Vigarice estrutural no futebol

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  • Paulo Leandro

Publicado em 18 de maio de 2022 às 05:00

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Contratar, contratar, contratar... bom para o jogador (ruína), o empresário (sagaz), o divulgador (cúmplice), fora a ponta dos invisíveis e clandestinos. Se não der certo, haverá sempre outro clube generoso o suficiente para acolher o perna de pau com nome bonito feito artista de Hollywood.

Esta inclinação gregária tão humana produz tirania, basta verificar no nosso cotidiano, bem pertinho de nós. Importante é combinar tudo antes da “assembleia” pra não ter erro e contar com o “apoio” do conselho fiscal. Bota a culpa nos gatos e cada qual tire sua ponta!

Fala-se muito em machismo estrutural, misoginia estrutural, racismo estrutural, mas o pior mesmo é a vigarice estrutural. Juntou dois brasileiros, um já quer passar a perna no outro. Até em situação de rua, rola treta para ver quem controla os papelões na hora de dormir e as marmitas dos crentes. 

Algo estranho ocorre com o futebol, com tantas premiações vultosas, a torcida não precisa nem ir ao estádio pois o canal fechado quer vender e o resultado é a programação de jogos em dias e horários os mais difíceis para o torcedor.

Encolheram os estádios e podaram a força simbólica, política, cultural e econômica das torcidas. Só se fala no pix a ser transferido, não há o menor vestígio de senso crítico para questionar a vigarice estrutural.

Com a mesma lógica dos condomínios de pobres, em relação à mão de obra de porteiros, o canibalismo esganou os campeonatos estaduais destruindo um mercado de trabalho; falimos os “pequenos” cuja oferta de emprego era sustento de famílias e mecanismo de revelação de craques.

O modelo atual é a mais escandalosa fraude. Contrata-se artilheiro incapaz de fazer gol! No topo da hierarquia de ações, movimentar as finanças está muito acima do trabalho sério de lapidação de talentos. E quem não gosta de um dinheirinho, diga aí! Honesto só se lenha.

E quantos dígitos cabem nestas transações! Parece mentira o quanto se paga por jogadores meia-boca, cumpridores de ordens de professores muitos dos quais desconhecem até mesmo a esfericidade da bola.

O futebol tem esta força econômica toda ou virou lavanderia de alcance mundial para deixar tudo limpinho e cheiroso? Só eu, o paranoico, acho muito estranho estas transações de zilhões envolvendo jogadores medíocres: até para editar os melhores momentos de um jogo é difícil. É muito cai-cai e há quem não saiba nem tirar um lateral! Falta quem ensine.

O juizão perdeu sua autoridade, enfraquecido pela tecnologia do VAR, legitimando ou alterando os resultados a depender da orientação, pois as máquinas também são operadas por juízes. Ainda pode piorar se os clubes passarem a ser propriedades de magnatas (SAF) e um novo golpe de estado for bem sucedido (Libra).

Em breve, o mercado vai combinar previamente os resultados, a depender da torcida capaz de pagar mais: as empresas de apostadores já estão em campo. Os fortes ficarão mais fortes, muitos países filiados à ONU não têm o orçamento destinado a este subitamente rentável esporte.

Estamos dominados por pessoas doentes, vão se tratar! O futebol será destruído em pouco tempo, podem apostar. As crianças de hoje já não se interessam como antes e não há confiabilidade se a vigarice é estrutural.

Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade