Caíque comandava todos os 'bondes' do bando no Complexo do Nordeste de Amaralina – formando pelos bairros de Nordeste de Amaralina, Santa Cruz, Vale das Pedrinhas e Chapada do Rio Vermelho. Caíque desembarcou em Salvador na quarta-feira (26), vindo de São Paulo, onde foi preso dia 6 (Foto: Alberto Maraux/SSP) Ex-integrante do Baralho do Crime, Caíque é acusado de pelo menos 25 assassinatos, entre eles a execução do cabo Gustavo Gonzaga da Silva, 44, em junho deste ano. A ele também é atribuída a participação no triplo homicídio que teve como vítimas três seguranças que trabalhavam em um ensaio da banda Harmonia do Samba, em fevereiro do ano passado. >
Em um vídeo de dezembro do ano passado, o traficante aparece no Areal, localidade da Santa Cruz, no comando de uma festa de paredão. Ele usa tranças e um boné e exibe uma pistola: >
Sem reforço Em nota enviada ontem à imprensa, a SSP informou que “equipes da Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Federal realizam diligências, no Nordeste de Amaralina, em busca de outros traficantes da mesma facção. O patrulhamento na região está reforçado”.>
Na coletiva de apresentação de Caíque, também na quinta, o coronel Humberto Costa Sturaro Filho, comandante do Policiamento Especializado da Polícia Militar da Bahia endossou a informação dada pela SSP. “O policiamento segue reforçado pelo Batalhão de Choque no Nordeste e não há previsão para sair de lá”, declarou. >
No entanto o CORREIO percorreu por duas horas – das 9h até 11h – as vias principais do Complexo e não encontrou nenhuma viatura. A equipe circulou nas ruas Reinaldo de Matos e Marcílio Dias, além da Ladeira da Mangueira, do Nordeste, e não encontrou movimentação de policiais ou viaturas. Dono de um mercadinho na Rua Alto da Alegria, Mário dos Santos Costa, 54, abriu o estabelecimento às 6h. “Se eu dizer que vi alguma viatura passar por aqui, estarei mentindo”, declarou. >
Na Santa Cruz, a equipe do CORREIO chegou à Rua Pará, via de acesso ao Boqueirão, uma das localidades mais violentas do complexo e reduto dos principais nomes da CP. “Se tem viatura na região, não passou por aqui”, disse uma dona de casa enquanto estendia roupas no varal. >
Ainda na Santa Cruz, a equipe seguiu pela Rua Vittorio Rossi e Avenida Nova República. Na Rua do Futuro, fundos do Parque da Cidade, duas viaturas: uma estacionada na porta da Base Comunitária e outra no pé da ladeira que interditava a via para um evento infantil na comunidade.>
Na Rua Onde de Novembro, que dá acesso ao final de linha do bairro, moradores disseram que não virem nenhum reforço. “Normalmente quando eles dizem que reforçam a área, tem polícia para todos os lados, as viaturas ficam paradas aqui no final de linha, os policiais seguem abordando as pessoas. Mas até agora não vi nada. E o reforço é necessário, porque do jeito que as coisas estão aqui...”, disse uma senhora que vende doces na porta de salão. Ela chega 5h para trabalhar e era 10h quando foi entrevistada pelo CORREIO. >
Posicionamento A situação foi a mesma no Vale das Pedrinhas. Na avenida que leva o mesmo nome do bairro, ninguém viu uma viatura sequer. “Não. Passou nada por aqui. Chego cedo para vender lanches aos motoristas”, disse uma ambulante. Nas Rua São Pedro e Rua Esperança, ambas na Chapada do Rio Vermelho, a ausência do reforço foi sentida pela comunidade local.>
“E realmente é preciso. Tudo que acontece lá (Santa Cruz) acaba refletindo sempre aqui. Infelizmente, será preciso acontecer o pior para a polícia estar aqui”, finalizou um morador. >
O CORREIO procurou novamente a assessoria de comunicação da SSP-BA que manteve o posicionamento de quinta-feira, respondendo que “o policiamento segue reforçado”, sem contudo informar quais os pontos do reforço policial: “não passaremos informações estratégicas”. >