Vigilantes da Ufba fazem protesto em frente à Reitoria

Categoria decidiu parar por tempo indeterminado em assembleia realizada na terça-feira (27)

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  • Eduardo Dias

Publicado em 28 de agosto de 2019 às 11:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor

Um dia após decidirem parar por tempo indeterminado, cerca de 60 vigilantes terceirizados da Universidade Federal da Bahia (Ufba) realizaram, na manhã desta quarta-feira (28), uma manifestação em frente ao prédio da Reitoria, no Canela.

O protesto foi contra a suspensão do contrato de licitação da empresa que presta serviços à instituição, marcado para esta quinta-feira (29). A Ufba tem uma dívida de cerca de R$ 15 milhões com a empresa MAP, responsável pelo serviço de segurança dos campi.

Segundo a empresa, o valor é referente a 12 meses de atrasos. Com os problemas do pagamento, a MAP deu entrada no rito processual para suspensão das atividades no dia 16 de agosto. 

Com a greve dos vigilantes, a rotina na universidade já sofre alterações. Algumas unidades suspenderam as aulas à noite e o restaurante universitário recuou o horário de funcionamento por conta da segurança.

Com a possibilidade de suspensão do contrato por parte da empresa, os funcionários ficarão sem trabalhar por um período de 180 dias, sem o direito aos benefícios como vale-refeição e vale-transporte. 

De acordo com o secretário-geral do Sindicato dos Vigilantes (Sindvigilantes), Cláudio Santos, mesmo com as atividades paralisadas, a categoria resolveu realizar um protesto em frente à Reitoria para tentar forçar uma negociação da instituição com o governo federal.

"Estamos fazendo uma das atividades propostas pelo sindicato na porta da Reitoria com a distribuição de material informativo, tentando forçar um diálogo, uma conversa, mas a nossa perspectiva para hoje é ocupar as ruas da cidade. Vamos marchar para o Centro, para a porta da prefeitura depois daqui", afirmou.

Ainda segundo o secretário, a categoria irá pedir apoio aos parlamentares municipais para auxiliá-los nas negociações com a Ufba. "Nos entendemos que há uma articulação em determinado momento, vamos pressionar os parlamentares municipais também e estadual para que possam nos ajudar. Nosso presidente Boaventura ainda está em Brasília tentando resolver com os parlamentares baianos e nordestinos para ajudar na resolução disso", disse.

"É uma paralisação com ações contundentes nas ruas, não vamos ficar em casa como propõe a empresa com a suspensão do contrato. Nós propomos, inclusive, o pagamento direto aos funcionários para que possamos manter a funcionalidade da Universidade."

No início da tarde, a Ufba anunciou o pagamento de parte da dívida. 

'Apreensivos' O CORREIO circulou pelo campus de Ondina, maior da Ufba, na manhã desta quarta-feira (28), e não notou a presença de vigilância ou Polícia Militar, já que havia uma solicitação de apoio da PM por parte da universidade. Alguns estudantes disseram que estão se sentindo "apreensivos", e comemoraram o fato de estudarem de manhã.

Músico, o estudante de Produção Cultural Di Cerqueira, 27 anos, disse que a sensação de insegurança começa desde o entorno da comunidade acadêmica."A gente tem passado por um momento de sucateamento da universidade pública, com cortes de verbas irregulares e irresponsáveis e isso tem desencadeado cada vez mais questão que vão prejudicar ainda mais o funcionamento da Ufba, a exemplo dessa greve. É algo que deixa a inseguraça mais agravante", considera.No mesmo campus, o estudante de Letras Esteban Rodrigues, 22, também comentou sob a perspectiva de quem precisa assistir às aulas mesmo sem garantia dos vigilantes. "A sensação é de apreensão, de modo geral. Ninguém está se sentindo seguro com essa situação estabelecida", se limitou a dizer.

Outros estudantes, que preferiram não se identificar, concordaram com os colegas: "Compreendemos que os trabalhadores, os vigilantes, precisam honrar seus compromissos financeiros e por isso eles trabalham, então há a necessidade de apontar não só para eles, mas para a raiz do problema, que está nas determinações de cortes que vêm do Ministério da Educação (MEC)", comentou outra aluna.

O CORREIO voltou a procurar o MEC nesta quarta, mas ainda aguarda posicionamento. Ontem, em nota, a pasta informou que está articulando com Ministério da Economia a possibilidade de ampliação dos "limites de empenho e movimentação financeira" destinado às universidades.

Confira nota na íntegra:"Na expectativa de uma evolução positiva nos indicadores fiscais do governo, o MEC vem articulando com o Ministério da Economia a possibilidade de ampliação dos limites de empenho e movimentação financeira a fim de cumprir todas as metas estabelecidas na legislação para a Pasta. Caso o cenário econômico apresente evolução positiva neste segundo semestre, os valores bloqueados serão reavaliados".

*Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro