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Wendel de Novais
Publicado em 22 de abril de 2021 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Toda vez que chove forte é a mesma agonia na Rua Adalice B. Fonseca, no Loteamento Pouso Alegre, em Lauro de Freitas. A rua, que está em uma área baixa, fica alagada por conta do entupimento do esgoto, da água de um rio que passa por uma manilha que transborda em dias chuvosos e do escoamento da chuva de outras ruas que ficam na parte de cima do loteamento. Mais do que isso: a água que invade a rua também entra nas residências e provoca estragos. Um problema que aconteceu de novo nesta terça-feira (20), quando o pluviômetro de Itinga registrou um acumulado de 50,95 milímetros entre 13h e 14h.>
De acordo com a Defesa Civil de Lauro de Freitas, não há registro, nos últimos anos, de um volume de chuva tão grande em um curto espaço de tempo na região e tudo que choveu ontem era o esperado para todo o mês de abril. No entanto, os moradores afirmam que não é preciso chegar a tanto para que água invada as casas. Para eles, qualquer chuva mais forte é sinônimo de dor de cabeça. É o que garante a educadora Rosângela das Neves, 46 anos, que vive na rua há mais de 40 anos. "Caiu uma chuva mais forte, vai entrar água, isso é certeza. Qualquer chuvinha já alaga a rua e é só ser um pouco mais intensa que entra pra dentro de casa. Por isso, vivemos com os móveis suspensos. Os meus estão em cima de blocos", conta.>
Bens perdidos Assim como boa parte dos moradores na rua, Rosângela precisou fazer alterações estruturais na casa, instalando batentes mais altos na entrada para impedir que a água entre, o que nem sempre é possível. Alterações que custam alto e se somam aos prejuízos com a perda de móveis. "Já perdi estante, sofá, armário de cozinha, geladeira. Tanta coisa que fica difícil até de lembrar. Ao todo, gastei, pelo menos, uns R$ 6 mil na reposição de móveis e material de construção para suspender a entrada pra evitar que a água invada. Hoje, não posso ter nada de valor em casa por isso", diz Rosângela. Móveis da casa de Rosângela precisam ficar em cima de blocos (Foto: Nara Gentil/CORREIO) A situação é bem parecida para Gildete Braga, 73, aposentada que precisou instalar muros no portão da garagem e na entrada de casa para evitar que a água entrasse, mas, mesmo assim, não conseguiu evitar os prejuízos. "Perdi cama, sofá, a geladeira queimou, a água tá acabando com a minha estante na sala. Isso vem de anos, fica difícil pra gente porque não temos dinheiro pra comprar outros móveis. Perdemos tudo, você pode entrar na minha casa e vai ver que não tem quase nada por conta desses prejuízos", fala.>
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O barman Jean Carlos Brito, 32, também vive na Rua Adalice B. Fonseca e passa aperto regularmente por conta das chuvas. Na terça, ele e a esposa, que está grávida, tiveram que lidar com mais um dia em que viram a água entrar em casa e fazer estrago. "Toda vez que chove é assim. Parece que toda água da Itinga desce pra cá. Os rios não têm drenagem e aí enche e deságua. E isso causa vários transtornos pra gente. Tô lá com meu guarda-roupa que não fecha, minha estante estragada. Moro aqui há seis anos e, em todo esse tempo, a gente fica nessa batalha perdendo as coisas", lembra. Toda chuva faz rio transbordar na Rua Adalice B.Fonseca (Foto: Nara Gentil/CORREIO) Resposta da Prefeitura A reportagem procurou a prefeitura de Lauro de Freitas para entender o porquê dos problemas crônicos na região e saber se há alguma intervenção programada para o local. Sobre os alagamentos, a gestão municipal indicou um problema na calha do Rio Goró, que passa perto da rua, e a localização das residências. "Há vários fatores que contribuem para os alagamentos recorrentes na rua. Um deles é o estreitamento da calha do rio Goró pelas construções. Os imóveis foram erguidos ao longo dos anos, de forma clandestina, sobre o rio, com aterro de margens, o que pode ser facilmente verificado em imagens aéreas", explicou em nota.>
A prefeitura não mencionou a possibilidade de uma obra de intervenção, mas salientou que, no local, atua com ações de manutenção que tentam sanar o problema. "Na segunda-feira (19), a rua Adalice, assim como outras vias próximas ao Rio Goró, receberam a equipe de manutenção da Secretaria Municipal de Infraestrutura, que fizeram o desentupimento da rede de drenagem. A via também está contemplada no contrato do PAC Itinga para obras de manutenção do asfalto e revitalização da rede de drenagem", conclui.>
*Sob supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro>